Francisco Louçã, coordenador do Bloco de Esquerda (BE), dirigiu seus últimos apelos de voto aos jovens nessas eleições legislativas. De acordo com ele, essa fatia do eleitorado tem se abstido tantas vezes de votar porque “sabem agora que têm de ser eles próprios a defender-se contra a precariedade, contra os abusos e o desemprego”.
Ao todo, 9,6 milhões de portugueses estão convocados às urnas, por
ocasião das eleições gerais antecipadas em mais de dois anos, após a
renúncia do primeiro-ministro José Sócrates, em março passado, por falta
de apoio parlamentar a seu quarto plano de austeridade.
“É preciso uma economia que olhe para o emprego, que acabe com a precariedade, que responda por homens e mulheres que não têm alternativa porque há tantos anos estão no desemprego – e chegaremos a ter um milhão de desempregados se a política da troika [FMI, UE e Banco Central Europeu] prevalecer”, disse o coordenador do Bloco de Esquerda.
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“É por esta política decente que se faz o debate neste último dia de campanha”, disse Louçã aos jornalistas no sábado (04/06), no final de uma reunião com os trabalhadores do Metro do Porto e com activistas e membros de CTs de algumas das principais empresas do distrito do Porto, como a Efacec, a Unicer ou a Sonae.
Nesta campanha, disse Louçã, o Bloco de Esquerda fez uma escolha, “a mais difícil e necessária de todas”, que foi falar à inteligência das pessoas. “Estamos convencidos que os homens e mulheres não desistiram do país”.
Indecisão aumentou
Para o cabeça-de-lista por Lisboa, a indecisão aumentou no último dia, porque grande parte do eleitorado, sobretudo do povo da esquerda, “sabe que não pode ser arrastado para a incompetência que é o desemprego. Não pode ser arrastado para um ataque à Segurança Social, diminuindo a garantia que tem que dar para as pensões de reforma para todos, agora e no futuro. E sabe que estes juros altíssimos que Sócrates insiste em pagar são uma derrota para a economia, quando juros mais baixos já arruinaram a Grécia.”
“José Sócrates governou dois mil dias. Teve 15 horas de TV. Mas não disse uma palavra sobre o acordo que assinou com a troika. Não explicou porque quer pagar juros mais altos que a Grécia, não quis dizer o motivo que justifica tirar o abono de família a 600 mil crianças”, disse Louçã.
Por isso, Louçã dirigiu-se mais uma vez ao eleitorado do PS (Partido Socialista): “Eu quero que o povo de esquerda se levante para trazer ao país aquilo que faz falta: combate ao desemprego, combate contra a ruína, renegociação da dívida.”
Sobre a reunião, que decorreu nas instalações da Junta de freguesia da Senhora da Hora, Louçã explicou que o Bloco de Esquerda tem acompanhado com muito detalhe a luta dos trabalhadores do Metro do Porto. “Os maquinistas do Metro conduzem com a qualificação profissional de maquinistas e não são conhecidos como tal, ao contrário dos seus colegas de Lisboa”.
Por outro lado, continua a pairar o perigo da privatização, ua solução incompetente. O caso da Fertagus, que assegura as ligações ferroviárias para a margem sul de Lisboa, é um bom exemplo disso. “O Estado paga mais à Fertagus, que é privada, do que se fosse estatal. E os utentes também pagam bilhetes mais caros.”
*Notícia do site Esquerda.net
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