Lula diz que violência no Rio mancha imagem do Brasil e sugere conselho sul-americano para combater tráfico
Lula diz que violência no Rio mancha imagem do Brasil e sugere conselho sul-americano para combater tráfico
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou hoje (19) os confrontos ocorridos no último final de semana na cidade do Rio de Janeiro, onde um helicóptero da Polícia Militar foi derrubado e ao menos 17 pessoas morreram em confrontos entre policiais e traficantes. Segundo ele, a violência “mancha” a imagem do país no exterior.
“Eu não poderia ter outras palavras a não ser condenar o que aconteceu em todos os aspectos”, afirmou Lula durante encontro em São Paulo com o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe. “Oferecemos ajuda ao governador [Sérgio Cabral] e vamos repor o helicóptero que acabou caindo. O importante agora é perseguir quem praticou estas mortes, pois em um conflito desta magnitude, muitos inocentes acabam pagando. Precisamos limpar essa sujeira que essa gente põe no Brasil”, completou.
Lula propôs a criação de um conselho sul-americano para o combate ao tráfico de drogas e disse não acreditar que a solução para o problema seja a legalização. “Eu não acredito que a legalização venha a resolver o problema. Se os países ricos, onde está o maior mercado consumidor de drogas, fossem mais rígidos com os consumidores, talvez se diminuísse o consumo. Se faz necessário combater os grandes produtores para que a situação possa melhorar”, afirmou.
No sábado, foram registrados intensos confrontos entre a polícia e traficantes no Morro dos Macacos, na zona norte carioca. O conflito começou quando traficantes de facções rivais entraram em confronto na favela, entre si e com os policiais.
Repercussão
A notícia teve forte repercussão em outros países. Os jornais norte-americanos The New York Times e Washington Post destacaram que os crimes ocorreram cerca de duas semanas após a cidade ser escolhida como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
O El País, da Espanha, também deu destaque para o que chamou de “Pânico no Rio de Janeiro” e lembrou que a cidade será sede olímpica. Madri, a capital espanhola, Chicago (Estados Unidos) e Tóquio (Japão) foram derrotadas pelo Rio na disputa para sediar os Jogos.
O argentino Clarín, em seu site, disse que o Rio viveu no sábado uma “batalha sem quartel entre traficantes e policiais”. A rede de TV Al Jazeera também noticiou a perda do helicóptero e de dois homens pela polícia.
Na Grã-Bretanha, o jornal The Independent classificou os confrontos de “batalha” e disse que o Rio atingiu “novos níveis de violência”.
De acordo com o jornal francês Libération, a derrubada do helicóptero da Polícia Militar pelos bandidos é “algo nunca visto, mesmo em um Brasil escaldado pela violência”. “A audácia dos chefes que comandam as favelas do Rio parece não ter mais limites”, disse o diário.
Nesta segunda, a polícia colocou um contingente de 4 mil homens nas ruas da capital fluminense e investiga se a ordem para o ataque veio do presídio federal de Catanduvas (PR), onde estão presos chefes do tráfico de drogas no Rio.
Número de vítimas de pedofilia dentro da Igreja pode chegar a 10 mil na França
Em parceria com o Ministério da Justiça, uma linha telefônica foi colocada à disposição em 2019 para receber testemunhos de vítimas de todo o país
Desde 1950, 10.000 crianças e adolescentes podem ter sido vítimas de violências sexuais cometidas por membros da Igreja Católica na França. Essa é a estimativa do presidente da comissão independente que investiga a pedofilia dentro da maior instituição religiosa no país.
A comissão foi criada em 2018 pelo episcopado francês e institutos religiosos após diversos escândalos no país. Em parceria com o Ministério da Justiça, uma linha telefônica foi colocada à disposição em 2019 para receber testemunhos de vítimas de todo o país. A estimativa foi feita a partir dos relatos recolhidos.
O número de crianças e adolescentes sexualmente abusados, no entanto, ainda pode mudar. “Nossa campanha está pedindo testemunhos, certamente não reuniu a totalidade [de vítimas]”, afirmou o presidente da comissão Jean-Marc Sauvé nesta terça-feira (02/03). “A grande pergunta neste momento é qual o percentual de vítimas que atingimos. 25%? 10%? 5%?”, completou.
O presidente da comissão não informou quantos são os possíveis agressores envolvidos. Segundo ele, no entanto, "em várias instituições católicas ou comunidades religiosas, tem havido um verdadeiro sistema de abuso, mas esta situação representa uma minoria muito pequena dos casos de que ouvimos falar".

Pxhere
Cerca de 10.000 possíveis vítimas de pedofilia cometida por membros da Igreja Católica na França foram identificadas desde 1950
O relatório final com recomendações de práticas de combate à pedofilia na Igreja deve ser divulgado em setembro.
Responsabilidade pelo passado
Em fevereiro, a Conferência de Bispos da França reuniu 120 representantes ao longo de três dias para discutir a responsabilidade nos casos de pedofilia do passado. A discussão terminou sem nenhuma decisão prática.
"Nós concordamos todos que, no passado, houve falhas na gestão das coisas, sem falar dos crimes cometidos", afirmou o Monsenhor Luc Ravel. "Mas ainda estamos divididos sobre a noção de responsabilidade coletiva em relação ao passado. Alguns acreditam que é preciso solidariedade em relação às gerações precedentes", disse na ocasião da conferência.
Os 120 bispos devem se encontrar novamente no final deste mês para votar um dispositivo de reconhecimento do sofrimento vivido pelas vítimas que, se aprovado, pode prever medidas financeiras, criação de monumentos e políticas de prevenção à pedofilia.