Um grupo de indígenas da etnia lenca buscou refúgio na Embaixada da Guatemala, em Tegucigalpa, por conta da série de ameaças recebidas das forças de segurança aliadas aos golpistas. Integrantes do Copimh (Conselho de Organizações Populares Indígenas de Honduras), os índios fazem parte do movimento de Resistência ao Golpe e apoiam o líder legítimo de Honduras, Manuel Zelaya.
Entre os 12 indígenas que solicitaram asilo, há quatro menores de idade, crianças que olhavam com surpresa para a nuvem de fotógrafos e repórteres que os acompanhava através da grade da embaixada. Alguns se viraram na direção dos mais velhos – cansados e com medo. Todos esperavam ser recebidos por uma autoridade guatemalteca.
Lidia Funes, uma indígena, chegou acompanhada dos dois filhos. Trazia no rosto a apreensão. Os empregados da representação diplomática estavam nervosos, pois não esperavam as visitas e não se tranqüilizaram até o embaixador autorizar a permanência do grupo no edifício.
Logo Lidia se aproximou da porta e contou sua história. “Desde 28 de junho estamos protestando pelo retorno do nosso presidente. Nos detiveram uma vez. No dia, bateram em mim e em minha filha, mas estávamos defendendo o presidente, eu garanto, senhor”, relatou com um tom de voz baixo. Lidia recordou que foi presa com os filhos e todos foram obrigados a colocar as pernas em um lamaçal com material fecal.
As ameaças não terminaram, contou. “Nos disseram que iam nos queimar, como o farão com nosso presidente, caso nos prendessem novamente. Não se pode viver, senhor, eles são muito violentos”, disse antes que um de seus companheiros a orientasse a entrar na sede diplomática.
O governo da Guatemala logo emitiu um comunicado, no qual assinalou que a Constituição do país contempla o asilo por questões políticas e dessa forma, iria iniciar todos os trâmites necessários. Os indígenas demonstraram apreensão em continuar em Honduras e avaliaram inclusive a possibilidade de começar uma greve de fome.
“A ditadura nos persegue, nos tortura e nos mata. Não podemos seguir assim. Por isso os companheiros que correm mais risco de vida vieram até a embaixada”, afirmou Francisco Zúñiga, dirigente do Copinh.
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