Socialistas espanhóis analisam rumos após derrota para o PP nas urnas
Socialistas espanhóis analisam rumos após derrota para o PP nas urnas
Os principais dirigentes do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) analisam nesta segunda-feira (23/05) em reunião os passos que serão adotados após a derrota nas eleições municipais e regionais deste domingo (22/05), a apenas dez meses das eleições gerais. O opositor PP (Partido Popular) ganhou em 11 das 13 regiões onde foram realizadas eleições e tirou o PSOE de alguns de seus redutos tradicionais, como Castela-La Mancha.
O presidente do governo e líder socialista, José Luis Rodríguez Zapatero, reconheceu a derrota e a atribuiu à profunda crise que afeta a Espanha há três anos e que elevou o desemprego a mais de 20%. Nesta segunda-feira, muitos dos dirigentes do PSOE avaliaram os resultados eleitorais antes de participarem da reunião da Executiva Federal do partido em Madri.
O presidente de Castela-La Mancha, José María Barreda, um dos grandes prejudicados, disse que caso o PSOE se limite a debater agora os nomes dos dirigentes que serão responsáveis pelo partido a médio e longo prazo, cometerá "um equívoco", porque o que precisa é de "uma revisão ideológica muito mais profunda".
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Outro dos dirigentes regionais, Guillermo Fernández Vara, que poderia conservar o governo de Extremadura - um dos grandes redutos eleitorais do PSOE no qual o PP saiu vitorioso - caso tivesse se aliado com a Esquerda Unida, reconheceu "a derrota sem paliativos" sofrida. "Os cidadãos nos castigaram porque fizemos mal as coisas", afirmou Fernández Vara em declarações à emissora de rádio espanhola SER.
A ministra da Defesa, Carme Chacón, cujo nome é um dos que são especulados como eventual aspirante a suceder Zapatero como cabeça de lista dos socialistas nas eleições gerais, assegurou que o PSOE sofreu um "castigo severo", o que o obriga a fazer "uma reflexão profunda" e "coletiva". Zapatero anunciou em abril que não se candidatará a um terceiro mandato nas próximas eleições gerais, e por isso os socialistas deverão escolher outro nome.
Alfredo Pérez Rubalcaba, primeiro vice-presidente e ministro do Interior, um veterano dirigente do PSOE que foi ministro com Felipe González, é o outro possível sucessor. Neste domingo à noite, após "assumir" a derrota, Zapatero descartou antecipar as eleições gerais, como pediram segmentos da direção do PP.
A derrota do PSOE é comentada nesta segunda-feira por toda a imprensa espanhola, que destaca os dois milhões de votos que o PP tirou do partido governista e a vitória conservadora em redutos socialistas tão importantes como as prefeituras de Barcelona e Sevilha. "O PP varre os socialistas", é a manchete do jornal El País. Já o ABC afirma "Espanha vota mudança", enquanto o La Vanguardia, publicado em Barcelona, dá destaque para a "Reviravolta histórica".
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Notas internacionais: eleições no Equador e no Peru - 12 de abril de 2021
Equador e Peru foram às urnas eleger seus novos presidentes, com resultados que surpreenderam
EQUADOR: No Equador, o candidato da direita, Guilherme Lasso, do movimento Criando Oportunidades (CREO), em aliança com o Partido Social Cristão (PSC), venceu o segundo turno das eleições presidenciais com 52,5% dos votos contra 47,50 de Arauz. Havia muita expectativa em torno da candidatura do economista Andrés Arauz, que pontuava na dianteira nas pesquisas durante quase todo o período de campanha do segundo turno que durou dois meses. Nos dias que antecederam o domingo eleitoral (11) as pesquisas já apontavam perda de fôlego de Arauz e subida de Lasso. De todo modo, as pesquisas de boca de urna davam vitória apertada para Arauz. A Cedatos chegou a dar 53,2% a 46,7%.
Lasso é um homem de 65 anos, historicamente vinculado ao setor financeiro, em especial ao Banco de Guayaquil, tendo sido ministro da economia do governo de Jamil Mahuad (1998-2000). Esta é a terceira vez que ele concorre à presidência do Equador (2013, 2017, 2021). Nas eleições anteriores ele ficou em segundo lugar. Um dos fatores que impactou muito no resultado eleitoral foi o fracionamento do movimento indígena. A Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE) decidiu em seu conselho ampliado, no dia 10 de março, pelo voto nulo. No entanto, uma parte das nacionalidades amazônicas divergiram e foram acompanhadas do presidente da Conaie, Jaime Vargas, na declaração de apoio a Arauz. Vargas chegou a dizer em um encontro no dia 3 de abril, em Sucumbíos, que “suas propostas (de Arauz) têm o respaldo absoluto do movimento indígena”. No dia 4 de abril veio a reação do conselho dirigente da Conaie ao dizer que ia “impulsionar o voto nulo” e que “não cai em jogo eleitoral”. A apuração está apontando para um milhão e seiscentos mil votos nulos. O universo de votantes é de 13 milhões. (Com infos de resumenlatinoamericano.org)
PERU: O domingo também foi de eleições no Peru. Uma eleição que era extremamente imprevisível, com 18 candidatos concorrendo, teve um resultado de primeiro turno surpreendente. O candidato Pedro Castillo, professor e sindicalista, do Partido Político Nacional Peru Livre, obteve a maior votação, com 16%. Seguido de três candidatos com pouco mais de 10%: Hernando de Soto (Avança País), Keiko Fujimori (Força Popular), Jonhy Lescano (Ação Popular) e Rafael López Aliaga (Renovação Popular). Veronika Mendoza (Juntos por Peru) pontua com 8,8%. Aquele que apontou por um tempo como primeiro colocado nas pesquisas, o jogador de futebol George Forsyth (Vitória Nacional) está com 6,4%. Esses ainda são dados preliminares da Ipsos Perú para a América Televisión.
Pedro Castillo tem 51 anos e ganhou notoriedade no país ao encabeçar uma prolongada greve nacional do magistério em 2017 e ao longo da campanha nunca pontuou entre os prováveis mais votados nas pesquisas. Uma de suas propostas é trocar a atual Constituição do país convocando uma Assembleia Constituinte. Ele se posicionou nas eleições contra o recorte de gênero no currículo escolar e disse que em um eventual governo seu não se legalizaria o aborto, o casamento homoafetivo e a eutanásia. Pautas polêmicas no país. Propõe ainda 10% do PIB para saúde e educação. As últimas pesquisas apontavam para uma liderança de Lescano. O segundo turno será em 6 de junho e o novo presidente assume em 28 de julho. Os peruanos também votaram ontem (11) para renovar o Congresso, que é unicameral e possui 130 cadeiras. A tendência é de que a votação para o parlamento tenha sido fragmentada e atomizada tal como a presidencial. O Peru vive uma crise institucional prolongada, sendo que dos dez presidentes que o país teve desde os anos 80, sete foram presos nos últimos anos envolvidos em escândalos de corrupção.