Efe
Cartaz com o rosto d fundados do Wikileaks Julian Assange em frente à embaixada equatoriana em Londres
O criador do site Wikileaks Julian Assange afirmou que a decisão anunciada nesta quinta-feira (16/08) pelo Equador de conceder asilo político é uma “vitória importante”. Em declarações aos funcionários da embaixada equatoriana em Londres, onde está refugiado há quase dois meses, Assange disse: “É uma vitória importante para mim e para minha gente. As coisas provavelmente ficarão mais estressantes agora”.
“Nem o Reino Unido nem a Austrália, meu país natal, se levantaram para me proteger da perseguição e sim uma valente nação latino-americana”, complementou o jornalista em comunicado. Ben Griffin, da Veterans for Peace, deixou embaixada após falar com Assange. “Só posso dizer que Julian está muito, muito feliz”.
O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, anunciou a decisão de conceder asilo político a Assange durante coletiva de imprensa em Quito. De acordo com ele, o jornalista australiano corre risco de perseguição política. “Ele compartilhou informações confidenciais com o mundo, o que causa chances de retaliações, que poderiam ameaçar a integridade e vida de Assange”, referindo-se aos documentos divulgados pelo Wikileaks.
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Patiño disse que entre as preocupações equatorianas estão a grande possibilidade de que a Justiça sueca entregue o australiano aos Estados Unidos, onde ele pode vir a enfrentar um julgamento militar, não excluindo as possibilidades de sofrer as penas de prisão perpétua ou de morte.
O chanceler disse que sua decisão se baseia também no fato de que a Austrália, país natal de Assange, falha ao não protegê-lo. “O Equador cogitou a possibilidade de que o governo sueco estabelecesse garantias para que Assange não fosse extraditado aos EUA. De novo, o governo sueco rechaçou qualquer compromisso nesse sentido”, afirmou.
“Esperamos que o Reino Unido outorgue o salvo conduto para que o senhor Assange possa sair do país”, disse o chanceler. No entanto, Londres comunicou ao Equador que qualquer pedido de salvo-conduto para Assange será negado, mesmo que o país sul-americano conceda asilo político ao fundador do Wikileaks, segundo uma nota divulgada nesta quinta-feira.
O caso
Assange, que lançou o Wikileaks em 2010, é procurado pela Justiça da Suécia para responder por um suposto crime sexual. Ele ainda não foi acusado ou indiciado. No Reino Unido, ele travou uma longa batalha jurídica contra sua extradição para o país escandinavo, que se recusava a interrogá-lo em solo britânico. No entanto, a Suprema Corte do Reino Unido decidiu que ele deveria ser extraditado. Há sete semanas, o jornalista buscou asilo na Embaixada do Equador em Londres, em uma jogada classificada como “tenaz” pela imprensa local.
Assange teme que, após ser preso na Suécia, os Estados Unidos peçam sua extradição, onde poderá ser julgado por crimes como espionagem e roubo de arquivos secretos. O Wikileaks obteve acesso e divulgou centenas de milhares de arquivos diplomáticos norte-americanos, muitos deles confidenciais.