Japão registrou 250 terremotos moderados nos últimos dias
Japão registrou 250 terremotos moderados nos últimos dias
Quatro dias após ser atingido pelo pior terremoto de sua história recente, o território japonês continua sendo sacudido por sucessivos tremores de terra. Só nas primeiras horas de hoje (14/03), o site da agência norte-americana de pesquisa geológica (do inglês USGS) registrou 17 ocorrências acima de 5 graus de magnitude. O maior deles, por volta das 16h local (madrugada no Brasil), atingiu 6,1 graus na escala Richter.
Entre a última sexta-feira (11/03) - quando um terremoto de 9 graus seguido de um tsunami deixou milhares de desaparecidos, um número ainda incerto de mortos e danificou uma usina nuclear - e esta manhã, já foram registrados 249 tremores de mais de 5 graus de magnitude. A maioria deles (118) na própria sexta-feira. Em comparação, na véspera da tragédia, houve apenas cinco ocorrências. A lista é muito maior quando considerados os tremores de menor intensidade.
Segundo o chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UNB), Lucas Vieira Barros, um tremor de magnitude 5 é algo moderado, mas que, dependendo da localização de seu epicentro, pode produzir graves danos. Ainda segundo Barros, os chamados abalos secundários, ou réplicas, são esperados e devem diminuir aos poucos já que as placas rochosas que formam a crosta terrestre - e cujo deslocamento provoca os tremores – tende a se acomodar em um novo ponto de equilíbrio. De acordo Barros, isso reduz as chances de que um novo tremor de igual intensidade ocorra nos próximos dias.
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“Esses abalos são resultado da acomodação das placas tectônicas que continuam deslizando. Quando a placa se quebra para se acomodar é liberada energia na forma de um novo tremor, cuja intensidade tende a diminuir com o tempo, embora seja impossível dizer quanto tempo isso ainda vai acontecer. O sismo do Chile [no início de 2010] continua produzindo réplicas”, explicou Barros à Agência Brasil.
De acordo com Barros, as réplicas, em tese, podem atingir uma magnitude até 1,2 grau menor que o sismo principal. Portanto, segundo ele, no Japão seria possível a ocorrência de um novo terremoto de até 7,6 graus de magnitude, “embora isso seja pouco provável”, pondera Barros. “Dificilmente isso vai acontecer no mesmo local porque as forças que poderiam liberar a energia necessária para que isso ocorra já foram liberadas. Se um outro magnitude semelhante vier a acontecer será em outro local.”
O técnico do Grupo de Sismologia da Universidade de São Paulo (IAG-USP), José Roberto Barbosa, também considera difícil o Japão voltar a ser atingido por um terremoto de igual ou maior magnitude, mas previne que não é possível prever como a natureza irá se comportar. “Dificilmente acontecerá um terremoto maior que este de sexta-feira. E, se acontecer, ele deixará de ser uma réplica para se tornar o tremor principal, enquanto o de sexta-feira passará a ser visto como um terremoto premonitor”, explicou Barros, lembrando que na quarta-feira (9) da semana passada já havia ocorrido um terremoto de 7,2 graus próximo à costa japonesa.
“No Japão, terremotos acontecem o tempo todo. Nos dias que antecederam o que causou toda esta destruição ocorreram uma série de tremores que eles entenderam como natural. Este mesmo de 7,2 assustou as pessoas, mas como não causou nenhum problema, foi interpretado como mais um tremor forte. Ninguém podia imaginar que dois dias depois fosse acontecer um terremoto cem vezes mais potente”, disse Barbosa.
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Elon Musk é processado por acionistas do Twitter
Ação nos EUA acusa bilionário de fazer postagens em redes sociais com objetivo de manipular o mercado
Acionistas do Twitter abriram um processo contra o empresário Elon Musk por manipulação de mercado, acusando o bilionário de agir para baixar o preço das ações da empresa de mídia social a fim de possivelmente negociar um desconto em sua oferta para comprar a companhia ou mesmo abandonar o negócio.
A ação, apresentada na quarta-feira (25/05), alega que o fundador das empresas Tesla e SpaceX fez uma série de declarações públicas destinadas a criar dúvidas sobre o acordo de compra do Twitter, o que vem provocando alvoroço na rede social há semanas.
O processo pede a um tribunal federal de São Francisco que apoie a validade do acordo de compra, no valor de 44 bilhões de dólares, e compense os acionistas por quaisquer danos.
O imbróglio
No fim de abril, o conselho de administração do Twitter aprovou a oferta pública de compra da empresa feita por Musk, que assumiria a companhia integralmente e fecharia seu capital. O Twitter é uma empresa aberta, com ações negociadas em bolsa, desde 2013.
O empresário, que é o homem mais rico do mundo, disse que pretendia pagar aos acionistas 54,20 dólares por ação – o equivalente a cerca de 44 bilhões de dólares.
Mas em 13 de maio, Musk anunciou que suspendeu temporariamente o acordo de compra, citando detalhes pendentes sobre a proporção de contas falsas na rede social.
"O acordo sobre o Twitter está temporariamente suspenso à espera de detalhes pendentes que respaldem o cálculo de que as contas spam/fake representam de fato menos de 5% dos usuários", escreveu o bilionário no próprio Twitter.
Após o anúncio, as ações da plataforma caíram mais de 17%, para 37,10 dólares, o nível mais baixo desde que Musk anunciou que pretendia comprar a rede social.

Dado Ruvic/REUTERS
Com preço das ações mais baixo, Musk poderia negociar um desconto em sua oferta para comprar a empresa ou mesmo abandonar o negócio
De acordo com o processo apresentado nesta semana, o tuíte de Musk dizendo que o negócio estava "temporariamente suspenso" ignora o fato de que não há nada no contrato de compra que permita que isso aconteça.
Além disso, Musk negociou a compra do Twitter no final de abril sem realizar a devida diligência esperada em tais meganegócios, afirma a ação, acrescentando que o contrato precisava apenas ser aprovado pelos acionistas e reguladores do Twitter e deveria ser fechado em 24 de outubro.
"Musk já sabia das contas falsas"
Sobre os motivos alegados por Musk para a suspensão, os acionistas argumentam que o bilionário estava ciente de que algumas contas do Twitter eram controladas por robôs, e não por pessoas reais, e até tuitou sobre isso antes de fazer sua oferta para comprar a empresa.
"Musk passou a fazer declarações, enviar tuítes e se envolver em condutas destinadas a criar dúvidas sobre o acordo e reduzir substancialmente as ações do Twitter", diz a denúncia.
Segundo a ação, o objetivo do empresário era ganhar vantagem para adquirir o Twitter a um preço muito mais baixo, ou desistir do acordo sem sofrer nenhuma penalidade.
"A manipulação de mercado de Musk funcionou – o Twitter perdeu 8 bilhões de dólares em avaliação desde que a compra foi anunciada", afirma o texto.
As ações do Twitter na quinta-feira fecharam ligeiramente em alta a 39,52 dólares, em um sinal de dúvida dos investidores de que a compra será consumada ao valor de 54,20 dólares por ação que Musk originalmente ofereceu.
"O desrespeito de Musk pelas leis de valores mobiliários demonstra como alguém pode ostentar a lei e o código tributário para construir sua riqueza às custas dos outros americanos", afirma a ação.
O Twitter disse em documentos regulatórios que está comprometido em concluir a aquisição sem demora no preço e nos termos acordados. Musk ainda não se pronunciou.