Coreia do Norte aceita suspender programa nuclear em troca de ajuda alimentar
Estão suspensos o enriquecimento de urânio e os testes nucleares; visitas da AIEA voltam a ser permitidas
O governo da Coreia do Norte aceitou a paralisação de seu programa nuclear em troca de um pacote de 240 mil toneladas de alimentos dos Estados Unidos. O anúncio do acordo foi divulgado nesta quarta-feira (29/02) pelos dois países. Com a decisão, estão suspensos o enriquecimento de urânio e os testes de armas nucleares, como por exemplo, os mísseis de longo alcance, segundo o Departamento de Estado dos EUA.
Também estará autorizada a visita e o monitoramento de inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) para a desativação do reator nuclear norte-coreano de Yongbyon.
O Ministério de Relações Exteriores da Coreia do Norte confirmou o acordo em comunicado, dizendo que as negociação com os norte-americanos “ofereceu um espaço para uma discussão sincera e profunda” de medidas “para a construção e o progresso de uma relação de confiança”.
Em comunicado, o Departamento de Estado dos EUA classificou o acordo como um progresso “importante, mesmo que limitado”. “Os Estados Unidos continuam a ter profunda preocupação com o comportamento da Coreia do Norte em diversas áreas. Mas o anúncio de hoje reflete um progresso importante, mesmo que limitado, nessas questões”, disse a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.
Em troca das concessões norte-coreanas, os Estados Unidos estariam “preparados para melhorar as relações bilaterais, no espírito de respeito mútuo pela soberania e igualdade”, além de incentivar o intercâmbio cultural, educacional e esportivo com os norte-coreanos.
As negociações entre os dois países ocorreram na semana passada, entre os dias 23 e 24 de fevereiro, em Pequim, na China, e não apresentaram resultados concretos. A reviravolta ocorreu quando os negociadores norte-coreanos, de volta ao país, receberam resposta positiva das autoridades locais sobre a proposta norte-americana.
Uma reunião para acertar os detalhes da ajuda alimentar será realizada entre EUA e Coreia do Norte na próxima semana.
Segundo o jornal New York Times, o governo Obama se recusou a admitir oficialmente que a ajuda alimentar estaria envolvida com as negociações, e que a doação teria fins puramente humanitários, o que foi desmentido pelas autoridades norte-coreanas.
O anúncio ocorre apenas dois meses depois da morte do ex-líder Kim Jong-il, que foi sucedido pelo seu filho, Kim Jong-un.
10 homens mais ricos do mundo têm mesma riqueza que 3,1 bilhões de pessoas, expõe relatório
Pesquisa da Oxfam afirma que novos 573 bilionários foram formados desde o início da pandemia
A pandemia da covid-19 beneficiou empresas e empresários do setor alimentício, grandes petrolíferas, gigantes farmacêuticas e o setor de tecnologia, afirma pesquisa da Oxfam publicada neste domingo (22/05), mesmo dia da abertura do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça).
O relatório "Lucrando com a Dor" traz dados sobre o processo de concentração de riqueza impulsionado pela pandemia global. A pesquisa afirma que 573 novos bilionários foram formados desde o início da calamidade de saúde pública e agora o mundo têm 2.668 bilionários. Esse seleto clube de ultrarricos controla hoje uma fortuna estimada em US$ 12,7 trilhões, um aumento de 42% desde o início da pandemia de covid-19.
Além disso, a pandemia acentuou a desigualdade de gênero e racial, aponta a pesquisa. As mulheres foram mais atingidas pela onda de desemprego gerada pela covid-19 e as populações negras enfrentam "impactos duradouros desproporcionais da pandemia", diz o levantamento.

Reprodução/Montagem Opera Mundi
Homens mais ricos do mundo: esq. à dir.: Elon Musk, Jeff Bezos e Bill Gates; do Brasil: Lemann, Saverin e Hermann Telles
"No mundo inteiro, alimentos registraram um aumento vertiginoso de 33,6% no ano passado e devem aumentar 23% em 2022. Em março de 2022, tal alta foi a maior desde o início dos registros pelas Nações Unidas (ONU), iniciada em 1990. A Oxfam estima que 263 milhões de pessoas podem ser levadas a níveis extremos de pobreza este ano por causa da covid-19, do aumento da desigualdade global e do impacto da subida dos preços dos alimentos, sobrecarregados ainda mais pela guerra na Ucrânia", diz a pesquisa.
O levantamento cita como empresas beneficiadas pela atual situação global a gigante mundial do setor de alimentos Cargill, a rede de supermercados WalMart, as petroleiras BP, Shell, TotalEnergies, Exxon e Chevron, as farmacêuticas Pfizer, Moderna e as empresas de tecnologia Apple, Microsoft, Tesla, Amazon e Alphabet.
Para enfrentar a atual situação, a Oxfam defende impostos progressivos para financiar medidas como proteção social e saúde pública.
"O governo francês, por exemplo, tributou a riqueza excessiva durante a guerra a uma taxa de 100% após a Segunda Guerra Mundial. Hoje, precisamos de um nível semelhante de ambição. A Oxfam insta por um imposto temporário de 90% sobre os lucros excedentes, para capturar os lucros extraordinários das empresas em todos os setores", diz o relatório.