* Atualizada às 6h do dia 23 de julho de 2015
Amália da Piedade Rodrigues foi uma cantora portuguesa, considerada o exemplo máximo do fado, aclamada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes cantoras do século 20. Era a quinta filha de uma prole de nove irmãos. Nasceu em 1º de Julho de 1920, porém foi registrada depois, sendo oficialmente nascida em 23 de Julho de 1920.
Amália queria que o aniversário fosse celebrado no dia 1º e dizia: “Talvez por ser essa a altura do mês em que havia dinheiro para me comprarem os presentes”. Dentro de casa, ela cantava tangos de Carlos Gardel e outras cantigas. Aos 15 anos, vai vender fruta no Cais da Rocha e é notada devido ao especialíssimo timbre de voz. Um assistente a recomenda para a casa de fados mais famosa de então, o Retiro da Severa. O fado tinha pouco mais de um século, é uma manifestação urbana dos bairros populares e operários de Lisboa.
Ouça Amália Rodrigues interpretando 'Canção do Mar' ao vivo:
Com o advento do rádio e do disco, as vozes das fadistas chegavam diretamente a um público mais vasto. Em 1938, Amália representa o Bairro de Alcântara no Concurso da Primavera em que se disputa o título de Rainha do Fado. Canta aqui e ali, cantigas tradicionais e danças rurais, do vira ao malhão, bem como as marchas populares nas festas dos santos populares.
Wikimedia Commons/arte em grafite
O Estado Novo criava a carteira profissional de fadista, sem a qual os fadistas não podiam se apresentar em público. O fado salta das ruas, vielas e casas de pasto de Lisboa para as “casas de fado” como o Solar da Alegria e o Retiro da Severa. É precisamente no Retiro da Severa, que em 1939 Amália faz a sua estreia profissional. No ano, seguinte atua no Solar da Alegria, como artista exclusiva com repertório próprio. Estreia no Teatro Maria Vitória, na revista “Ora vai tu” personificando a fadista vestida com xale negro.
A jovem Amália impressiona a todos. Canta com intensidade dramática. Em 1943, estreia com grande êxito no exterior, em Madrid. Em 1944 está no Brasil. A sua estada, prevista para seis semanas, estende-se por três meses e grava, em 78 rotações, os seus primeiros discos que são vendidos em 16 países.
Amália dá ao fado um novo fulgor. Canta o repertório tradicional de uma forma diferente, subordinando o ritmo regular da melodia ao sabor da dicção poética, com suspensões inesperadas e acrescenta ornamentos novos, que foi a buscar às cantigas da Beira Baixa. Ultrapassa todas as fronteiras e preconceitos culturais.
Leia mais:
Hoje na História: 1932 – Salazar é nomeado primeiro-ministro de Portugal
Hoje na História: Sem derramar sangue, Revolução dos Cravos põe fim à ditadura
Partido Comunista Português lembra papel de Saramago na Revolução dos Cravos
Apesar do reconhecimento internacional, o ditador local, Salazar sempre se referia a ela como “criaturinha”. Nunca ficou deslumbrada pelo sucesso, mesmo sendo a única artista portuguesa conhecida no exterior. Amália era conotada com um dos Fs do país – Fado, Fátima e Futebol. Por isso, era maltratada por alguns militantes da esquerda mais radical. Muitos desconheciam a sua generosidade e a sua contribuição para a Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos durante o fascismo.
Outros fatos marcantes da data:
1840 – É criada a Província do Canadá
1942 – O campo de extermínio nazista de Treblinka
1961 – É fundada na Nicarágua a Frente Sandinista de Libertação Nacional
Em 1980, já na redemocratização, é condecorada com a Ordem do Infante D. Henrique pelo então presidente Mário Soares, que a considera “uma mulher que soube conviver bem com a Revolução de 25 de abril”. Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e, devido ao simbolismo que este gênero musical tem na cultura portuguesa, considerada como uma das suas melhores embaixadoras.
Em 6 de outubro de 1999, Amália morre aos 79 anos, em sua casa. Dois anos depois, em julho de 2001, seu corpo foi trasladado para o Panteão Nacional, onde repousam os expoentes máximos da nacionalidade.
Siga o Opera Mundi no Twitter
Conheça nossa página no Facebook
NULL
NULL