Agência Moody's mantém rating da dívida de Portugal
Agência Moody's mantém rating da dívida de Portugal
A agência de qualificação Moody's anunciou nesta sexta-feira (25/03) que mantém o rating da dívida soberana de Portugal, ao contrário do que as outras duas agências que o rebaixaram nesta quinta-feira dois níveis por causa da crise política no país e a renúncia do governo.
Em uma breve nota emitida hoje, a Moody's afirma que "acredita no forte compromisso dos dois maiores partidos na consolidação orçamentária", embora há apenas dez dias tenha realizado seu próprio rebaixamento de dois níveis na nota portuguesa alegando desconfiança em sua situação política.
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A agência havia rebaixado no dia 15 de março de A1 para A3 a qualificação portuguesa e ressaltou suas dúvidas sobre o estado e a evolução da economia do país, que está outra vez em recessão e pressionado por juros superiores a 8% no refinanciamento de sua dívida.
Quando explicou esse rebaixamento, a Moody's argumentou também, em linha com o que fizeram depois as outras agências, os riscos existentes para a aplicação das medidas de austeridade necessárias em Portugal.
O quarto plano de ajustes econômicos do minoritário Governo socialista português foi rejeitado por toda a oposição na quarta-feira no Parlamento.
A reprovação de seu plano anticrise motivou a renúncia imediata do Executivo de José Sócrates e a abertura nesta sexta-feira de consultas com os partidos para a formação de um novo Governo ou a convocação de eleições antecipadas.
Ao contrário da Moody's, as outras duas grandes agências de qualificação, Fitch e Standard and Poor's, baixaram a nota de solvência financeira de Portugal em dois níveis e com poucas horas de diferença.
A Fitch advertiu que a crise de governo "aumentou significativamente as possibilidades de que Portugal precise de apoio multilateral em um curto período de tempo, por causa de sua dificuldade para conservar o acesso aos mercados".
Tanto a Fitch como a Standard and Poor's decidiram manter as qualificações de Portugal em perspectiva negativa e sob vigilância, como já fez também na semana passada a Moody's, o que pode motivar novas quedas da nota a qualquer momento.
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Exército de Israel invade e fecha sete organizações de direitos humanos da Palestina
Grupos entraram na lista de 'organizações terroristas' e sofreram ataque na madrugada desta quinta (18/08) na Cisjordânia
Nesta quinta-feira (18/08), militares de Israel invadiram e fecharam a sede de sete organizações não governamentais e de direitos humanos palestinas nas cidades de Ramallah e al-Bireh, na região ocupada da Cisjordânia. Seis delas já haviam sido caracterizadas por Israel como organizações “terroristas”, em outubro de 2021, e acusadas de ter vínculos com a Frente Popular de Libertação pela Palestina (FPLP).
Os escritórios das organizações foram saqueados e seus equipamentos confiscados. As portas foram fechadas com solda, com uma ordem militar israelense declarando a "ilegalidade" das organizações.
As organizações atingidas são: Addameer (palavra em árabe para "consciência"), al-Haq (palavra para "justiça"), Defesa das Crianças da Palestina (DCI), União dos Comitês de Trabalho Agrícola (UAWC), Centro Bisan para Pesquisa e Desenvolvimento, Comitê da União das Mulheres Palestinas (UPWC) e o Sindicato das Comissões de Trabalho em Saúde (UHWC).
"Encontramos um documento colado na porta, apenas em hebraico, dizendo que esta é uma organização fechada, não temos permissão para entrar e nenhum período de tempo é especificado", denunciou o diretor do Sindicato das Comissões de Trabalho em Saúde, Mazen Rantisi.
A ação militar aconteceu na madrugada, logo após o assassinato de Waseem Nasr Khalifa, de 20 anos, no campo de refugiados de Balata, arredores da cidade de Nablus, norte da Cisjordânia ocupada. Outros quatro palestinos ficaram feridos por arma de fogo, três estariam em estado crítico. Os diretores das organizações de direitos humanos dizem que já esperavam a repressão das forças israelenses após serem classificadas como "organizações terroristas" e agora temem por possíveis detenções ou outras represálias.
Existem aproximadamente 4,5 mil palestinos detidos em prisões israelenses, deste total, cerca de 500 são presos administrativos - sem acusação formal ou julgamento.
"Este ataque visa intimidar e reestruturar a sociedade civil palestina para parar de documentar e expor os abusos e violações da ocupação israelense", disse Shawan Jabarin, diretor-geral da organização de direitos humanos Al-Haq.
As ONGs, no entanto, asseguram que continuarão seu trabalho. "Não é um trabalho para nós, é convicção, é fé", disse Jabarin. Os grupos afetados ainda convocaram um protesto em frente aos escritórios da Al-Haq no centro de Ramallah na quinta-feira ao meio-dia para protestar contra as incursões e o fechamento de seus escritórios.

Reprodução
Forças de Israel invadem sedes de organizações não-governamentais nas cidades de Ramallah e al-Bireh, na Palestina ocupada
O secretário-geral do Comitê Executivo da Organização pela Liberdade Palestina (OLP), Hussein al-Sheikh, condenou o fechamento dizendo que a decisão busca silenciar a "voz da verdade e da justiça".
"Vamos apelar a todos os órgãos internacionais oficiais e instituições de direitos humanos para intervir imediatamente para condenar esse comportamento dos ocupantes e pressioná-los a reabrir as instituições para que possam exercer suas atividades livremente", publicou.
O presidente do Conselho Nacional Palestino, Rawhhi Fattouh classificou a ação como "um ato de intimidação e uma tentativa desesperada de encobrir as provas dos crimes e violações diários do ocupante contra civis palestinos".
Já o ministro de Justiça da Palestina, Mohammad Shalaldeh, disse que irá solicitar uma posição do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, e do Conselho de Segurança. "Esse ataque fere o princípio internacional dos direitos humanos".
Com a campanha "Stand we the six" (Apoie os seis) meios de comunicação palestinos e israelenses se solidarizaram com as ONGs palestinas. "Este regime [de Israel] considera a repressão violenta uma ferramenta legítima para controlar os palestinos, mas define a atividade civil não-violenta como terrorismo", declaram em comunicado.
As organizações palestinas também tiveram apoio de representantes da Missão Europeia e outros países, entre eles de Bélgica, Chile, Dinamarca, Finlândia, França, Irlanda, Itália, México, Holanda, Noruega, Polônia, Espanha, Suécia e Reino Unido.
A Igreja Episcopal de Ramallah publicou uma declaração em solidariedade e exigindo uma investigação completa do caso.
A relatora especial das Nações Unidas para a Palestina, Francisca Albanese, também condenou a ação de Tel Aviv. "Minha total solidariedade às ONGs palestinas que acabam de ter seus escritórios invadidos pelas forças israelenses. Esta nova ação ilegal é prova de seu excelente trabalho pela justiça e direitos humanos palestinos, e o pânico moral que estão causando ao ocupante", publicou.