Terça-feira, 13 de maio de 2025
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O falecimento de Papa Francisco naturalmente suscita um sentimento de luto e reflexão entre os milhões de católicos e católicas ao redor do mundo, para quem sua figura representou uma liderança espiritual e um ponto de referência em sua fé. Reconhecer a legitimidade desse sentimento e expressar condolências aos fiéis é um dever a ser manifestado de forma gentil e genuína. Entretanto, desde o início desta análise, é importante estabelecermos uma distinção clara entre a figura individual de Francisco e a instituição que ele liderava.

A fé pessoal e a relação íntima dos indivíduos com sua religião merecem o mais profundo respeito, assim como uma visão crítica das estruturas de poder e das doutrinas que moldam as instituições religiosas também merecem respeito, o que é essencial para um debate público honesto e qualificado. Ao me dirigir aos fiéis católicos neste momento, proponho um diálogo que equilibre o reconhecimento de sua dor com uma avaliação rigorosa do papel histórico e social da Igreja Católica e do Vaticano. Algo mais produtivo do que um silêncio complacente ou uma crítica destrutiva.

A tensão entre um discurso voltado à justiça social e a manutenção de dogmas conservadores em temas de gênero e sexualidade revela as contradições do legado de Papa Francisco. (Foto: Malacañang Photo Bureau / Wikimedia Commons)
A tensão entre um discurso voltado à justiça social e a manutenção de dogmas conservadores em temas de gênero e sexualidade revela as contradições do legado de Papa Francisco.
(Foto: Malacañang Photo Bureau / Wikimedia Commons)

É possível expressar condolências sinceras pela perda de Papa Francisco sem, contudo, aderir a uma análise superficial, apenas conjuntural, renunciando à análise crítica das posições doutrinárias e do legado histórico da instituição em debate. Compreender a profunda conexão pessoal que muitos fiéis estabeleceram com Papa Francisco, independentemente das posições reacionárias e inúmeras controvérsias em torno da instituição que ele representava, pode abrir caminho para uma discussão mais construtiva e empática, que reconheça a humanidade da perda, ao mesmo tempo em que prepara o terreno para o necessário debate dos temas subsequentes.

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A Essência Subversiva de Jesus em contraste com a Instituição

“Me acusan de rebelde, agitador y revolucionario, por no pensar lo mismo y decirlo, que los que abusan de mi gente a diario” (Callejeros)

A figura de Jesus Cristo, tal como emerge dos evangelhos, irradia uma mensagem reconfortante de amor incondicional e profunda compaixão, especialmente direcionada aos marginalizados e oprimidos de sua época. Sua prática e seus ensinamentos confrontavam diretamente a hipocrisia e o apego ao poder por parte das autoridades públicas religiosas e políticas estabelecidas, pregando um reino espiritual que transcendia as estruturas terrenas. Jesus derrubou máscaras, desfez farsas e revelou o cinismo de todos, o que o levou a ser crucificado em região sob domínio do Império Romano, hoje território palestino também sob violenta ocupação. Essa essência disruptiva de sua mensagem encontra eco em vozes contemporâneas que também desafiam o status quo de sistemas injustos.

Assim como na canção “Rebelde, agitador y revolucionario”, composição do grupo argentino de rock em homenagem a Jesus Cristo, os contundentes versos de Racionais MC’s em “Capítulo 4, Versículo 3” – “vim pra sabotar seu raciocínio, vim pra abalar seu sistema nervoso e sanguíneo” – embora no contexto da canção se refiram à atuação do grupo como agente de transformação nas periferias brasileiras, ressoam com os valores e a essência da figura de influência planetária que abalou as convenções de seu tempo há mais de 2000 anos. Essa natureza disruptiva e focada nos marginalizados, em muitos aspectos, contrasta com a trajetória histórica da Igreja Católica e a atuação do Vaticano ao longo dos séculos.

Também a perspectiva de Jesus como um agente de transformação social e espiritual radical não é exclusiva do pensamento ocidental. No Oriente, figuras como Paramahansa Yogananda, em sua obra “A Segunda Vinda de Cristo”, apresentam Jesus Cristo como um mestre iluminado cuja consciência cósmica e ensinamentos transcendem as interpretações dogmáticas ocidentais. A visão hindu, particularmente em centros espiritualistas como os de Rishikesh, integra Jesus ao panteão de grandes mestres espirituais, vendo-o como um yogi que ensinou a união com o divino através do amor e da meditação.

A perspectiva oriental enfatiza a experiência da comunhão direta com Deus ou com a noção de “divino”, sem intermediários como a figura institucional de um pontífice, priorizando a busca interior e a universalidade da mensagem de acolhimento e amor, elementos que se contrapõem à ênfase institucional em dogmas e rígidos protocolos litúrgicos. A institucionalização da fé cristã, embora tenha disseminado a mensagem dos Evangelhos, também envolveu a formulação de dogmas e a criação de hierarquias rígidas baseadas em dogmas, as quais se distanciaram da radicalidade do ensinamento original e da experiência espiritual direta enfatizada em outras tradições orientais.

A análise crítica dessa separação não busca desmerecer a fé cristã individual. Mas, sim, examinar como as estruturas de poder religiosas e as interpretações teológicas moldaram a Igreja Católica e a instituição Vaticano, obscurecendo a essência subversiva e universal da figura central do cristianismo.

Madalena: entre o estigma e a ressurreição, um arquétipo feminino através da História da Fé

A figura de Maria Madalena emerge dos Evangelhos como testemunha primordial da ressurreição, um papel central que, paradoxalmente, coexistiu com uma tradição posterior que a associou à pecadora anônima, marcando-a com o estigma do pecado. Essa construção histórica, consolidada a partir do século VI, obscureceu sua importância inicial e ecoou em narrativas posteriores de mulheres que desafiaram as normas religiosas e sociais, sendo frequentemente marginalizadas ou demonizadas. A própria história do cristianismo, no entanto, preserva outras perspectivas, como evidenciado em “Evangelhos Apócrifos“, retratando Maria Madalena como uma discípula com profundo conhecimento espiritual e atestando a multiplicidade de interpretações sobre o seu papel histórico.

Essa dinâmica de poder eclesiástico que moldou a imagem de Madalena encontra paralelos em outros arquétipos femininos através da história e de diferentes culturas religiosas. E aqui temos outra Maria: “Foi condenada pela lei da Inquisição, para ser queimada viva, Sexta-feira da Paixão”. A figura de Maria Padilha, entidade reverenciada em religiões afro-brasileiras, personifica a força, a sexualidade e a capacidade de transitar entre dimensões terrenas e espirituais, simbolizando a dualidade da “energia feminina”, que ora é exaltada, ora temida e controlada.

A história da Inquisição, um período sombrio que deve sempre ser lembrado, ilustra os perigos da demonização das mulheres, ao passo que figuras como a lendária Papisa Joana, e a santa Joana D’Arc, revelam a tensão histórica entre o reconhecimento da liderança feminina e a resistência a ela dentro das estruturas religiosas, militares e políticas de poder. A obra “Calibã e a Bruxa”, de Silvia Federici, oferece uma lente para compreender como a demonização da mulher independente se entrelaçou à consolidação de sistemas de poder patriarcais, sendo também arsenal teórico poderoso para um melhor entendimento das causas pelas quais a imagem de Maria Madalena foi cristalizada, no curso da história da humanidade, como pecadora arrependida, figura secundária e submissa.

Embora a elevação de sua memória litúrgica à festa em 2016, durante o pontificado de Francisco, represente um esforço contemporâneo da Igreja Católica no sentido de resgatar a sua centralidade como “Apóstola dos Apóstolos”, corrigindo assim interpretações que a confinaram a um papel secundário e reconhecendo a importância de revisitar as narrativas bíblicas com uma sensibilidade renovada, é importante notar o assombroso período de tempo que o Vaticano levou para efetivar esse simples gesto litúrgico.

Versos musicais transgressores de artistas como Rita Lee, por exemplo, que celebram a autonomia e o prazer femininos, ressoam com a figura de uma Madalena que, em sua época, rompeu com as convenções sociais para caminhar ao lado de Jesus Cristo. Ao imbricarmos essas diversas camadas históricas, culturais e teológicas, podemos construir uma compreensão mais rica e matizada da figura de Maria Madalena, reconhecendo tanto o peso do estigma que a acompanhou, quanto a sua importância fundamental como testemunha da ressurreição.

A busca pela verdade dentro da fé cristã implica em desvendar as múltiplas camadas de interpretação que moldaram nossa compreensão das figuras bíblicas ao longo dos tempos e, principalmente, sobre as figuras de Jesus Cristo e Maria Madalena. No lugar de apenas um “panfleto político”, ou dp seguidismo acrítico de dogmas seculares, esta análise busca promover um diálogo construtivo sobre a história da Igreja e o papel das mulheres dentro da tradição cristã e do sincretismo religioso brasileiro, convidando a uma reflexão que reconheça a diversidade de vozes e perspectivas.

O legado dialético de Francisco: entre a “Igreja dos pobres” e as fronteiras do conservadorismo

O argentino Jorge Mario Bergoglio ascendeu ao papado carregando consigo a promessa de uma “Igreja pobre para os pobres”, uma visão que reverberou em um mundo marcado por desigualdades econômicas e sociais gritantes. Seu pontificado foi inegavelmente marcado por gestos e discursos que denunciavam a injustiça social, o consumismo desenfreado e a indiferença diante do sofrimento dos marginalizados. Sua crítica ao sistema econômico global, a defesa dos migrantes e refugiados e a ênfase na misericórdia como cerne da mensagem evangélica renderam a Francisco a imagem de um líder preocupado com as periferias geográficas do planeta.

Entretanto, para um reconhecimento da totalidade de seu legado, não podemos nos restringir apenas às facetas com as quais concordamos. Uma perspectiva dialética nos obriga a confrontar essa “Igreja dos pobres” com as fronteiras ideológicas que persistiram em seu pontificado, especialmente em relação aos direitos das mulheres, adolescentes e crianças, os setores mais vulneráveis da população trabalhadora e pobre. Em questões como o direito ao aborto, mesmo em casos de violência sexual ou risco à vida da mulher, a posição da Igreja sob Francisco manteve-se firmemente conservadora, perpetuando um dogma que impacta desproporcionalmente as mulheres e meninas pobres, sem acesso a alternativas seguras e legais. E que, em assustador número, são vítimas diretas de violência doméstica e sexual.

Da mesma forma, embora Francisco tenha demonstrado preocupação com a questão dos abusos sexuais dentro da Igreja, reconhecendo a dor das vítimas e implementando algumas medidas de responsabilização, a luta contra o acobertamento e a implementação de políticas de tolerância zero ainda enfrentam resistência poderosa dentro da instituição. Para as mulheres e crianças vítimas de abuso em círculos religiosos católicos, muitas vezes em contextos de vulnerabilidade social, a persistência da cultura do sigilo e a lentidão na justiça representam uma continuidade de sofrimento e impunidade.

Outras questões, como a abertura ao debate sobre a ordenação de mulheres ou uma revisão das posições da Igreja em relação à contracepção, que impactam diretamente a vida e a autonomia das mulheres pobres, também não tiveram avanços significativos durante o seu pontificado. Essa tensão entre um discurso voltado à justiça social e a manutenção de dogmas conservadores em temas de gênero e sexualidade revela as contradições do legado de Papa Francisco.

Apesar de sua notável disposição em dialogar com movimentos sociais que lutam por justiça social e inclusão, essa abertura não se traduziu em uma revisão das posições doutrinárias da Igreja em temas de gênero e sexualidade. Movimentos como o “Católicas pelo Direito de Decidir”, que debate a autonomia das mulheres em questões reprodutivas dentro da própria fé católica, continuaram a enfrentar a rigidez das normas e a falta de diálogo por parte da hierarquia. De forma similar, a população LGBTQIA+, embora presente em grande número na sociedade e também organizada em movimentos sociais em busca de direitos e reconhecimento, frequentemente se sente mais acolhida e encontra maior espaço de diálogo e aceitação em religiões de matriz africana, em contraste com a postura distante e normativa da Igreja Católica em relação às suas demandas.

Essa seletividade no diálogo revela uma das tensões centrais do legado de Francisco: a proximidade com os pobres e marginalizados, lado a lado com a manutenção de dogmas que impactam diretamente a vida e a liberdade desses mesmos grupos. Ao reconhecer a sinceridade de seu apelo por uma Igreja mais engajada com os pobres, é fundamental também analisar criticamente as áreas em que seu conservadorismo doutrinário limitou o avanço de direitos essenciais para as populações mais vulneráveis, com especial destaque para as mulheres, adolescentes e crianças. Essa abordagem dialética permite uma avaliação mais completa e honesta da extensão de seu impacto, reconhecendo seus méritos sem ignorar as persistentes barreiras que seu pontificado não conseguiu transpor.

Vaticano e América Latina 

A história da Igreja Católica na América Latina carrega as marcas da expansão colonial, um período em que a fé cristã foi utilizada como instrumento de dominação colonialista. A chegada da Igreja ao território que a banda de reggae gaúcha, Produto Nacional, evoca poeticamente como “chegar ao planeta tupi-guarani”, no disco “A Mão do Justo” (2002), acompanhou um período de violência bruta e violências símbolicas contra os povos originários, incluindo a supressão de sua espiritualidade ritualística. A fé cristã, trazida em conjunto com os interesses dos colonizadores, estabeleceu-se em um contexto de subjugação, gerando, ao longo dos séculos, questionamentos sobre o papel da instituição religiosa nas dinâmicas de poder do continente. Esse conflito histórico entre o centro do poder católico europeu, e as realidades latino-americanas, reverberam em diferentes vozes críticas até os dias atuais. Não por acaso, a banda porto-riquenha Calle 13, em “Calma Pueblo”, não deixa margem para dúvida em sua crítica mais que legítima: “La mafia más grande vive en el Vaticano”.

Por outro lado, a história da Igreja Católica na América Latina também é rica em movimentos que buscaram uma leitura social engajada do evangelho. A Teologia da Libertação, por exemplo, surgiu como uma corrente de pensamento que propunha uma fé a partir da perspectiva dos oprimidos, influenciando a luta por justiça social e encontrando ressonância no anseio por laços de solidariedade e espírito comunitário. A música “Lá no Gueto”, também do disco “A Mão do Justo”, evoca valores semelhantes, quando expressa em seus versos: “Tem um cara lá no morro, na favela, lá no gueto. Ele anda pelos becos, apertando a mão dos pretos, nos chamando de irmãos”. Essa busca por uma espiritualidade autêntica e socialmente ativa, que se conecta com a experiência concreta do povo brasileiro e combina nuances inter-religiosas e inter-regionais, pode também ser sentida na delicadeza dos versos de “Romaria”, composição de Renato Teixeira imortalizada na voz de Elis Regina: “Como eu não sei rezar, só queria mostrar o meu olhar”.

A busca por uma fé autêntica, relevante e expressiva também se manifesta nas diversas formas de expressão da religiosidade popular na América Latina e, em particular, no caso brasileiro. Incluindo a maneira como comunidades historicamente excluídas, oprimidas, ressignificam o cristianismo. Um debate fascinante e que merece uma análise aprofundada, mas em outra proposta de texto, direcionada ao público evangélico e à luz das resistências políticas, culturais e referências artísticas (incluindo música gospel) dos guetos negros nos Estados Unidos do século XX.

Voltando ao caso do catolicismo na América Latina. Fato é que a ascensão de Papa Francisco, o primeiro pontífice latino-americano, nesse cenário tão diverso, representou um momento significativo. Sua formação marcada pela Teologia da Libertação e seu consistente discurso em favor dos mais pobres representou enorme esperança para milhares de fiéis católicos e católicas. A esperança de que haveria um novo olhar do Vaticano sobre os oprimidos da América Latina. Contudo, ao final de seu pontificado, ficam claros os limites dessa instituição religiosa secular.

Entre a continuidade e a urgência da transformação

A morte de Papa Francisco encerra um capítulo na história recente do Vaticano e da Igreja Católica. Sua trajetória, marcada por um discurso em prol dos pobres e marginalizados, representou uma lufada de esperança para muitos, especialmente na América Latina, um continente marcado pela desigualdade e pela memória de uma evangelização atrelada ao poder colonial.

Entretanto, como explorado até aqui, seu legado dialético revela as tensões entre essa “Igreja dos pobres” e a manutenção de dogmas seculares que impactam diretamente a vida e a autonomia das mulheres e das minorias das classes populares. Nesse contexto, as declarações do presidente argentino Javier Milei, elogiando o posicionamento de Francisco contra a legalização do aborto, expõem uma desconcertante, ainda que previsível, convergência ideológica entre a extrema-direita contemporânea e o conservadorismo arraigado da instituição Vaticano em temas de gênero e direitos reprodutivos.

Por mais oportunista que seja o elogio do líder político argentino, presidente reconhecido por tantos retrocessos em direitos, fato é que ele sublinha a persistência de uma visão que subordina a autonomia feminina a preceitos doutrinários inflexíveis. As entrevistas recentes, veiculadas em importantes veículos da imprensa brasileira como o Estadão e a Folha de S.Paulo, ecoam uma expectativa de “continuísmo” para o próximo pontificado, ao mesmo tempo em que sinalizam a necessidade de o futuro Papa dirigir sua mensagem “à mulher de hoje”.

Essa formulação, aparentemente simples, encerra um desafio profundo. Se o novo líder da Igreja Católica não ousar transpor as fronteiras ideológicas que limitaram o pontificado de Francisco em questões de gênero e sexualidade, dificilmente conseguirá dialogar de forma genuína e relevante com as mulheres do século XXI, cujas vidas e demandas por igualdade e autonomia são cada vez mais urgentes e inadiáveis.

O futuro da relevância do Vaticano no cenário contemporâneo dependerá, crucialmente, da capacidade de seu próximo pontífice: irá além de um discurso de justiça social que, embora louvável, mostrou-se incompleto ao esbarrar em dogmas que perpetuam a desigualdade e o sofrimento entre os mais vulneráveis da população trabalhadora e pobre? Porque para falar “à mulher de hoje”, e a todos aqueles que anseiam por uma Igreja mais inclusiva e alinhada com os desafios de nosso tempo histórico, o próximo Papa terá a árdua tarefa de confrontar legados históricos e tradições doutrinárias, buscando uma renovação que resgate a essência subversiva e universal da mensagem de amor e justiça que marcou a figura de Jesus Cristo – e de Maria Madalena. O tempo dirá se a instituição secular estará à altura dessa urgente transformação.

(*) Paula Ferreira Alves é publicitária e filiado ao PSOL/RS. E-mail: paula.f.alves87@gmail.com