O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje (28) que a ditadura de Honduras demonstra um “estado de surdez” ao rejeitar a entrada da missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) no país, para tentar uma solução negociada para a crise que se instalou após ao retorno clandestino do presidente deposto, Manuel Zelaya, a solo hondurenho.
Em Brasília, Amorim telefonou ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, ao secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, e à secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton.
“Nas conversas, demonstrei preocupação em dois fatores importantes. O ultimato ou pseudoultimato dado pelo governo de fato em relação à presença diplomática do Brasil e também à recusa da missão precursora da OEA em Tegucigualpa. Os dois fatos são graves porque eles demonstram que há quase que um estado de surdez das autoridades de fato em relação ao que eu tenho dito à comunidade internacional. Há uma total falta de receptividade ao não receber uma missão precursora da OEA. Demonstra uma total negativa ao diálogo e à posição pacífica”, disse Amorim.
“Talvez um envolvimento maior das Nações Unidas, que têm mais poderes de ação, ainda que sem uma medida imediata, teria possivelmente um efeito positivo”, comentou o chanceler brasileiro. O ministro de Relações Exteriores evitou ainda tecer comentários sobre a necessidade de uma eventual missão da ONU em Honduras.
Guardião
Amorim justificou o asilo diplomático brasileiro a Zelaya, destacando que o Brasil está defendendo os princípios da democracia na região e não tem nenhum interesse próprio. Segundo ele, o Brasil não pode recuar agora, pois seria um ato de covardia.
“Por uma situação que ele não criou, o Brasil praticamente virou o guardião de um presidente democrático e o presidente legítimo de um país. Seria muito fácil para nós simplesmente retirar os dois diplomatas que estão lá e o oficial administrativo, e o problema de segurança, do ponto de vista do Brasil, terminaria. Mas nós não podemos fazer isso porque seria, primeiro, um gesto de covardia e, segundo, um gesto de desrespeito à própria democracia e um incentivo a outras golpes de estado no continente”, afirmou.
Zelaya na ONU
Manuel Zelaya dirigiu-se hoje diretamente à Assembleia Geral da ONU, via telefone celular, e pediu apoio à organização para que reverta o golpe de estado de que foi vítima.
A breve conexão foi feita por intermédio de Patricia Rodas, chanceler leal ao presidente deposto.
“Solicito às Nações Unidas para reverter este golpe de estado, para que a democracia seja um bem para todas as nações do mundo”, disse.
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