Um dia depois do anúncio da transferência do soldado norte-americano suspeito pelo massacre de civis no Afeganistão, o Talibã comunicou a suspensão do diálogo com os Estados Unidos e o presidente do país, Hamid Karzai, pediu que as tropas da OTAN deixem os vilarejos.
Karzai disse ao secretário de defesa dos EUA, Leon Panetta, que visitou o país nesta quarta-feira (14/03), que as tropas afegãs devem assumir a segurança nacional em 2013. Em anúncio anterior às declarações de Karzai, o presidente norte-americano Barack Obama afirmou que o calendário para a retirada das tropas que estão no Afeganistão não mudaria. A previsão dos EUA é de que os soldados deixem o país em 2014.
O presidente afegão disse que as autoridades do país são capazes de assumir a segurança dos vilarejos e áreas rurais já em 2013. O pedido é que as tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte se restrinjam às bases centrais, inciando o processo de transição e retirada dos militares. O cenário do massacre que causou a morte de 16 civis, incluindo mulheres e crianças, foi uma vila próxima à cidade de Kandahar, no sul do país.
Nesta quarta-feira a OTAN confirmou a transferência do suspeito pelo massacre, gerando sentimento de revolta no Afeganistão. No mesmo dia, um carro explodiu próximo ao local onde pousaria o secretário de Defesa dos EUA.
Talibã
Em comunicado oficial, o Talibã no Afeganistão afirmou que suspenderia as conversas com os norte-americanos “até que eles esclareçam sua posição e mostrem a disposição de cumprir suas promessas, em vez de perder tempo”. O grupo creditou aos EUA a responsabilidade pelo fracasso nas negociações e criticou a postura “cambaleante, errática e imprecisa” do país.
O anúncio chega quatro dias depois do ataque à vila que era reduto dos talibãs e um dia após a confirmação da transferência do suposto responsável pelos ataques.
Os talibãs reivindicam que os EUA tomem “passos práticos”, como a troca de prisioneiros. Um dos pedidos do grupo em tentativas recentes de negociação com os norte-americanos era a transferência de líderes talibãs que estão sob custódia dos EUA.
O Talibã aproveitou para apontar uma “campanha de propaganda infundada” contra o grupo, iniciada pelos norte-americanos e pedir para que a comunidade internacional apoie a retirada de tropas do Afeganistão.
Conflito
Este é um dos momentos recentes de maior tensão nas relações entre EUA e Afeganistão. Semanas antes do ataque próximo a Kandahar, um grupo de soldados norte-americanos queimou dezenas de exemplares do Alcorão, gerando revoltas em todo o país.
A ONU estima que quase 12 mil civis e cerca de 1.800 soldados norte-americanos já tenham morrido durante a atuação dos EUA no Afeganistão, que já dura mais de dez anos. Os bombardeios no Afeganistão tiveram início menos de um mês depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, tendo como justifcativa o combate ao terrorismo e a eliminação da rede Al Qaeda.
*Com agências
NULL
NULL
NULL