As mais de 40 mortes registradas durantes as manifestações no Peru como resultado da forte repressão policial aos atos levaram ministro do Trabalho, Eduardo García, a renunciar ao seu cargo, em decisão anunciada nesta sexta-feira (13/01).
O ex-funcionário governamental referendou sua posição com uma carta à presidente Dina Boluarte, na qual ele sugere à ex-chefa que “reconheça os erros cometidos e peça desculpas à nação”.
“Estamos observando um grande número de protestos em diferentes regiões do país, com diferentes bandeiras políticas, mas que sabemos que por trás deles também há reivindicações sociais há muito ignoradas. Também não podemos negar que pode haver motivações obscuras e maliciosas por trás de atos que violam os direitos de outros peruanos”, comentou o ex-ministro em sua missiva.
García acrescenta que “a atenção às demandas sociais não é mais suficiente para o que o país precisa. As tragédias que acabamos de viver demonstram isso”.
Twitter / Eduardo García
Ex-ministro do Trabalho do Peru, Eduardo García, mostra carta de renúncia que escreveu à presidente Dina Boluarte
O ex-ministro também pede à presidente que avalie a possibilidade de mudar seu projeto de antecipação das eleições, para que o pleito aconteça “o antes possível”.
As próximas eleições gerais no Peru estão programadas para abril de 2026. A presidente Boluarte, atendendo à exigência dos manifestantes de antecipar o calendário eleitoral, apresentou uma proposta para que esta seja realizada em abril de 2024, porém, as organizações sociais não ficaram satisfeita com a oferta, já que defendem que estas sejam programadas para o primeiro semestre de 2023.
Segundo o ex-ministro García, “é necessária uma reação mais concreta. A situação pede uma mudança de rumos no país e um avanço nas eleições que não podem mais esperar até abril de 2024”.
Ao terminar a carta, o ex-funcionário fez críticas aos parlamentares peruanos “a polarização em que nos encontramos se reflete nas atitudes de nosso Parlamento, onde a maioria de nossos representantes demonstra como única missão a de aprofundar as contradições, e desse modo não se podem aprovar reformas políticas fundamentais”.