Uma das eleições presidenciais mais acirradas na história recente do Peru termina neste domingo (05/06), quando mais de 19,9 milhões de eleitores aptos a votar irão decidir entre Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000) – condenado a 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade – e Ollanta Humala, ex-militar que disputa pela segunda vez as eleições.
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As pesquisas evidenciam empate técnico. De acordo com um levantamento divulgado pela Ipsos Apoyo na quinta-feira, a candidata do Força 2011 tem 51% da preferência, enquanto o nacionalista, 49%.
Efe (02/06/2011)
Keiko Fujimori conclui sua campanha durante comício em Lima, seu reduto eleitoral
Keiko, ex-deputada, tem grande vantagem na capital, Lima e Humala, no interior do país. “As pessoas que acompanham Keiko são as mesmas do governo do pai. Ela tratou de pintar-se como de centro-direita e parece que alcançou tal objetivo”, afirmou ao Opera Mundi o comunicador social Ernesto Girbau, presidente da ONG TV Nexo.
“Fujimori representa a degradação da política peruana, sem ideologia, sem valores, sem propostas coerentes, que utiliza de uma política pragmática e utilitarista que aproveita-se da pobreza da população para captar simpatias por meio do assistencialismo”, opinou Jorge Agurto, presidente da Serviços em Comunicação Intercultural (Servindi).
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Para ele, porém, o passado de Humala também traz questionamentos. “Do outro lado está um ex-comandante do Exército com acusações de violações dos direitos humanos enquanto era responsável por uma base militar durante a luta contra-subversiva. Não tem credenciais democráticas. É um mistério qual será sua forma de governar”, afirmou Agurto, presidente da rede de comunicação que acompanha de perto as eleições sob a ótica das demandas indígenas.
Com uma base eleitoral concentrada no sul andino, de maioria indígena onde não chega a nova prosperidade, Humala participou como militar do combate contra o Sendero Luminoso nos 1990 e foi acusado de ter violado os Direitos Humanos. A justiça investigou sem encontrar provas.
Efe (02/06/2011)
Humala, que tenta ser presidente pela terceira vez, finaliza campanha com comício na capital peruana
Planos de governo
As diferenças estão também nos planos de governo. Apesar de Humala ter moderado seu discurso e recebido o apoio do ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006) no segundo turno, ainda é grande a crença de que ele irá cumprir propostas apresentadas no passado, como a de estatizar a economia e transformar a Constituição para a criação de um Estado “democrático, pluricultural e descentralista”, a partir de uma Assembleia Constituinte. Para afastar este temor, Humala divulgou no começo da campanha o documento “Compromisso com o Povo Peruano”, nos moldes da “Carta ao Povo Brasileiro” de Lula, onde prometeu mudanças sem afetar a estabilidade econômica e política.
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Já Keiko, que prometeu não anistiar o pai, tenta descolar sua imagem da dele. Sua plataforma pretende reduzir a pobreza criando uma rede de proteção social e investindo na educação e na saúde. Mas as premissas de sua plataforma estão baseadas na manutenção do modelo atual, afirmando que o crescimento obtido nos últimos anos foi possível graças à Constituição de 1993, que, como o texto da plataforma diz, “permitiram o desenvolvimento do setor financeiro, a abertura comercial e melhorias na infraestrutura”. O texto refere-se à mudança constitucional promovida pelo pai de Keiko, que reza da cartilha neoliberal e das liberalizações decorrentes do Consenso de Washington, que é de 1989.
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