Teve início oficialmente nesta sexta-feira (30/03) a campanha presidencial mexicana, que definirá o sucessor de Felipe Calderón (2006-2012) para os próximos seis anos no comando do país norte-americano. A eleição, em turno único, está marcada para o dia 1º de julho, quando também serão definidos 128 senadores e 500 deputados federais para o Congresso.
Efe
O candidato do PRI, Enrique Peña Nieto, lidera as pesuisas eleitorais
O favorito, com grande vantagem em todas as pesquisas de opinião, é o ex-governador do Estado do México (o mais populoso do país) Enrique Peña Nieto, que tem grande possibilidade de recolocar o tradicional PRI (Partido Revolucionário Institucional) no poder. Em sua coligação também se encontra o Partido Verde-Ecologista.
Reação
Caso seja eleito, ele desbancará o PAN (Partido da Ação Nacional), de direita, que tenta permanecer no poder pelo terceiro mandato consecutivo com a economista Josefina Vásquez Mota, ex-ministra da Educação e Desenvolvimento Social. O PRI chegou a ficar sete décadas no poder, sendo desbancado somente em 2000 por Vicente Fox, do PAN, antecessor de Calderón. Muitos analistas e historiadores consideraram este período político uma ditadura de fato.
Após sofrer a pior derrota eleitoral de sua história em 2006, o PRI se recuperou nas eleições regionais em 2009 e 2010, ganhando em 20 dos 32 Estados do país, o que equivale a 60% da população mexicana, além de retomar a maioria na Câmara de Deputados (237 representantes).
Nas primárias, Peña Nieto conseguiu articular-se para ser o único pré-candidato, contribuindo para a estratégia do PRI em mostrar união em torno de seu nome. O candidato cometeu algumas gafes nos últimos meses, que ainda não comprometeram seu rendimento nas pesquisas: no ano passado, foi incapaz de dizer o nome e os autores de três livros que o tivessem inspirado na vidaEfe
Josefina Vásquez Mota, do PAN, não consegue deslanchar nas pesquisas eleitorais
O PAN, por sua vez, tenta associar o PRI à conveniência com o narcotráfico, um dos temas que mais preocupam o país. O ataque ao partido rival tem sido coordenado diretamente por Calderón, deixando Josefina diretamente focada na campanha.
Entretanto, sua candidata não consegue deslanchar nas pesquisas. Seu partido está divido politicamente em alguns Estados e, assim como o PRI, se encontra envolvido em escândalos de corrupção.
A opção progressista
Andrés Manuel López Obrador, o candidato da esquerda, aparece em um distante terceiro lugar na pesquisas, embora tenha conseguido se aproximar de Josefina. Situação bem diferente do pleito anterior, quando perdeu por apenas 0,56% para Calderón, resultado que nunca aceitou, em razão de denúncias de fraude, provocando uma série de mobilizações populares na ocasião.
Seu partido, o PRD (Partido da Revolução Democrática), conta com o apoio unificado de outras legendas progressistas, como o PT (Partido do Trabalho) e o MC (Movimento Cidadão), que se uniram em torno de sua candidatura, após a realização de prévias, na coligação Frente Ampla Progressista.
Efe
Andrés Manuel Lopez Obrador, da Frente Ampla Progressista, está em terceiro lugar nas pesquisas
Sua campanha tenta passar ao público uma imagem mais moderada e de reconciliação com suas dissidências no passado. Em 2011, anunciou que pretende construir, “sem ódios nem rancores, uma república amorosa”.
O quarto candidato é Gabriel Quadri de la Torre, do Nova Aliança, partido que rompeu recentemente a coligação com o PRI. Ele não aparece cotado nas pesquisas, já que sua candidatura foi anunciada somente em fevereiro.
Primeiros atos
Nesta sexta, em Guadalajara, em seu primeiro ato de campanha, Peña Nieto assinou em cartório suas três principais promessas: eliminação do cargo de 100 deputados na Câmara de Representantes; a criação de uma Comissão Nacional Anticorrupção; e a divulgação dos rendimentos dos funcionários públicos.
Na capital, em um comício, Josefina mostrou o slogan de sua campanha: “diferente”. Em discurso, a primeira mulher com condições reais de concorrer à Presidência disse que o país não podia “voltar à época dos governos autoritários” e que “não compactuará com o crime”, fazendo clara referência ao PRI.
Também na Cidade do México, Lopez Obrador realizou uma coletiva de imprensa conclamando todos os mexicanos a contribuírem para a transformação do país. Quadri de la Torre iniciará sua campanha em Veracruz.
Pesquisas
Embora as pesquisas mostrem clara vantagem a Pena Nieto, a eleição ainda pode reservar surpresas. Um dos fatores que podem alterar o quadro é o grande número de indecisos, que ronda sempre os 20% de entrevistados.
O último levantamento relevante, realizado pelo instituto Ifop e divulgado em 9 de março, mostrou Peña Nieto estável, com 36% da preferência. Josefina mantinha 24% enquanto Obrador mostrou crescimento significativo, com 21%, ou cinco pontos percentuais a mais em relação ao mês anterior.
Outros levantamentos também mostraram o crescimento do candidato progressista, alguns mostrando empate técnico com a representante do PAN. Na última enquete da Ifop, 29% dos que declararam preferência por algum dos candidatos admitiram que ainda podem mudar de opinião.
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