O corpo do antigo primeiro ministro italiano, Aldo Moro, é encontrado em 9 de maio de 1978, crivado de balas, no banco de trás de um carro no centro histórico de Roma. Ele havia sido sequestrado pelos terroristas da Brigada Vermelha em 16 de março, após um sangrento tiroteio perto de sua casa no subúrbio da capital. O governo italiano recusou-se a negociar com o grupo de extrema-esquerda, que, após inúmeras ameaças, decidiu executar Moro. Ele havia sido cinco vezes premiê da Itália nos anos 1960 e 1970 e considerado favorito para presidir o país nas vindouras eleições de dezembro.
Aldo Moro era visto por muitos como o político da Itália mais capaz do pós-guerra. Líder centrista do Partido Democrata Cristão, promovia a cooperação entre os distintos partidos políticos do país. Quando formou seu primeiro gabinete, em 1963, incluiu alguns socialistas, que passaram a participar do governo italiano pela primeira vez em 16 anos. A última vez que Moro governou como primeiro-ministro foi em 1976. Em outubro daquele ano, tornou-se presidente dos democratas-cristãos.
Em 11 de março de 1978, ajudou a encerrar uma crise governamental quando concluiu um acordo parlamentar entre o Partido Comunista e o Democrata-Cristão. Exatos cinco dias depois, o carro de Moro foi atacado por uma dezena de militantes armados da Brigada Vermelha. Seus cinco guarda-costas foram mortos e Moro foi raptado e levado a um esconderijo. Em 18 de março, a Brigada Vermelha emitiu um comunicado assumindo a responsabilidade pelo sequestro, afirmando que Moro estaria sendo submetido a um “julgamento popular”.
A Brigada Vermelha, fundada em 1970 por Renato Curcio, empregava bombas, sequestros e roubo a bancos como meio de promover a revolução comunista na Itália. O Partido Comunista Italiano, que defendia a democracia e participava do parlamento, condenava as ações terroristas da Brigada, que por sua vez, acusava o Partido Comunista de ser títere da burguesia. Curcio e 12 outros membros da Brigada Vermelha estavam processados em Turim quando Moro foi sequestrado e os procedimentos legais foram apenas brevemente suspensos após o rapto.
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O governo italiano recusou-se a negociar com os raptores, alegando que isto debilitaria o Estado e levaria o país ao caos. Alguns críticos acusaram os democratas-cristãos de ceder às pressões dos comunistas, cujos líderes se opunham ainda mais firmemente ao diálogo com a Brigada. A polícia e o exército prenderam centenas de suspeitos e vasculharam o país à procura da “prisão do povo” onde Moro era mantido, mas não obteve qualquer pista concreta.
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O governo italiano recusou-se a negociar com os raptores, alegando que isto debilitaria o Estado e levaria o país ao caos
Morte
Em 19 de março e 4 de abril, cartas aparentemente escritas de próprio punho por Moro foram publicadas, pedindo que o governo negociasse. Roma tentou manter contatos secretos, todavia em 15 de abril a Brigada acabou por rejeitar tais negociações, anunciando que Moro havia sido julgado culpado no ‘julgamento popular’ e condenado à morte.
Em 24 de abril, os terroristas exigiram a libertação de 13 membros da Brigada presos em Turim em troca da vida de Moro. Em 7 de maio, Moro escreve uma carta de adeus a sua mulher, dizendo: “Eles me disseram que vão me matar daqui a pouco. Beijo-a pela última vez.” Dois dias depois, seu corpo foi encontrado na Via Caetani, a 300 metros da sede central dos democratas-cristãos e a 200 metros da sede do Partido Comunista.
De acordo com desejo expresso por Moro durante o seu sequestro, nenhum político italiano deveria ser convidado aos seus funerais. Na década que se seguiu, muitos líderes e membros da Brigada Vermelha foram presos e a organização praticamente se extinguiu.
Outros fatos marcantes da data:
09/05/1960 – É colocada à venda a primeira pílula anticoncepcional
09/05/1950 – Ministro do Exterior francês, Robert Schumann, propõe um plano para a Europa
09/05/1877 – Romênia proclama sua independência
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.