Dezenas de milhares de angolanos recentemente expulsos da República Democrática do Congo (RDC) estão vivendo em condições extremas na fronteira entre os dois países, segundo a Acnur (Agência das Nações Unidas para Refugiados). Na cidade de Mbanza Congo, no oeste da RDC (veja mapa abaixo), há pelo menos 30 mil pessoas alojadas em centros humanitários nas regiões de Cuimba, que abriga 11 mil expatriados, e Mama Rosa, com 18 mil.
UNHCR/Y.Ditewig
“É uma crise humanitária de grandes proporções. Há pessoas que não comem há dias. Necessidades básicas como água potável, tendas, remédios e utilidades sanitárias não são atendidas, pois ninguém estava preparado. O governo angolano tenta levar água limpa em caminhões-pipa, mas já registramos diversos casos de diarreia, vômito e insolação”, contou ao Opera Mundi por telefone Fatoumata Lejeune-Kaba, porta-voz para a África da Acnur.
A maioria dos angolanos reclama que foi levada para a fronteira de forma agressiva e sem a possibilidade de trazer documentos e outros objetos pessoais. Alguns têm status de refugiado – adquirido durante a guerra civil em Angola (1975-2000) – e mesmo com a identificação, foram expulsos da RDC. Existem mais de 100 mil angolanos refugiados na RDC, espalhados pelo sul do país e distantes dos conflitos no norte.
Histórico
As expulsões forçadas foram um movimento de reciprocidade em relação a Angola, que desde 2004 enviava de volta à RDC congoleses suspeitos de participar de esquemas de mineração ilegal.
No dia 13 de outubro, os dois governos estabeleceram um acordo e suspenderam as expulsões. De acordo com a Acnur, Angola expulsou até outubro deste ano 160 mil congoleses, que reclamaram de maus tratos durante as deportações.
A situação pode piorar. “O governo angolano teme agora que mais cidadãos retornem ao país, aqueles que sentem que não podem mais ficar na RDC devido ao clima de hostilidade. Calcula-se a volta de mais 50 mil angolanos”, explicou Fatoumata.
Ponto vermelho com a letra “C” mostra a cidade de Mbanza Congo
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