O periódico norte-americano The Wall Street Journal, do grupo midiático News Corporation, publicou um editorial nesta segunda-feira (18/07) atacando os meios de comunicação que criticaram a companhia de Rupert Murdoch pelo escândalo das escutas ilegais no Reino Unido.
“Esperamos que os leitores possam ver os motivos comerciais e ideológicos de nossos críticos e concorrentes”, declarou o editorial, acusando outros meios de ter um Schadenfreude (expressão alemã para 'desgraça alheia') “tão grosso que não poderia ser cortado com uma serra elétrica”.
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“Surpreendem especialmente as lições sobre padrões jornalísticos provenientes de publicações que deram seu respaldo moral a Julian Assange e o Wikileaks”, continuou o texto em clara referência a jornais como The New York Times e The Guardian.
O Wall Street Journal acusou os meios mais críticos ao escândalo das escutas de tentar que seus leitores acreditem “sem oferecer nenhuma prova” que “os excessos de uma publicação (News of the World) podem ofuscar o trabalho de milhares de jornalistas da News Corporation em todo o mundo”.
“Quando a News Corporation e Rupert Murdoch tomaram o controle da Dow Jones, prometemos respeitar os princípios que sempre tivemos. Vale a pena repetir essa promessa agora que políticos e nossos concorrentes usam as escutas ilegais em um cantinho britânico da companhia para atacar o 'Journal' e talvez danar a liberdade de imprensa”, afirmou o jornal, que foi adquirido pelo grupo em 2007.
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O editorial lembrou que as investigações policiais sobre o escândalo dos grampos telefônicos ilegais efetuados pelo já extinto jornal britânico News of the World – que define como “deploráveis” – prenderam dez pessoas até agora.
“Se a Scotland Yard (polícia britânica) falhou em cumprir a lei adequadamente quando as escutas foram descobertas pela primeira vez há vários anos, então isso é mais preocupante que as próprias escutas”, manifestou o jornal nova-iorquino.
O extenso editorial defendeu a compra dessa publicação por parte do império midiático News Corporation, ao que atribui o fato de ter se transformado no maior jornal dos Estados Unidos, além de respaldar o trabalho do ex-executivo-chefe da Dow Jones, Les Hinton.
“Em sua carta de demissão, o senhor Hinton disse que não sabia nada dessa trama de escutas em grande escala e testemunhou com sinceridade perante o Parlamento em 2007 e 2009. Não temos nenhuma razão para duvidar dele, especialmente com base em nossa experiência de ter trabalhado com ele”, acrescentou o artigo.
O The Wall Street Journal publicou o editorial em um momento de verdadeira tensão para News Corporation, que também está sendo investigada nos EUA para determinar se alguma das publicações do grupo cometeu atividades ilegais no país, especificamente se fizeram escutas de vítimas dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
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