Depois de quase quatro semanas fora do ar, voltaram a transmitir suas programações nesta terça-feira (20) o Canal 36 e a Rádio Globo de Honduras, dois veículos de comunicação que não apoiaram o golpe de estado e que viraram referência para a resistência legalista no país.
A revogação do decreto que estabelecia o estado de sítio, a supressão de garantias constitucionais e o fechamento dos veículos de comunicação que “incitaram à violência e à insurreição” foi publicada no dia 19 de outubro, duas semanas depois que a ditadura de Roberto Micheletti fez o anúncio verbalmente diante da comissão de mediação da OEA.
Com o decreto revogado, a Radio Globo e o Canal 36 puderam retomar suas atividades. Ainda assim, operam sob a restrição de um novo decreto, publicado no último dia 10, que dá à Comissão Nacional de Telecomunicações de Honduras (Conatel) o poder de fechar qualquer estação de rádio ou televisão. “Poderão ser canceladas as freqüências de emissoras ou televisões que transmitam mensagens que incitem ao ódio nacional e à destruição de bens públicos”, diz o texto.
Sob o amparo deste segundo decreto, a Conatel já mandou cancelar os programas de rádio de três organizações feministas, sob a alegação de terem feito “comentários e afirmações que transgridem princípios e bens jurídicos, tutelados na constituição, na lei eleitoral e das organizações políticas”. O órgão emitiu ainda uma ordem de fechamento definitivo para a rádio independente Gualcho, que retransmitiu em sua freqüência AM a programação realizada pela Radio Globo via internet.
No meio virtual, as plataformas de relacionamento, como o Facebook, tiveram papel de destaque entre os membros da resistência com acesso à internet. Muitas das contas dos usuários mais ativos em denunciar e na publicação de notícias contra o golpe foram eliminadas sem explicações para os usuários. Hoje, os usuários e as redes se multiplicam com uma velocidade que desafia qualquer hacker da censura.
Mesmo com autocensura e forçados a respaldar anúncios oficiais, a Rádio Globo e o Canal 36 têm hoje a difícil tarefa de informar em um país onde a liberdade de imprensa e de expressão não são direitos reconhecidos pelas autoridades, e onde são escassas as fontes de informação que não apoiem o golpe.
“O fato de estarem no ar novamente não nos ajudará a restituir a ordem constitucional nem a conseguir a Assembleia Constituinte, mas permite que a gente se escute e se veja. E isso lembra que nós somos muitos” comentava uma mulher da resistência que acabara de telefonar para a Rádio Globo para parabenizá-los.
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