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Política e Economia

Quero morrer em Paraty, confessa britânica fundadora da Flip

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Liz Calder conta motivos para o sucesso do festival e revela seu amor pela cidade fluminense

Fillipe Mauro

2012-07-08T21:36:00.000Z

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Na noite deste domingo (08/07), as tendas e casas coloniais que abrigaram os cinco dias de conferências da décima edição da Flip fecharam suas portas. Movidas pelo entusiasmo de poder ouvir de perto as maiores referências contemporâneas da literatura mundial, ao menos 25 mil pessoas cambalearam pelas ruas pedregosas da cidade de Paraty, no Rio de Janeiro, e acompanharam uma diversificada programação com 135 debates, shows e recitais.

Grandes festivais literários são organizados em praticamente todos os países, indo da Índia à Escócia, e da Austrália ao Canadá. Mas isso absolutamente não faz da Flip apenas mais um nome em meio a uma grande lista. Pelo menos não para Liz Calder, a britânica que fundou o evento em 2003 e que decidiu dedicar boa parte de sua vida à literatura brasileira. A seu ver, a cidade de ruas estreitas, preenchida por paredes de cal e emoldurada por coloridas janelas coloniais coloca a Flip “sempre entre as melhores”.

André Conti/Flip/Divulgação

Seu curador, o jornalista Miguel Conde, atribui esse sucesso internacional à “tentativa de trazer a cada ano um panorama do que há de mais relevante sendo feito no Brasil e no mundo”. Liz não discorda disso e também não hesita em ressaltar a eficiente organização que seu orçamento milionário é capaz de proporcionar. Mas a britânica acrescenta que “a heroína” da Flip é inevitavelmente Paraty, essa cidade que confessa amar desde que a visitou pela primeira vez, em 1992.

Ela revelou ao Opera Mundi que, nos últimos dias, chegou a enviar um cartão postal da cidade para seu marido confessando-lhe que era em Paraty que desejava morrer. Ouviu falar pela primeira vez desse antigo entreposto português em conversas com amigos, enquanto ainda morava no Brasil, em meio aos anos 60. À época, contudo, conta que ainda não havia estradas de acesso à cidade, o que a obrigou a adiar seu primeiro encontro por mais de duas décadas.

 

 

“Quando finalmente vim a Paraty, não pensei imediatamente em promover um festival literário”, admite. Porém, quando o fez, apostou alto: homenageou o poeta Vinicius de Moraes e trouxe à cidade nomes célebres, como o historiador britânico Eric Hobsbawn e o compositor Chico Buarque. Para Conde, se hoje a Flip possui “uma reputação internacional de festival sério e consistente” é porque foi ponto fundamental de sua trajetória “ser inaugurada com nomes de muito peso”.

Como uma escola de samba

Nos bastidores, vários funcionários brincam que a organização do evento é praticamente idêntica à de um desfile de escola de samba – “começa logo depois do fim”. Conde explica que, dentro do processo de curadoria, há “uma etapa inicial de planejamento com editoras, leitores, críticos e amigos”. Só depois é que, conforme os primeiros autores vão enviando suas respostas, “vão sendo pensadas as combinações possíveis para as mesas”.

Horácio Moreira/Flip/Divulgação

Javier Cercas, que participou da Flip pela primeira vez este ano, “foi convidado três vezes e só aceitou agora”, conta Liz. “Outra pessoa que convidei várias vezes e que me confirmou que viria, só que acabou morrendo antes foi Carlos Fuentes”, revela. “Falamos tanto com estudiosos quanto com editores pra levantar sugestões, mas você já chega para esse trabalho com algumas ideias: Rubens Figueiredo, Paloma Vidal e Ian McEwan são exemplos”, explica Conde.

A permanência do jornalista na curadoria da Flip foi confirmada neste domingo (08/07) e a festa se encerra com fortes especulações de que o romancista alagoano Graciliano Ramos, que completaria no próximo mês de outubro 120 anos, será o homenageado de sua próxima edição. Com bandas de marchinhas de carnaval que agora se calam, talvez seja possível absorver o sentido que o festival buscou auferir à literatura contemporânea e, enfim, penetrar surdamente no reino das palavras.

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20 Minutos

Felipe Nunes: 'voto envergonhado' favorece esquerda em 2022

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Bolsonaro cresceu entre evangélicos tirando votos da 'terceira via', e não de Lula, explica diretor do instituto de pesquisas Quaest; veja vídeo na íntegra

Pedro Alexandre Sanches

São Paulo (Brasil)
2022-08-18T20:30:00.000Z

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O cientista político Felipe Nunes afirma que o fenômeno do “voto envergonhado” favorece Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. “Os eleitores indecisos na pesquisa espontânea estão indo muito mais para Lula que para Bolsonaro”, avaliou o diretor da Quaest Consultoria e Pesquisa no programa 20 MINUTOS desta quinta-feira (18/08) com o jornalista Breno Altman. 

Essas pessoas “só não declararam voto na pesquisa espontânea porque estão escondendo a vergonha de ter que defender um candidato que até pouco tempo atrás estava preso e passou por vários escândalos midiáticos", segundo Nunes.

Ele afirma que tal afirmação na diferenças apontadas pela pesquisa Genial/Quaest de 17 de agosto entre a intenção espontânea de voto (na qual Lula tem 33% das preferências contra 27% de Bolsonaro) e o resultado da pergunta estimulada (em que o ex-presidente aparece com 45% e o candidato à reeleição, com 33%). Ou seja, Lula tem 12 pontos a mais na pesquisa estimulada, contra 6 de Bolsonaro. 


Esse e outros dados mostram solidez na posição eleitoral de Lula, mesmo com a recuperação recente de Bolsonaro - o eleitorado evangélico, por exemplo, prefere o candidato à reeleição por 52% contra 28% do ex-presidente, segundo a Quaest. 

Nunes, que também é professor da UFMG, adverte que o crescimento de Bolsonaro entre evangélicos não se deu sobre Lula, mas sobre os candidatos da chamada terceira via, cuja somatória caiu após a desistência de Sérgio Moro, João Doria Jr. e outros. O mesmo ocorre na evolução geral, em que Lula permanece estável e Bolsonaro cresce com o esvaziamento da terceira via. 

A tendência de alta do atual presidente entre o público evangélico (entre os católicos, ele perde de 27% a 52%) se explica, segundo Nunes, pela prioridade dada a esse segmento pela campanha bolsonarista, tal como aconteceu em 2018 em relação aos policiais militares. “Neste ano, ele escolheu os evangélicos, que como os policiais também são hierarquizados, disciplinados e coesos. Participou de 25 marchas para Jesus nos últimos 30 dias, em diferentes cidades do país. É uma ação política muito coordenada”, diz. 

O cientista político aposta num combate indireto a essa desvantagem pela candidatura Lula: “O público evangélico e principalmente as mulheres evangélicas têm uma repulsa muito grande ao armamento, pelo medo de que as armas sejam um sinônimo de violência nas famílias. É o tema que empata o jogo para o público evangélico”. 

Nunes afirma que a capacidade de crescimento de Bolsonaro esbarra em sua rejeição junto a dois segmentos em particular: “Ele tem que virar o jogo entre as mulheres e no Nordeste, o que não parece ser tarefa fácil neste momento”. 

Pelos dados de 17 de agosto, a vantagem de Lula é de 16 pontos percentuais entre o eleitorado feminino (contra 6 entre o masculino) e de 40 pontos no Nordeste. A rejeição pessoal de Bolsonaro é de 55% (chegava a 66% no início do ano). 

Para o diretor da Quaest, a radicalização política não será um fator decisivo para o eleitorado neste ano como foi em 2018. “Quem descobre a correnteza da eleição ganha a eleição. A de 2018 foi a primeira em que não havia um incumbente disputando a eleição. Todo mundo era de oposição ao que o governo Temer representava. Ser antissistema radical significava ser a oposição real”, analisa. "Em 2022, as pessoas não estão querendo radicalizar o sistema, porque perceberam que a radicalização foi ruim.”

Facebook/felipe Nunes
Cientista político Felipe Nunes é o convidado de Breno Altman no 20 MINUTOS desta quinta-feira (18/08)

O voto que está em disputa em 2022, afirma, é de quem já votou tanto em Lula quanto em Bolsonaro. Para o pesquisador, esta será “a eleição da segunda chance”: “Os dois já foram presidentes, já ganharam, já apresentaram bons e maus resultados. Agora vai ganhar aquele que conseguir receber a segunda chance do eleitor”. 

Se para o atual presidente se reeleger seria suficiente manter os votos que teve em 2018, a tarefa para Lula é mais complexa, mas vem sendo bem-sucedida: “Neste momento, Lula consegue ter os votos que Fernando Haddad teve e crescer em cima do eleitor que votou em Bolsonaro em 2018, o eleitor pobre das grandes cidades do Sudeste”. 

Quanto ao impacto do aumento de R$ 200 no Auxílio Brasil sobre a disputa eleitoral, Nunes não vê dados conclusivos na mais nova pesquisa. “Havia uma ideia de que as coisas iam melhorar muito em pouco tempo, mas neste momento essa expectativa não virou nem euforia nem frustração. Virou a realização de que tudo isso não passa de jogada eleitoral”, interpreta, citando que 62% afirmam que as medidas adotadas pelo governo objetivam ajudar a reeleição, e não as pessoas. 

“O eleitor está mais crítico e complexo e já entendeu, pelos resultados desta pesquisa, que muito do que está sendo feito não é boa intenção, mas interesse próprio. Isso gera um limite para o crescimento eleitoral de Bolsonaro.”

A valorização da autenticidade do político pelo eleitorado é um fator incômodo para o atual presidente a esse respeito: “Bolsonaro fez a aposta que podia fazer, que era se vestir de Lula, não ligar para teto de gastos, abrir o cofre público e cuidar das pessoas. O problema é que isso está parecendo que é falso, porque veio próximo à eleição. Bolsonaro está deixando de ter o que é seu grande atributo, está abrindo flancos de credibilidade”. 

Felipe Nunes considera que a história eleitoral brasileira não sugere grandes chances de que Lula vença no primeiro turno, mas diz que os números projetam vitória para o candidato do PT: “Olhando só para os dados da pesquisa, Lula é favorito para ganhar, com uma margem de votos maior do que Bolsonaro teve em 2018 sobre Haddad. Nada é impossível, mas é improvável uma não-vitória de Lula”. 

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