O deputado argentino Federico Fagioli foi detido na noite deste sábado (16/10) ao desembarcar no aeroporto de El Alto, na Bolívia. O parlamentar integra a missão convidada pela presidente do Senado boliviano, Eva Copa, para acompanhar na condição de observadores internacionais as eleições gerais que acontecem neste domingo (18/10) no país.
A denúncia foi feita por Leonardo Grosso, deputado argentino que também integra a delegação. Em publicação no Twitter, o parlamentar divulgou um vídeo em que mostra policiais agredindo Fagioli e um homem que, segundo Grosso, é um diplomata argentino que estava recebendo a delegação no aeroporto. A chancelaria argentina confirmou que o funcionário diplomático é Lucas de María e que ele teve uma crise de asma durante a ação policial.
“Assim nos trata a ditadura de Jeanine Áñez na Bolívia. Mais de 60 soldados armados e sem identificação detiveram ilegalmente o deputado Fagioli e atacaram um diplomata argentino que nos acompanhava”, disse.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, também manifestou seu repúdio ao episódio e responsabilizou o governo da autoproclamada presidente Áñez pela segurança dos observadores internacionais.
“Parlamentares argentinos foram maltratados ao chegar em La Paz para cumprir com suas tarefas de observadore4s das eleições do próximo domingo. É de responsabilidade do governo de facto de Jeanine Áñez preservar a integridade da delegação argentina”, disse o presidente.
Legisladores argentinos fueron maltratados al llegar a La Paz para cumplir con sus tareas de veedores de las elecciones del próximo domingo. Es directa responsabilidad del gobierno de facto de @JeanineAnez preservar la integridad de la delegación argentina.#EleccionesBolivia2020 https://t.co/MiMjt497bj
— Alberto Fernández (@alferdez) October 17, 2020
O candidato à presidência da Bolívia pelo partido Movimento ao Socialismo (MAS), Luis Arce, condenou as ações dos policiais e exigiu respeito aos direitos dos observadores internacionais.
“Condenamos os ataques que o deputado Federico Fagioli recebeu em sua chegada ao país como parte da missão eleitoral que a república irmã da Argentina enviou para acompanhar as eleições da Bolívia de 2020”, disse Arce.
O presidenciável, que é favorito na disputa deste domingo, ainda exigiu que o governo de Áñez “respeite os direitos das pessoas que são parte das delegações e missões internacionais que chegam à Bolívia para acompanhar velar o processo eleitoral”.
Em outro vídeo divulgado por Grosso, policiais colocam, à força, Fagioli dentro de um carro sem identificação. Ao fundo, é possível ouvir gritos que diziam “isso é um sequestro”.
Estamos autorizados por el propio gobierno boliviano para ser veedores internacionales y no nos dejan entrar, nos detienen, nos golpean. Es inentendible lo que está pasando. pic.twitter.com/ElUGp4Z1eo
— Leonardo Grosso (@Leonardo_Grosso) October 17, 2020
Reprodução
Federico Fagioli faz parte da missão convidada pela presidente do Senado boliviano para acompanhar o pleito deste domingo
O Ministério de Relações Exteriores da Argentina também publicou os vídeos divulgados pelo deputado e chamou a detenção de Fagioli de ilegal.
“O governo argentino exige que o governo de facto de Jeanine Áñez se faça responsável pela detenção ilegal do deputado Federico Fagioli que viajou ao Estado Plurinacional da Bolívia em caráter de observador das próximas eleições”, disse a chancelaria.
A coalizão governista da Argentina, Frente de Todos, também se pronunciou sobre a detenção de Fagioli e destacou que a delegação conta “com toda a documentação migratória em regra”.
“Exigimos à ditadura de Jeanine Áñez a imediata libertação do deputado Fagioli, que garanta a segurança dos integrantes da delegação e que permita que realizem a tarefa de verificação eleitoral”, disse.
Em entrevista por telefone ao jornalista Juan Cruz Castiñeras, o vice-ministro de Segurança Interna da Bolívia, Wilson Santamaría, afirmou ainda na noite de sábado que o deputado “não estava creditado” como observador das eleições e que sua detenção serve apenas para “cumprir exigências migratórias”.
“O que temos são comparsas da esquerda, convidados pelo MAS, que também são bem-vindos, mas devem cumprir as regras do país. Os que vem na qualidade de turistas, que é o que acontece com a grande maioria deles, devem fazer turismo”, disse Santamaría.
Entretanto, o documento oficial que comprova a condição de observador internacionais das eleições a Fagioli e a outros parlamentares argentinos foi divulgado por Leonardo Grosso e compartilhado pelo próprio presidente Alberto Fernández. O documento é assinado pela presidente do Senado da Bolívia, Eva Copa.
Fuimos invitados por la Presidenta del Senado de Bolivia, Eva Copa, como veedores de acompañamiento electoral internacional para las elecciones del domingo. Al llegar, pasamos el Aeropuerto de Cochabamba sin ningún problema, pero cuando llegamos a La Paz nos detuvieron. pic.twitter.com/Z8pdZQmwDs
— Leonardo Grosso (@Leonardo_Grosso) October 17, 2020