Ainda que a grande maioria dos alemães veja com bons olhos o trabalho realizado até agora pela Grande Coalizão, que governa o país há quatro anos, o certo é que, para muitos, o governo não pode resolver problemas do dia a dia dos cidadãos comuns. Temas como saúde, meio ambiente e educação estão entre as grandes preocupações dos eleitores.
Alisa Heller é uma estudante universitária de 22 anos. Ela diz não se identificar com nenhum dos partidos que disputam vagas no Parlamento. “É preciso que se trabalhe mais por justiça. Todos deveriam ter o direito a uma boa educação, não importa de onde venham. Como estudante, gostaria que existissem políticas que nos dessem um tratamento de seres humanos e não como capital humano. E isto também tem a ver com o tema da integração. A Alemanha deve ser um país aberto aos migrantes e integrá-los plenamente na sociedade”, opinou.
Para Dirk Rott, administrador de empresas, o mais importante é ter um plano de governo para o futuro. “A política de hoje só considera as próximas eleições, mas não as próximas gerações. Por exemplo, é preciso ter uma visão de longo prazo sobre o meio ambiente. O sistema de pensões é outro tema do qual não se fala e que me parece muito importante. O sistema atual não leva em conta o desenvolvimento demográfico e não considera que, em alguns anos, haverá muita gente mais velha e menos força laboral ativa”, explicou.
Para este alemão de 40 anos, vindo da região da Baviera, a atual campanha política foi extremamente tediosa. “Não vejo propostas, não vejo debate de argumentos e sinto que estamos em uma espécie de paralisia. Acredito que a oposição está praticamente desaparecida, e é compreensível porque também faz parte do governo atual. Mas, definitivamente, creio que deve haver uma troca. A coalizão tem funcionado bem e quiçá foi o melhor que poderia ter feito nesse tempo de crise, mas agora creio que as coisas devem voltar a ter um equilíbrio natural e deve haver uma oposição real ao governo que nos ofereça alternativas”, disse.
Frank Schepper, assim como seus concidadãos, também não está convencido sobre o atual sistema de governo. Originário da antiga RDA (República Democrática Alemã), ele perdeu o emprego há dez anos. O centro noturno onde trabalhava como segurança fechou.
Desde então, Frank não encontrou trabalho estável que lhe permitisse ter um nível de vida melhor. “Cada vez é mais complicado ter um trabalho. Os que existem são pouco remunerados e demandam muito tempo. Hoje, a gente está trabalhando por três ou quatro euros por hora, e com isso não dá nem para pagar o aluguel”, disse.
A opção para Frank foi o trabalho autônomo. Com aulas de música, dança e organização de eventos privados, este alemão de 40 anos tem conseguido sobreviver. “Não vejo muitas opções nesta eleição porque o problema não são os partidos políticos e, sim, o sistema capitalista que nos rege. Me parece que as leis a favor das massas urgem, porque o que estamos vendo na Alemanha é uma separação de classes muito grande: um pequeno grupo de ricos, uma classe média com um mínimo de possibilidades e a tendência de uma camada cada vez maior de pobres. A única opção que vejo para mim é votar pela esquerda”, assegurou.
Como Lisa, Dirk e Frank, milhões de alemães têm poucas certezas sobre o futuro, e no próximo 27 de setembro eles decidirão o que ocorrerá nos próximos quatro anos.
NULL
NULL
NULL