Pelo menos 90 pessoas, a metade civis, morreram hoje (4) em um bombardeio das tropas internacionais no norte do Afeganistão, informou o governador da província de Kunduz, Mohammad Umar.
O ataque aconteceu quando os talibãs distribuíam entre os aldeões combustível de um caminhão que tinham roubado horas antes.
Jawed Kargar/EFE
Policial inspeciona caminhão em Kunduz, Afeganistão, após bombardeio da Isaf
Um porta-voz da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) confirmou a Agência EFE que “um grande número de insurgentes morreu num bombardeio contra um caminhão de gasolina”.
O bombardeio acontece na semana em que o chefe das tropas internacionais no país, o general Stanley McChrystal, tinha proposto revisar a estratégia no Afeganistão e dar prioridade à proteção da população civil frente aos insurgentes talibãs.
De acordo com testemunhas citadas pela agência afegã AIP, o bombardeio, registrado na área de Shna Tampa do distrito de Ali Abade, causou dezenas de mortos, com baixas entre a população civil, incluídos mulheres e crianças.
Segundo as testemunhas, habitantes da zona se aproximavam do caminhão para recolher parte do combustível quando aconteceu o bombardeio aéreo da Isaf.
“Não vamos especular sobre o número de falecidos. Estamos investigando as informações de civis mortos no ataque. Tomamos essas reivindicações muito seriamente”, disse o porta-voz da Isaf.
Conflito
A cada ano morrem milhares de pessoas no Afeganistão, vítimas da violência que assola o país. As mortes de civis foram de fato um dos principais motivos de discórdia entre as tropas estrangeiras e o governo afegão, que as considera “inaceitáveis”.
Segundo dados da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Unama), no primeiro semestre do ano morreram 1.013 civis no país vítimas do conflito, o que supõe um aumento de 24% respeito ao mesmo período do ano anterior.
Deles, 595 pessoas foram assassinadas pelas forças insurgentes e 310 morreram em ataques das tropas regulares e internacionais, sem que fosse possível determinar uma responsabilidade pelo resto dos falecimentos.
Embora situada no norte do país e longe das principais fortificações dos insurgentes – no sul e o leste – Kunduz tem várias bolsas de população pashtun, a etnia da qual provêm tradicionalmente os talibãs.
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