Um relatório das Nações Unidas apresentado nesta quinta-feira (24/05) em Viena, na Áustria, aponta que as mortes de seis trabalhadores da Tepco, empresa gerente da usina nuclear japonesa de Fukushima, não foram causadas pela radiação emitida após o acidente de março de 2011.
Efe
Terremoto e tsunami geraram uma das piores crises nucleares da história
O estudo do UNSCEAR (Comitê Científico da ONU sobre os Efeitos da Radiação Atômica) é preliminar e leva em consideração a análise e as medições de elementos radioativos no ar, solo, água e alimentos, além das doses de radiação recebidas por crianças e adultos na região do incidente.
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Segundo o relatório, apesar da elevada exposição à radiação, “não foram registrados efeitos clinicamente observáveis” que pudessem, de fato, estar ligados às mortes dos trabalhadores de Fukushima Daiichi.
Em entrevista coletiva, o presidente do UNSCEAR, Wolfgang Weiss, afirmou que um dos trabalhadores que morreram após o incidente tinha leucemia. Segundo Weiss, no entanto, “é possível descartar que tenha tido algo a ver com a exposição radiológica”.
Ainda com base no relatório, um total de 20.115 trabalhadores esteve exposto à radiação em Fukushima, mas apenas oito receberam doses elevadas de contaminação. Segundo Weiss, as maiores concentrações de radiação aconteceram nos primeiros dias que se seguiram ao acidente – causado por um terremoto e um tsunami – quando havia poucos trabalhadores na Usina.
Apesar de classificar os números como “confiáveis”, o presidente afirmou que a organização irá divulgar um novo relatório mais completo dentro de um ano. O comitê existe desde 1995 e conta com 27 analistas de todo o mundo.
Assessor da AIEA
Em março, em entrevista a Opera Mundi, Leonam dos Santos Guimarães, membro do Grupo Permanente de Assessoria em Energia Nuclear do AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), minimizou as consequências da exposição dos trabalhadores japoneses à radiação.
“Não houve nenhum empregado que tenha sofrido os efeitos da radiação. Não foi um desastre. O desastre aconteceu em relação aos 15 mil japoneses [N.R. mais de 13 mil confirmados] que morreram por conta do terremoto e do tsunami. Estas são as verdadeiras vítimas”, apontou Guimarães, que falou ainda sobre o medo que a energia nuclear desperta, de forma geral.
“Existe uma pré-disposição ao tema energia nuclear. É um assunto que tem um impacto psicológico enorme na sociedade. E houve uma superexposição desse tema durante o acidente que foi desproporcional ao estrago que ocorreu. […] O problema é que o tema nuclear desperta o medo. E isso acontece por conta também do mimetismo em que as pessoas confundem usina nuclear com arma nuclear”, completou.
O acidente de Fukushima foi provocado pelo terremoto, seguido de tsunami, que atingi o nordeste do Japão em 11 de março de 2011. A tragédia, uma das maiores da história do país, causou mais de 13 mil mortes e deixou 16 mil pessoas desaparecidas.