Confrontado com uma rebelião no exército e demonstrações violentas contra o seu governo, Mohammad Reza Pahlavi, o xá do Irã desde 1941, é forçado a fugir do país em 15 de janeiro de 1979. 14 dias depois, o aiatolá Ruhollah Khomeini, líder espiritual da revolução islâmica, regressa de um exílio de 15 anos e assume o comando do Irã.
Em 1941, tropas britânicas e soviéticas ocuparam o Irã, obrigando o xá Pahlavi a abdicar em favor de seu filho, Mohammad Reza. O novo xá prometeu agir como monarca constitucional mas com frequência interferia nos negócios dos governantes eleitos. Depois de uma conspiração de forças de esquerda ter sido desarticulada em 1949, concentrou ainda mais poderes.
No entanto, no início da década de 1950, o xá viu-se eclipsado por Mohammad Mossadegh, um entusiasta nacionalista iraniano que convenceu o parlamento a nacionalizar os imensos interesses da British Petroleum no país.
O xá Reza, que mantinha estreitas relações com a Grã Bretanha e os Estados Unidos opôs-se à decisão. Não obstante, foi obrigado a nomear em 1951 Mossadegh como primeiro-ministro, o que inaugurou dois anos de extrema tensão.
Em agosto de 1953, o xá tentou demitir Mossadegh. O apoio popular ao primeiro-ministro, contudo, era tão grande que o próprio xá foi quem teve de abandonar o país. Alguns dias depois, agentes de inteligência britânicos e norte-americanos orquestraram um impressionante golpe de Estado contra Mossadegh, e o xá pôde voltar e reassumir como único governante do Irã. Revogou a legislação de Mossadegh, devolveu o petróleo às mãos da British Petroleum e tornou-se um fiel aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio nos tempos de Guerra-Fria.
Em 1963, o xá lançou sua “Revolução Branca”, um amplo programa de governo que incluía a reforma agrária, desenvolvimento da infra-estrutura, direito de voto para as mulheres e redução do analfabetismo. Embora esse programa fosse aplaudido por muitos, os líderes islâmicos eram bastante críticos ao que consideravam uma ocidentalização do país.
Ruhollah Khomeini, um clérigo xiita, era o principal porta-voz dessas críticas e passou a defender a derrubada do xá como meio de estabelecimento de um Estado islâmico. Em 1964, Khomeini foi exilado no Iraque, de onde enviava mensagens de rádio conclamando seus seguidores.
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Mohammad Reza Pahlavi, o xá do Irã desde 1941, é forçado a fugir do país em 15 de janeiro de 1979
O xá considerava-se um rei persa e em 1971 patrocinou uma extravagante celebração dos 2500 anos da monarquia persa pré-islâmica. Em 1976, substituiu formalmente o calendário islâmico por um calendário persa. O descontentamento religioso cresceu e o xá tornou-se ainda mais repressivo por meio de sua brutal polícia secreta. Esse comportamento conquistou a antipatia de estudantes e intelectuais fazendo com que o apoio a Khomeini só crescesse.
O descontentamento também imperava entre as classes média e pobre, que perceberam que as medidas econômicas da Revolução Branca só beneficiavam a elite governamental. Em 1978, explodem demonstrações populares nas grandes cidades do Irã.
Em 8 de setembro de 1978, as forças de repressão do xá atiraram num grande grupo de manifestantes, matando centenas e ferindo milhares. Dois meses mais tarde, milhares de manifestantes tomaram as ruas de Teerã, provocando distúrbios e destruindo símbolos da ocidentalização, como bancos e lojas de bebidas alcoólicas. Khomeini conclamou pela imediata derrubada do xá e em 11 de dezembro um grupo de soldados se amotinou, atacando oficiais das forças de segurança do monarca. Esse episódio foi a gota d’água que fez o regime ruir, obrigando o xá a fugir do país.
O xá viajou por diversos países antes de entrar nos Estados Unidos em outubro de 1979 para tratamento médico de seu câncer. Em Teerã, militantes islâmicos responderam em 4 de novembro, invadindo a embaixada de Washington. Com a aprovação de Khomeini, militantes exigiram o retorno do xá para que fosse julgado por seus crimes. Os Estados Unidos recusaram-se a negociar e 52 reféns norte-americanos ficaram retidos por 444 dias. Reza Pahlavi morreu no Egito em julho de 1980.
Outros fatos marcantes nesse dia:
1759 – É inaugurado o Museu Britânico
1943 – Prédio do Pentágono é inaugurado nos EUA
1951 – Ilse Koch é condenada à prisão perpétua
2005 – Morre em Barcelona uma das grandes do canto lírico do século XX