Os presidentes dos países membros da Unasul (União das Nações Sul-americanas) decidiram enviar seus chanceleres à capital do Paraguai, Assunção, para acompanhar a crise política no país. Nesta quinta-feira (21/06), o congresso paraguaio aprovou a abertura de processo de impeachment contra o presidente Fernando Lugo.
A reunião de emergência da Unasul foi realizada na tarde de hoje no Rio de Janeiro, em meio à Rio+20, Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, que estará na comitiva de chanceleres, disse que os presidentes da Unasul defenderam a manutenção da “estabilidade e o pleno respeito à ordem democrática do Paraguai”, mas evitou usar a expressão “golpe de Estado” para se referir ao levante no Parlamento do país.
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Campanha no Facebook já convoca paraguaios a resistirem contra possível golpe de Estado contra Fernando Lugo
Já o presidente da Bolívia, Evo Morales, foi mais direto e convocou “os povos indígenas e movimentos sociais da América Latina” a se levantarem para defender a democracia no país vizinho. “Este golpe que está se formando no Paraguai contra um presidente democraticamente eleito e apoiado pela maioria de seu povo é um crime contra a consciência das pessoas e dos governos que agora conduzem mudanças profundas em seus países de forma pacífica”, disse Morales.
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Segundo o presidente boliviano, a direita paraguia – representada pelo Partido Colorado – tem uma “estratégia” para derrubar Lugo e interromper seu governo a favor dos humildes e excluídos.
O presidente do Equador, Rafael Correa, qualificou como “gravíssima” a decisão do Parlamento paraguaio e disse que, embora o processo de impeachment possa ter previsão jurídica, “há coisas que são legais mas não são legítimas”.
“É um golpe parlamentar, não há nenhum motivo para se fazer isso nesse momento, ainda mais faltando nove meses para as eleições”, disse Esperanza Martinez, ministra da Saúde do Paraguai , em entrevista à Telesur.
Na tarde desta quinta-feira, a Câmara dos Deputados e o Senado do Paraguai – dominados pela oposição — aprovaram majoritariamente a abertura de um “julgamento político” que pode levar à deposição de Lugo. O presidente é acusado de má gestão do país, crítica que teria se intensificado após um confronto entre policiais e trabalhadores rurais em uma fazenda no último dia 15, que terminou com 17 mortos.
O presidente rejeitou a possibilidade de renunciar ao cargo e disse que enfrentará o “juízo político e todas as suas consequências”. O processo deverá ser finalizado já nesta sexta-feira (21/06), com o depoimento de Lugo ao Senado, que funcionará como “tribunal político” para decidir se ele perde ou não o mandato.