Embora tenha assumido seu cargo há pouco mais que 20 dias, o presidente da França, François Hollande, já adotou medidas para marcar o rompimento com o modelo político que vigorou nos cinco anos de mandato de seu antecessor, Nicolas Sarkozy.
Entre redução dos salários de membros do governo (inclusive do seu) e limitação dos ganhos de grandes executivos, o gabinete do líder socialista emitiu na semana passada uma normativa na qual determina que os serviços do Estado auxiliem jovens estrangeiros a ingressar no mercado de trabalho.
A decisão revoga diretrizes implementadas durante o governo anterior, que pretendia enrijecer os obstáculos para o ingresso de profissionais e estudantes estrangeiros no país. Um ano antes, Claude Guéant, então ministro do Interior de Sarkozy, recomendava a cada departamento que examinasse “com rigor” a documentação de cada estudante estrangeiro para limitar a presença de imigrantes na França. Isso afetaria os cerca de 60 mil alunos que ingressam anualmente em instituições de ensino do país.
Agência Efe
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A partir de agora, a orientação do governo passa a ser “facilitar a emissão de uma autorização para residência e para o exercício de atividades profissionais”. Antes, qualquer universitário estrangeiro que se candidatasse a uma vaga de trabalho deveria, por determinação do governo, apresentar comprovantes da realização de atividades acadêmicas.
Com a nova regulamentação, esse critério fica extinto e diretores de instituições de ensino passam a ser incentivados a emitir cartas de recomendação. Uma vez que o estudante é contratado ou recebe um convite de trabalho, ele já poderá requerer do governo sua permissão de residência sem ter a obrigação de apresentar um diploma.
O documento tenta atrair estudantes para a França, argumentando que participar de algum curso no país significa poder apresentar “um percurso de excelência para enfrentar o mercado internacional de trabalho”. Isso porque entregar ao estudante subsídios para ser recrutado por uma empresa “vinculada a seu país de origem” e à “sua zona cultural” também é uma das metas da resolução.
Nesse que é um contraponto à política de cortes de verbas para a educação do governo Sarkozy, os departamentos franceses deverão estar “atentos” para fornecer todas as informações relevantes “logo no primeiro contato dos estudantes”com os órgãos administrativos do país. Atualmente, a análise dos documentos de universitários estrangeiros na França leva o equivalente a seis meses. A intenção é reduzir esse prazo para, no máximo, dois meses, de tal forma que os primeiros contatos profissionais dos jovens não sejam afetados.
A medida parte do pressuposto de que “o acolhimento de estudantes estrangeiros faz parte da influência da França, da demanda por nossas escolas e universidades, bem como do dinamismo de nossa economia”. Dessa forma, mesmo “aqueles que retornarem a seus países de origem com um diploma ou com uma experiência profissional na França irão contribuir para o desenvolvimento de suas nações”.