A Frente Nacional de Resistência Contra o Golpe realizou hoje (30) uma manifestação na avenida Morazán, em frente à sede da Rádio Globo – fechada pelo governo ditatorial desde segunda-feira – com a participação de aproximadamente duas mil pessoas. O protesto foi reprimido com violência pela polícia.
Mais de 500 policiais, além de membros do Exército, estavam no local. O chefe da operação permitiu que os manifestantes ficassem ali por uma hora e avisou que não permitiria atrasos. No caso de não obedecerem à ordem, atuaria para dispersar a multidão pela avenida.
Os manifestantes pensaram que se tratava apenas de uma ameaça, mas sessenta minutos depois comprovaram que estavam equivocados. Terminado o prazo, os policiais avançaram contra as pessoas, que correram por uma rua próxima. A duas quadras dali, começaram a polícia lançou bombas de gás lacrimogênio contra os manifestantes.
Com um ar irrespirável, algumas pessoas correram por outra rua, enquanto um grupo menor encarava os policiais e gritava com os repressores. Depois, se enfrentaram com pedaços de paus e fugiram.
De repente, de uma esquina, surge um grupo de policiais que estava atrás dos demais manifestantes. Trazia consigo alguns deles.
Enquanto isso, outros policiais gritavam eufóricos e cercavam um jovem artesão de origem espanhola que acompanhava as mobilizações da Resistência. Levado pelos policiais, ele gritava e dizia que “o povo tem o direito de se expressar”, que somos “todos irmãos”.
Ulises Rodríguez/EFE
Artesão de origem espanhola é detido durante manifestação em frente à sede da Rádio Globo
Os jornalistas que tentavam se aproximar eram empurrados pelos policiais.
A confusão se estendeu por quatro quadras, até o local onde estavam os chefes da operação. Depois de conversarem em sigilo por alguns minutos, sob a vista de muitas câmeras, soltaram o artesão. Com um empurrão, um oficial disse que ele estava livre.
”Como viram, somos uma polícia profissional e civilizada. Liberamos o detido porque consideramos que não era necessário prendê-lo. Vocês viram como o tratamos bem”, disse com um sorriso o oficial de sobrenome Molina, que agiu como porta-voz da polícia.
Mas o sorriso logo desapareceu quando lhe perguntaram por que naquela madrugada, quando desocuparam a sede do Instituto Nacional Agrário, detiveram 56 pessoas, sendo quatro mulheres e duas crianças, sob acusação de levante popular, até mesmo os menores de idade. Molina não disse nada, guardou o sorriso e se misturou aos demais policiais.
NULL
NULL
NULL