Em reunião realizada no último domingo (20/3), na Cidade do México, o Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo (FSP) condenou a intervenção na Líbia, realizada por EUA, Reino Unido, França, Canadá e Itália. A organização que reúne os principais partidos de esquerda da América Latina, incluindo dois brasileiros (PT e PC do B), destacou princípios como a soberania nacional e a autodeterminação dos povos.
“Uma intervenção militar como a que está sendo feito na Líbia nesse momento vai primeiro agravar os problemas internos e a situação dos direitos humanos. É um atentado contra a soberania nacional e autodeterminação do povo daquele país. Os problemas da Líbia quem tem que resolver são os líbios. É um problema que tem que ser solucionado por eles e não por intervenção estrangeira”, afirmou Valter Pomar, Secretário executivo do Foro de São Paulo e membro do Diretório Nacional do PT, que destacou também a opinião dos presentes da reunião.
“Todos os partidos presentes na reunião do Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo repudiam os ataques feitos por potências estrangeiras contra a Líbia. É uma posição unânime”, complementou.
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Pomar afirmou também que a posição não é manifestada apenas pelos partidos da América Latina. “Antes da reunião do Grupo de Trabalho, que reúne cerca de 20 partidos de países latino-americanos, houve também um seminário promovido por um partido mexicano que reuniu mais de 100 partidos de todo o mundo. Também nesse seminário a posição de condenação aos ataques foi unânime. Independente da opinião que cada um tem sobre o governo do Muamar Kadafi e sobre a situação interna da Líbia, todos consideram que a intervenção estrangeira é inaceitável”, completou.
Para ele, as experiências recentes de Iraque e Afeganistão comprovam que tais medidas “não ajudam a solucionar os problemas internos”. Além disso, segundo ele, as intervenções, feitas em nome dos direitos humanos, agravam a situação do país.
“As potências que estão promovendo esses ataques têm um histórico de agressão colonial, imperialista, de ataques contra direitos humanos. Elas não têm a menor autoridade pra se arrogar defensoras de absolutamente coisa alguma. E é sabido que o que move essas potências é o interesse no controle do petróleo”, completou.
A adoção da zona de exclusão aérea na Líbia foi aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) na última quinta-feira (17/03). Dez países foram a favor da medida, cinco se abstiveram e nenhum votou contra. Os que decidiram se abster foram: Brasil, Rússia, Índia, China e Alemanha.
O Foro de São Paulo não se manifestou sobre a postura de nenhum governo em particular. No entanto, segundo Valter, havia uma expectativa de que os governos “tivessem votado contra”.
“Embora não tenha havido discussão ou deliberação a respeito, posso falar que o sentimento médio que eu captei, tanto na reunião do Foro de São Paulo quanto nas conversas bilaterais, é de que a expectativa era de que o voto tivesse sido contra. Tanto da África do Sul, que votou a favor, quanto da Índia, Rússia, China e Brasil, que se abstiveram”, informou.
Dois dias após a aprovação da resolução pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, com o polêmico trecho que previa a utilização de “todos os meios necessários” para “proteger a vida de civis” na Líbia, a operação “Alvorada da Odisseia” teve início. Capitaneada por Estados Unidos, Reino Unido e França, a coalizão passou a atacar o território líbio. Para Valter, a atuação desses países extrapolou o que foi decidido.
“A decisão em si já é questionável. Agora, a decisão falava sobre estabelecer uma zona de exclusão aérea, mas é evidente que o que está sendo feito é muito mais do que isso. É um ataque geral a instalações militares e civis e uma agressão ao conjunto do país. Mesmo que se admitisse a legalidade de decisão, os Estados Unidos, o Reino Unido, estão extrapolando aquilo que foi decidido. Nesse sentido, países como China e Rússia, que tem poderes de veto, deveriam tê-lo exercido, porque é óbvio que as potências iriam fazer o que estão fazendo. Alguém está surpreso com isso?”, concluiu.
Em carta divulgada após a reunião, o grupo de trabalho do Foro de São Paulo comunicou que decidiu fazer gestões junto aos governos integrados por partidos do FSP para que manifestem seu apoio às iniciativas como as sugeridas pela Alba e a União Africana, de constituir uma comissão internacional de mediação e viabilizar uma saída política e pacífica ao conflito líbio.
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