Um dia, o mexicano Servando Gómez Martínez deixou seu posto de professor em uma escola pública do estado de Michoacán, no México, para ser agricultor. Pouco tempo depois, desistiu do trabalho no campo e criou um centro de ajuda para dependentes químicos. No início de 2011, tornou-se La Tuta: um dos traficantes mais procurados do país, e o número dois do cartel Os Cavaleiros Templários.
Seu passado de educador, no entanto, não ficou para trás quando ele deixou sua escola em Michoacán. La Tuta, que já teve o rosto estampado com a legenda 'procurado', continua recebendo o salário de 24.480.78 pesos (equivalente a 3.200 reais) por trimestre. Servando Gómez Martínez é considerado o fundador de outro cartel, o La Familia, do qual fez parte antes de tornar-se um “templário”. As informações são do jornal espanhol El Mundo, do mexicano El Universal e da rede CNN.
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Mesmo após deixar a sala de aula, La Tuta continua a receber seu salário
O caso foi descoberto porque uma norma determinou a publicação dos salários dos professores das escolas públicas. O sindicato e os veículos locais rapidamente localizaram o nome de Servando Gómez Martínez – também conhecido como El Profe, além de La Tuta. A notícia não demorou para chegar ao Congresso, e a já se tornou uma arma da oposição, que questiona o Ministério da Educação.
“Sobre Servando Gómez Martínez recai uma ordem de prisão emitida pela Justiça por crime organizado e crimes contra a saúde. O que torna inexplicável sua permanência no padrão de docentes de Michoacán”, criticou o PRI (Partido Revolucionário Institucional), principal força de oposição ao governo de Felipe Calderón.
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Um dos cartazes que pede a recompensa por La Tuta, à direita
Servando Gómez Martínez, 45 anos, fã de tarô, nasceu na cidade de Arteaga, é considerado ainda “um homem violento, capaz de assassinar até quando saía uma carta no tarô lhe indicando que alguém o trapaceava”, revelou um relatório elaborado pela Procuradoria Geral do México.
Em fevereiro de 2009, seu filho Servando Gómez Patiño foi preso por envolvimento com o narcotráfico. Meses depois, em 16 de agosto, sua mãe, María Teresa Martínez, e seu irmão Luis Felipe Gómez também. Um de seus parceiros no La Familia Nazario Moreno González, conhecido como El Chayo, foi assassinado em dezembro do ano passado.
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Nesta quinta-feira (04/08), a emissora de rádio local WRadio divulgou uma gravação telefônica que comprova vínculos entre La Tuta e o deputado federal Julio César Godoy Toscano, irmão do governador de Michoacán, Leonel Godoy. Segundo o jornal El Universal, os vínculos do traficante com políticos e com a imprensa estão sendo investigados.
A recompensa pela captura de La Tuta é de dois milhões de dólares. Mas, até agora, o único que recebeu algum dinheiro do governo foi ele.
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