O dia de manifestação internacional contra o presidente venezuelano, Hugo Chávez, reuniu milhares de pessoas nas Américas nesta sexta-feira (4), mas a imensa maioria dos críticos se concentrou na Colômbia – cujo presidente, Álvaro Uribe, vive às turras com o vizinho. No Brasil, apenas 22 pessoas compareceram. Em outras cidades, como Nova York, Buenos Aires e Berlim, os participantes não passaram de 200, segundo estimativas das policiais locais.
O movimento “No Más Chávez” se organizou em mais de 80 cidades de 30 países europeus e americanos sob o argumento de que o presidente venezuelano está arruinando a Venezuela e representa um perigo para a América Latina.
De acordo com a polícia de Bogotá, capital colombiana, entre 8 mil e 10 mil pessoas protestaram contra o venezuelano. Em outras cidades do país, como Medellín, Cali, Bucaramanga, Cúcuta, Cartagena e Barranquilla, mobilizações similares foram realizadas, mas com menos assistência e sem incidentes. Em Miami, 2 mil pessoas protestaram contra “a ingerência e o expansionismo 'chavista' nos povos latino-americanos”.
Gastón de Cardenas/EFE
Manifestante colombiana contra a influência de Chávez
Houve também protestos pela Internet no site de relacionamento Facebook e no microblog Twitter, convocados por um grupo de jovens da Colômbia – país cujas relações com a Venezuela estão congeladas por decisão de Chávez. O movimento diplomático se deve ao acordo que Bogotá deve assinar para autorizar o uso de sete bases militares no país pelos Estados Unidos.
Na capital venezuelana, houve duas manifestações: uma a favor do líder venezuelano, conclamada por ele próprio, e outra contrária. As principais marchas contra o mandatário usavam o lema “No Más Chávez” e tinham participantes com camisetas brancas.
Os dois grupos foram convocados para novas manifestações amanhã na capital venezuelana, onde os opositores denunciarão “os atropelos e perseguições” do governo, enquanto os governistas apoiarão a chamada campanha “Em Pé de Paz”, lançada para defender a “revolução”.
Fracasso no Brasil
A versão brasileira da manifestação contra Chávez não reuniu mais do que 19 mulheres e três homens no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na capital paulista. Por conta disso, a marcha não marchou. Chovia de leve e ventava quando chegou o primeiro grupo da passeata – sete mulheres vestindo camisas brancas. O relógio na Avenida Paulista marcava 12h22 e 22ºC. O céu estava nublado e os carros, ônibus, motos e pedestres passavam normalmente, como em outro dia qualquer.
Nenhum dos presentes ouvidos pelo Opera Mundi sabia quem era o organizador da marcha. Descobriram-na através de amigos ou pela internet. O grupo disse acreditar que essa manifestação mostrará a Chávez que pessoas em toda a América são contra ele e seu intervencionismo na política.
Para Maria Eugênia Azancot, venezuelana de 50 anos radicada no Brasil há dois, “Chávez é um mandatário que há 10 anos engana o povo e estrangeiros, posando de democrata. Ele não é um democrata, segue Cuba, é aluno de Fidel Castro. Ele acabou com o nosso país e quer acabar com a América Latina”.
Eduardo Mayorca/EFE
Grupo de jovens pró-Chávez se manifestam contra o imperialismo
Seu marido é um engenheiro que trabalhava em uma empresa comprada pelo governo, e diz ter perdido o emprego por ser contrário a Chávez. Ela afirma ter muitos amigos em estatais, “mas têm que trabalhar de bico fechado, porque se falam alguma coisa diferente da cartilha do Chávez são mandados embora”.
Para ela, o mandatário venezuelano estaria comprando os demais líderes latino-americanos com o dinheiro do petróleo. “Menos o Lula. O Lula sabe se mexer em águas turvas, é amigo do Chávez, trata bem o Uribe, e faz o que quer, não é influenciado”.
Miriam Diaz, colombiana de 55 anos, diz não concordar com as bases americanas na Colômbia, mas não crê que isso seja ameaça para a região. Chávez, por outro lado, compra armamentos que põem os vizinhos em risco, segundo ela. Miriam considera o presidente venezuelano um ditador, e afirma que não votaria pela reeleição de Uribe na Colômbia. “Não gosto da permanência indefinida do governante no poder, isso é perigoso para a democracia”, declarou.
José Luis de Campos, paulista de 47 anos, acha que Chávez que fazer da América do Sul um só país, “como uma União Européia de esquerda”. “Ele é um ditador, que usa da democracia por fraudes para implantar uma ditadura de esquerda, cópia de Cuba”.
Santiago de Gusman, equatoriano de 22 anos, estudante de cinema em intercâmbio no Brasil, diz que Chávez é um mau exemplo para outros líderes latino-americanos. “Meu país está seguindo o modelo da Venezuela, a liberdade de expressão está sendo condicionada, as rádios fechadas”, afirma. Para ele, Chávez “em vez de juntar as classes, divide”.
“Campanha orquestrada”
O embaixador da Venezuela na Colômbia, Gustavo Márquez, disse hoje que as manifestações convocadas pelas redes sociais Facebook e Twitter contra o presidente venezuelano, Hugo Chávez, representam uma campanha de “ódio” e buscam “desviar a atenção de assuntos cruciais”.
“Trata-se de uma campanha orquestrada para desviar a atenção do povo colombiano e também de alguns outros países onde se quer levar esta iniciativa à frente”, disse Márquez à rádio colombiana “RCN”.Para o embaixador, esta é uma campanha “para estigmatizar o presidente Chávez e para promover o ódio entre países irmãos”.
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