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Política e Economia

Ocupação de Wall Street resgata debate sobre os 'rebeldes sem causa' nos EUA

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Ocupação de Wall Street resgata debate sobre os 'rebeldes sem causa' nos EUA

Thiago Carrapatoso

2011-10-08T12:00:00.000Z

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- Hey, Johnny, contra o que você está se rebelando?

- O que você sugere?

O diálogo do filme O Selvagem da Motocicleta, em que Marlon Brando atua como um motociclista juvenil, demonstra que já desde a década de 1950 os protestos sem uma razão específica para se protestar não são tão irracionais ou inesperados. “Isso talvez seja a maior força deste movimento, que não começou com metas fixas e rígidas”, acredita o professor de Políticas Sociais do Instituto Politécnico Rensselear, Langdon Winner, conhecido por seus artigos sobre cultura americana e tecnologia. Ele também foi repórter durante alguns anos da da revista Rolling Stone.

Thiago Carrapatoso/Opera Mundi

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Galeria de imagens: acampamento anti-Wall Street‎ tem música e biblioteca comunitária

O movimento de ocupação de Wall Street tem sofrido grandes contestações da mídia por esta falta de definição específica sobre o que são os protestos. Desde o dia 17 de setembro, vários grupos sociais decidiram ocupar a praça onde os executivos das maiores instituições financeiras do mundo sentam para almoçar: a LibertyPlaza. A ideia, pegando como princípio o que aconteceu na Primavera Árabe, é demonstrar que o sistema financeiro e político do mundo está falido. Enquanto se vê uma crise do sistema capitalista cada vez maior, há 1% da população que representa cerca de 50% da riqueza mundial. A manifestação é a voz dos 99% restantes, como dizem os participantes da ocupação.



“Só para citar um exemplo, hoje, nos EUA, os jovens enfrentam um terrível índice de desemprego. Esta situação é a pior porque contradiz o que sempre foi prometido para eles: 'o sonho americano'. O montante de débito estudantil por meio de empréstimos para pagar um curso superior atualmente ultrapassa o total de débito em contas de cartão de crédito. É quase 1 trilhão de dólares! Os estudantes saem das universidades devendo dezenas, às vezes centenas de milhares de dólares e descobrem que não há empregos esperando por eles. Será que eles são uma bomba relógio? Claro. Um dos itens que eles podem colocar como demanda é isso: perdão de todos os empréstimos estudantis”, conextualiza Winner.

Na quarta-feira (05/10), o movimento realizou uma manifestação que foi reprimida fortemente pela polícia, terminando com 28 pessoas presas. A manifestação, porém, marca uma mudança na estrutura e credibilidade do movimento para os olhos de grupos mais conservadores. O sociólogo e professor de Jornalismo e Sociologia da Universidade Columbia, Todd Gitlin, analisa o contexto: “A importância do que aconteceu na quarta-feira é que sindicatos e organizações liberais, que são mais tradicionais e hierárquicos, se juntaram aos grupos com posições mais anáquicas. E em números bem grandes. E de muita boa-fé. O que se tem é que a ingenuidade dos protestantes iniciais encontrou um meio para atrair e escolher um momento para que as pessoas que não se ligam culturalmente ao movimento entendam que algo está acontecendo e que estão cansadas de esperar. Nós estamos em uma posição bem diferente da que estávamos na semana passada”.

A demonstração de que o sistema vigente está falido é o que tem atraído cada vez mais organizações, inclusive as mais conservadoras e tradicionais, para o movimento. Nessa quinta-feira (06/10), a Federação de Professores Americanos oficializou o seu apoio à ocupação. Até o apresentador apolítico David Letterman disse em seu programa concordar com o acampamento no distrito financeiro.

Gitlin e Winner concordam que esses protestos já estavam anunciados para acontecer de qualquer maneira. O que adiou para que acontecesse agora foi a eleição de Barack Obama à presidência do país. Os grupos esperaram para ver se o líder eleito conseguiria driblar a crise e resolver a falência global. “Agora, está perfeitamente claro que Obama é só um outro político, alguém considerado relutante ou incapaz de domar a dolorosa crise econômica e política que os norte-americanos vivem todos os dias. Obama e os outros de Washington, a elite do distrito de Columbia, perderam o seu momento de agir. Eles provaram a sua irrelevância. Por razões muito boas, a população decidiu tomar a democracia com suas próprias mãos”, explana Winner.

Thiago Carrapatoso

O que se vê agora e que influenciará a próxima eleição, segundo Gitlin, é que os Estados Unidos contam com uma nova força que influenciará e até decidirá os rumos do país: a sociedade. A democracia norte-americana, agora, precisa lidar com um agente que estava até então oprimido das decisões e relações políticas. A ocupação e manifestação no coração financeiro do mundo fez com que o questionamento sobre o que é a democracia nos EUA se tornasse mais popular e divulgada por todas as camadas da sociedade. “Agora há uma nova força. Nós estamos em um novo contexto político”.

Para Langdon Winner, porém, o futuro pode não ser tão promissor quanto se parece agora. “É muito cedo para dizer se este fermento moverá a sociedade para uma situação mais justa, igualitária e de engajamento público. Aliás, um possível resultado é uma reação fascista viral, algo que frequentemente ocorre quando a economia quebra, como aconteceu na Europa durante os anos de 1930. Nos EUA hoje, é um desafio saber se vai prevalecer a democracia direta da ocupação em Wall Street ou o fascismo do movimento Tea Party. Estes são tempos extremamente perigosos.”


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Hoje na História

Hoje na História: 1937 - morre o megaempresário norte-americano John Rockefeller

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Ele encarnou o símbolo do homem de negócios implacável, astuto e sem alma caracterizado no século XIX

Max Altman

2022-05-23T16:45:00.000Z

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John Davison Rockefeller, homem de negócios rígido, astuto mas sem alma, embora fervoroso batista, o mais marcante e o mais rico dos grandes empresários norte-americanos do final do século XIX, morre em 23 de maio de 1937 em Ormond Beach, Flórida.

A descoberta de uma jazida de petróleo, pela primeira vez, em 27 de agosto de 1859, surge num momento em que as necessidades de claridade não eram mais satisfeitas pelos lampiões tradicionais ou as lâmpadas a óleo.

Aquele óleo negro saído das pedras de Pensilvânia iria revolucionar a vida cotidiana. Esquecidos das lamparinas sujas, custosas e esfumacentas eis que sugue a lamparina a querosene incandescente, uma claridade adequada, de boa luminosidade e relativamente econômica.

A partir da descoberta, ele se dedica à refinar o petróleo bruto, e muito rapidamente, iria dominar a economia do setor. A dominação do setor significava passar pela extração do óleo por meio de poços e ter a capacidade de refinar o produto. E praticamente o único em condições de fazê-lo era John Davison Rockefeller, também fundador da Standard Oil.

Ele iria dominar também as estradas de ferro que transportavam os produtos petroleiros dos locais de extração ao locais de refino, além dos grandes centros consumidores. Passou a ameaçar todos aqueles que se dispunham a com ele concorrer para a construção da arma fatal a solucionar o problema do transporte do petróleo: o oleoduto. E também a fabricar e distribuir no mundo todo os famosos botijões de querosene Jacaré. Os botijões eram distribuídos quase de graça obrigando os usuários a consumir o querosene fabricado pela Standard Oil.

Rockefeller iria visitar uns após outros de seus concorrentes refinadores e propõe a todos eles comprar suas refinarias em troca de um certo volume de ações sem direito a voto de sua própria empresa: a Standard Oil de Ohio.

Usa de métodos muito pouco convencionais, ameaçando os concorrentes em arruiná-los baixando drasticamente o preço do refino. Na verdade, Rockefeller queria era se beneficiar da baixa dos preços de transporte, cujo meio também monopolizava. Pouco demorou para que a Standard Oil viesse a deter 80% do mercado de refino. O produto resultante do refino era a querosene cuja iluminação por intermédios dos lampiões, clareava as noites estendendo pela primeira vez a jornada em muitas horas mais. Mais tarde foi o combustível preferido e adequado que movimentou a nascente indústria do automóvel.

Wikicommons
Rockefeller foi criador da empresa precursora no ramo de petróleo e combustíveis Standard Oil

Era a época do nascimento dos trustes, empresas cheias de tentáculos cujo capital era repartido entre uma minoria de acionistas com direito a voto nas assembleias gerais e os ‘‘trustees’’, acionistas em direito a voto. O abuso da posição dominante dos trustes  como a Standard Oil suscitou a aprovação em 1890 da Lei Shermann ou lei antitruste.

Vinte anos mais tarde, após deter 80% da capacidade de refino em todo o país, por  consequência desta lei e de seus próprios excessos, a Standard Oil foi obrigada a se dividir em 33 sociedades teoricamente independentes. Pouco a pouco, valendo-se das falhas regulamentares, iria se reconstituir em torno da Standard Oil of New Jersey, que seria mais conhecida pelo nome de Esso, depois Exxon e Exxon Mobil para tornar-se a líder de um cartel dominante do setor petrolífero mundial: ‘‘As Sete Irmãs’’, apodo de um cartel oculto que dominou de maneira esmagadora o setor petrolífero mundial durante a primeira metade do século XX.

São compostas dos principais filhos da Standard Oil fundada por John Rockefeller e pulverizada conforme a lei Shermann: Standard Oil of New Jersey (Esso, hoje Exxon-Mobil), Standard Oil of New York (Socony ou Mobil, hoje Exxon-Mobil), Standard Oil of California (Chevron), Texaco (Chevron), Gulf Oil (Chevron), assim como de duas companhias europeias: Anglo-Persian (hoje British Petroleum, ou BP) e Shell.

Também nesta data:

1703 - Surge no Irã a fé baháí
1498 - Após desafiar o papa, Savonarola é morto
1873 - É criada a Real Polícia Montada do Canadá
1992 - O juiz Giovanni Falcone é assassinado pela máfia
1934 - Polícia mata o famoso casal de foras-da-lei Bonnie e Clyde

(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.

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