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Política e Economia

Recesso no Parlamento deve aliviar pressão sobre Cameron, dizem especialistas

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Recesso no Parlamento deve aliviar pressão sobre Cameron, dizem especialistas

Juliana Yonezawa
Ernani Lemos

2011-07-21T12:01:00.000Z

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É como se os alunos de uma escola tivessem passado por duas semanas de provas intensas e saíssem de férias sem saber se foram ou não aprovados. O parlamento britânico entra em recesso nesta quinta-feira (21/07), com dúvidas pendentes sobre o futuro político dos principais membros da casa.

A folga começou com um dia de atraso para que o primeiro-ministro, David Cameron, tivesse tempo de discursar sobre os recentes acontecimentos no caso das escutas telefônicas ilegais do extinto tabloide News of the World.

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Nos últimos dias houve muita especulação no Reino Unido sobre uma possível renúncia de Cameron, devido ao suposto envolvimento indireto dele no escândalo. O primeiro-ministro é criticado por ter contratado como Chefe de Comunicação do governo o ex-editor do News of the World, Andy Coulson, mesmo sabendo que o jornalista era suspeito de participar dos grampos telefônicos. Coulson renunciou ao cargo no início do ano, mas a oposição cobra do premiê um pedido de desculpas pelo erro de julgamento na contratação.

Queda improvável

"Apesar das especulações, é altamente improvável que o primeiro-ministro deixe o cargo", disse Tim Bale, professor de Política da Universidade de Sussex, na Inglaterra. Autor do livro "Partido Conservador: de Thatcher a Cameron", Bale explicou que "não há acusação forte suficiente para derrubar o chefe do governo. Não existe sequer prova de que Andy Coulson seja culpado de algum ato ilícito. E caso isso seja provado no futuro, Cameron só terá cometido o deslize de confiar na pessoa errada".

Para Wyn Grant, cientista político da Universidade de Warwick, a posição do premiê não corre perigo no momento, "mas a possibilidade (de renúncia) não pode ser descartada, pois as investigações ainda estão em andamento e sempre existe a chance de surgirem novas revelações devastadoras".

Segundo o especialista, "o desafio dos conservadores em lidar com o caso dos grampos é grande, mas a economia nacional é uma questão muito maior e mais urgente". Tim Bale concorda: "Até as eleições gerais de 2015, o partido terá muito tempo para arrumar a casa. Se cuidar bem da economia e reduzir o déficit dos cofres públicos, Cameron pode minimizar o impacto político do escândalo das escutas telefônicas".

The real problem

As finanças do Reino Unido vivem dias difíceis, seguindo uma tendência na União Europeia. Enquanto sobem as taxas de desemprego e cai a previsão de crescimento econômico, os banqueiros e agentes financeiros – considerados os maiores responsáveis por derrubar a economia – viraram alvo de críticas essa semana quando foi divulgada a notícia de que eles receberam 14 bilhões de libras (35 bilhões de reais) em bônus executivos entre 2010 e 2011.

"É preciso lidar com esse tipo de problema como prioridade", explica Andrew Hawkins, presidente da empresa de pesquisa de opinião ComRes. "A principal preocupação dos eleitores é a economia e continuará sendo assim mesmo depois que todo esse escândalo dos grampos for esquecido", pondera. "Por outro lado, se a situação financeira continuar desse jeito ou piorar, aí sim: Cameron enfrentará muita pressão".

Oportunismo

Quem contribuiu para tornar o escândalo dos grampos uma questão política foi o líder da oposição no parlamento, o trabalhista Ed Miliband. Desde as primeiras publicações das recentes denúncias que levaram ao fechamento do News of the World, Miliband usou o tema como arma para desafiar a autoridade de Cameron no comando do governo. "Miliband ganhou o máximo que pode até agora em termos de território político. Talvez ainda ganhe um pouco mais, mas não o suficiente para se destacar e ameaçar a posição de Cameron", afirma Bale.

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"A principal conquista de Miliband, no entanto, foi mudar em duas semanas a opinião geral do público sobre si mesmo. Ele não era visto por quase ninguém como uma pessoa de expressão suficiente para chegar a ser primeiro-ministro. Entretanto, os últimos 15 dias foram suficientes para que o público passasse a enxergá-lo com mais seriedade", diz.

Para Wyn Grant, Miliband pode ter conseguido parecer um político com mais autoridade. "Mas é preciso lembrar que as escutas telefônicas aconteceram durante a administração do Partido Trabalhista, que também tinha uma relação muito próxima com a News International (empresa a qual pertencia o News of the World). Isso deixa tanto o líder do governo quanto o da oposição em situações desconfortáveis em relação ao escândalo".

Futuro

"É claro que ocorreram eventos chocantes, mas agora a tempestade parece que vai acalmar e o tempo brando deixa a dúvida se o cidadão fora da classe política está realmente interessado nesse assunto", diz Grant sobre os grampos.

Já Bale vê um benefício no episódio para os políticos: "Existem atualmente laços muito estreitos entre política e imprensa no Reino Unido. Os políticos temem grandes empresários da mídia, como Rupert Murdoch. Talvez esses acontecimentos possam levar a uma relação menos dependente e mais saudável entre os poderosos dos dois lados".

A confirmação ou não dessas previsões deve demorar. Por enquanto, os parlamentares vão aproveitar as férias de verão para descansar ou – em alguns casos – para trabalhar em suas zonas eleitorais. Só quando voltarem ao parlamento, no começo de setembro, os políticos vão saber se as polêmicas das escutas telefônicas afetaram o pensamento dos eleitores.

Andrew Hawkins afirma que "há um contraste entre popularidade e autoridade. Não acho que esses eventos tenham um impacto duradouro na popularidade de David Cameron, mas acredito que haverá dúvidas sobre o julgamento político dele e, consequentemente,  sua autoridade. Em termos gerenciais, o primeiro-ministro é visto como competente, mas os eleitores realmente se preocupam com as escolhas pessoais do líder e querem saber até que ponto o premiê entende os anseios do cidadão comum".

Bale foi mais simples e direto: "É geralmente nas férias que a imagem dos políticos se recupera por aqui.  Quando estão fora de cena, eles ganham mais simpatia do povo. Então provavelmente os parlamentares vão voltar descansados e seguros", brincou o professor.


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Política e Economia

Venezuelanos vão às ruas para exigir liberação de bens estatais bloqueados no exterior

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Manifestantes pedem devolução da refinaria Citgo, de avião retido na Argentina e das reservas de ouro na Inglaterra

Lucas Estanislau

Brasil de Fato Brasil de Fato

Caracas (Venezuela)
2022-08-10T16:21:00.000Z

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Sindicatos e movimentos populares venezuelanos foram às ruas de Caracas nesta terça-feira (09/08) para exigir a liberação de bens estatais que estão bloqueados no exterior.

Os manifestantes percorreram avenidas da capital e concentraram suas reivindicações nos casos da refinaria Citgo, nos EUA, de avião retido na Argentina e das reservas de ouro que estão presas no Banco da Inglaterra.

Pela manhã, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, havia reiterado a convocatória feita pelo governo. "A Venezuela marcha hoje pela defesa e pelo resgate dos bens nacionais ilegalmente retidos e sequestrados. Queremos eles de volta. Devolvam o ouro, a Citgo, o avião e o dinheiro que pertence ao povo. Exigimos respeito", afirmou o mandatário.

Nesta segunda-feira (08/08), Maduro já havia prometido iniciar uma campanha pela liberação dos ativos venezuelanos que contaria com "todas as nossas armas comunicacionais, sociais e políticas".

O caso do Boeing 747 

O presidente do partido governista PSUV, Diosdado Cabello, também mencionou o bloqueio dos bens da Venezuela na segunda-feira (08/08) e fez críticas ao governo argentino pela retenção de um avião venezuelano no país que já dura dois meses.

"O avião é da Venezuela e está sequestrado pelo governo do presidente [Alberto] Fernández, que é o único responsável pelo que pode ocorrer com esse avião e com a tripulação venezuelana", disse Cabello.

Um Boeing 747 pertencente à empresa venezuelana Emtrasur, filial da estatal Conviasa, pousou no aeroporto de Ezeiza, na Argentina, no dia 6 de junho. De tipo cargueiro, o avião estava ocupado por uma tripulação de 19 pessoas, transportava peças de automóveis e tinha como destino o Uruguai.

No dia 8 de junho, a aeronave foi impedida de decolar pela Justiça argentina e os passaportes da tripulação foram retidos.

O caso representou mais um episódio de cerceamento de atividades e bloqueio de bens venezuelanos por conta das sanções dos EUA contra o país, já que tanto a estatal da Venezuela Conviasa quanto a empresa iraniana Mahan Air, que vendeu o avião à Emtrasur, estão sancionadas por Washington.

No último dia 2 de agosto, o Departamento de Justiça dos EUA pediu ao governo argentino que confisque a aeronave venezuelana pelas supostas "violações de leis de controle de exportações dos Estados Unidos".

Nesta segunda, a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba-TCP) condenou a decisão de Washington e chamou a detenção do avião de "ilegítima e ilegal".

PSUV
Ato contou com a participação de sindicatos e movimentos populares contra o bloqueio

"A Aliança repudia a manutenção das medidas coercitivas unilaterais contra o povo e o governo venezuelanos e faz um novo chamado à comunidade internacional para exigir o fim dessas medidas", afirmou a organização em nota.

O ministro do Transporta da Venezuela, Ramón Velásquez Araguayán, participou da marcha realizada em Caracas nesta terça ao lado de trabalhadores da Conviasa e destacou que a detenção do avião da Emtrasur na Argentina viola os convênios internacionais sobre aviação.

"Há meses, nossos pilotos e tripulantes foram taxados de terroristas. Eles não são terroristas, não estão fazendo espionagem e muito menos são procurados pela Interpol", afirmou o ministro.

O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, também esteve presente no ato e afirmou que o bloco de deputados governistas no Legislativo trabalhará para defender "com todos os recursos possíveis nosso avião sequestrado e para que nossos compatriotas voltem ao país". "Aqui há um rio de gente que se levanta contra as sanções, que se levanta contra o bloqueio, que se levanta contra a agressão à nossa empresa Conviasa", afirmou o parlamentar.

Ouro e Citgo sob controle de Guaidó

As outras principais reivindicações dos protestos desta terça foram a liberação das 31 toneladas de ouro, equivalentes a US$ 1,9 bilhão (R$ 9,83 bilhões), presas no Banco da Inglaterra e a devolução da refinaria Citgo ao Estado venezuelano.

Ambos os recursos foram bloqueados por conta do reconhecimento dos governos de EUA e Reino Unido da presidência fictícia do ex-deputado Juan Guaidó.

As reservas de ouro da Venezuela estão congeladas há mais de dois anos em Londres porque a Justiça britânica não reconhece a autoridade do Banco Central venezuelano sobre os fundos. Ao contrário, os tribunais aceitam a existência de um "Banco Central" nomeado por Guaidó e alegam que esse suposto órgão deveria ser o responsável por gerir o ouro.

Em julho, a Justiça britânica voltou a dizer que a autoridade do opositor é "legítima", ainda que não tenha liberado o acesso da oposição às reservas venezuelanas. O governo Maduro prometeu recorrer.

Já a rede de refinarias Citgo, que fica nos EUA e pertence à estatal petroleira da Venezuela PDVSA, é controlada por opositores nomeados por Guaidó com aval da Justiça estadunidense desde que o ex-deputado se autoproclamou "presidente". A empresa está avaliada em US$ 8 bilhões e nos últimos anos esteve sob ameaça de ser vendida para sanar dívidas da PDVSA com credores internacionais.

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