Com Lula, Portugal chama empresários brasileiros para participar de privatizações
Com Lula, Portugal chama empresários brasileiros para participar de privatizações
O programa de privatizações de Portugal iniciado em abril deste ano ganhou um importante reforço para atrair investidores brasileiros. Em seu primeiro 7 de Setembro após deixar o governo brasileiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de evento na embaixada brasileira em Lisboa que, além de diversos empresários, contou com a presença do premiê português Pedro Passos Coelho.
O papel de Lula no encontro foi mostrar as possibilidades que surgirão para o Brasil com o programa e em como será possível atrair novos mercados além das fronteiras portuguesas. "O Brasil deve olhar para a TAP", disse, em razão da entrada da companhia aérea no continente africano; "e para as indústrias navais portuguesas, setor em que o Brasil tem larga experiência".
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A TAP, que tem 30% de sua operação constituída de voos passando pelo Brasil, será privatizada até o ano que vem e já despertou a atenção da TAM. O edital da venda de 20% dos 25% que o Estado português tem na companhia elétrica EDP deve sair até o fim do mês. A fatia está na mira da Eletrobrás, mas também da francesa GDF e de concorrentes chineses e alemães. Já as negociações entre a petroleira Galp e a Petrobras, que se desenvolviam desde 2010 com vistas à aquisição pela brasileira de uma fatia detida pela italiana Eni, esfriaram no início do ano.
Foi a segunda visita de Lula ao país este ano. Na primeira, em março, ele estava junto com a presidente Dilma e recebeu o título de Doutor Honoris causa pela Universidade de Coimbra. Na ocasião, Lula defendeu que o Brasil devia auxiliar Portugal – à época, o país ibérico acabava de ser resgatado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e pela UE (União Europeia) por não conseguir financiar sua dívida no mercado privado. Havia a expectativa de que Dilma fosse anunciar, durante a visita, a aquisição de títulos da dívida portuguesa. Entretanto, o fato de os papéis terem baixa notação nas agências de rating era apresentado pelo Banco Central do Brasil como um impedimento à aquisição.
Vitor Sorano/Opera Mundi
O ex-presidente Lula e o premiê português Passos Coelho
A presença do primeiro ministro português surpreendeu até a diplomacia brasileira. Segundo o cônsul-geral do Brasil em Lisboa, Renan Paes Barreto, não é comum esse tipo de aparição, o que aponta a aproximação entre os dois países e a importância do papel de Lula nesse contexto, mesmo fora do governo. "Lula foi presidente duas vezes. Ele entende que, em uma relação bilateral, até para que se crie mais solidez, não se fica só nas boas intenções. As relações comerciais dão certa solidez às relações políticas", disse.
As empresas de Portugal e do Brasil se aproximam há tempos. Mas o momento de crise é considerado propício para o fortalecimento dessas relações. O alcance de um novo patamar nas relações econômicas entre os dois também foi mencionado no discurso do embaixador do Brasil, Mário Vilalva.
Vitor Sorano/OperaMundi
Festa do 7 de Setembro na embaixada brasileira em Lisboa
"Brasil e Portugal estão consolidando novas modalidades de relação. O Brasil está redescobrindo Portugal com importantes investimentos. Empresas brasileiras estão aportando no Brasil". Para ele, os dois países darão um grande salto para derrubar as barreiras comerciais entre os blocos econômicos a que os dois países pertencem, Mercosul e União Europeia, resgatando o Atlântico como grande via de comércio mundial.
Homenagem
Durante o evento, Lula, convidado de honra, foi ainda homenageado com a medalha Leonardo Da Vinci pelo ISEL (Instituto Superior de Engenharia de Lisboa), pela transmissão do ensino da engenharia.
Na noite anterior, Lula jantou com Passos Coelho e membros da cúpula do governo português. Estavam no encontro o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, que viajou recentemente ao Brasil para apresentar as estatais portuguesas a serem privatizadas, e o secretário de assuntos parlamentares, Miguel Relvas, braço direito do premiê.
Pelo lado brasileiro, estiveram Paulo Okamoto, ex-presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e membro do Instituto Cidadania (que se transformará em Instituto Lula), além de altos membros do corpo diplomático brasileiro.
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Chuvas na Austrália causam enchentes na região de Sydney e 85 mil devem deixar suas casas
Em menos de uma semana choveu mais do que a média esperada para todo o mês de junho na cidade australiana
As chuvas fortes e incessantes na costa leste da Austrália provocam enchentes históricas na região de Sydney, onde diversas estradas e pontes estão encobertas pelas águas. Nesta quarta-feira (06/07), milhares de australianos deixavam suas casas em busca de locais mais seguros ao norte do país.
As cheias começaram na semana passada e estão longe de terminar. Só na cidade de Sydney, em quatro dias caíram 208 mm de chuvas, mais do que a média esperada para todo o mês de junho.
Com isso, os rios transbordaram, deixando bairros inteiros inundados. As autoridades australianas deram ordem de evacuação para 85 mil habitantes.
Algumas estradas e pontes estão debaixo d’água, reduzindo as possibilidades de rota de fuga dos habitantes. Os serviços de resgate de Nova Gales do Sul já receberam mais de 7 mil pedidos de ajuda e fizeram centenas de resgastes nos últimos dias, conforme relatou Ashley Sullivan, um dos responsáveis pelos serviços de resgate local para a televisão News Channel.
#NSWRFS aviation crews undertook reconnaissance over the Windsor area of Sydney this afternoon, as we continue to assist the @NSWSES with flood and storm damage. Crews are also helping with the clean-up where waters are receding. pic.twitter.com/YkQdFWW45J
— NSW RFS (@NSWRFS) July 6, 2022
O governo federal declarou estado de calamidade pública por desastre natural em 23 áreas do Estado de Nova Gales do Sul, incluindo a capital Sydney. Os serviços meteorológicos preveem que as chuvas continuarão na região até o final de semana.

Twitter/NSW RFS
Serviços de resgate de Nova Gales do Sul já receberam mais de 7 mil pedidos de ajuda
Chuvas históricas
O total de chuvas deste ano para a região já é a maior registrada desde 1890. Até agora, Sydney acumulou 1769 mm de precipitação, 191mm a mais do que o recorde de mais de um século.
Com as tempestades contínuas, o ano de 2022 deve ser o mais chuvoso da região desde 1859. Faltando cinco meses para seu fim, 2022 já aparece como o 11° ano com mais chuvas em Sydney no histórico de registros, segundo a agência meteorológica Weatherzone.
Nesta quarta, o primeiro-ministro Anthony Albanese visitou a área afetada e prometeu que seu governo se dedicará a buscar "soluções de longo prazo" para os desastres naturais que têm atingido a costa do país.
Embora "a Austrália sempre tenha sido propensa a inundações e incêndios florestais", os cientistas advertem que a mudança climática tornará esses eventos mais frequentes e intensos. "É o que está acontecendo", afirmou ele.