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Política e Economia

Cinecittà venezuelana pretende combater 'ditadura de Hollywood'

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A Cidade do Cinema é o primeiro complexo de estúdios e um dos principais motores da produção cinematográfica do país

Marina Terra

2012-08-24T14:15:00.000Z

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Com uma mochila nas costas, um garoto de 13 anos abandona sua casa em ruínas e segue em viagem pela costa venezuelana. No caminho, consegue sensibilizar as pessoas ao narrar uma tragédia que marcou sua vida e, dessa forma, obtém ajuda para sobreviver. Cada vez que repete a história, no entanto, dá uma versão diferente. Para alguns, diz que está atrás de sua mãe; para outros, que ela se sacrificou para salvá-lo; ou então afirma que é órfão de pai. As mentiras, ou verdades, são conectadas por um único fio: o trágico deslizamento de terra ocorrido em 1999 no Estado de Vargas, na Venezuela, que deixou milhares de mortos e desaparecidos.

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O filme O garoto que mente (El chico que miente, 2009), de Marité Ugas, sucesso de público e um dos selecionados para a edição de 2011 do Festival de Berlim, é um dos mais recentes exemplos de renascimento do cinema venezuelano. Parte dessa transformação se deve às novas políticas de incentivo e produção cultural do governo de Hugo Chávez, declaradamente voltadas para "o rompimento com a ditadura dos filmes norte-americanos".

A qualidade do cinema local, de acordo com o cineasta e roteirista Diego Sequera, caiu sensivelmente nos anos 1990, tanto em quantidade de produções quanto na qualidade desse material. “Foi o boom dos filmes identificados com Hollywood, uma forma de colonização por meio do cinema”, diz o venezuelano, que trabalha na Cidade do Cinema (Villa del Cine, em espanhol), o primeiro complexo de estúdios e um dos principais motores da produção do país.

Divulgação/Villa del Cine
Situada na cidade de Guarenas, 33 quilômetros ao leste de Caracas, o empreendimento, fundado em 2006, já produziu mais de 500 filmes - entre longas-metragens, curtas e documentários. A maioria aborda temas nacionais, especialmente ícones ou momentos da história.

[Vista aérea da Cidade do Cinema, criada em 2006 pelo governo da Venezuela]

O que levou Chávez a investir recursos nesse centro foi saber, segundo suas próprias palavras, que "oito grandes estúdios de Hollywood dividem 85% do cinema mundial e representam ao menos 94% da oferta cinematográfica na América Latina".

Esse novo perfil de cinema foi alvo de críticas de cineastas e produtores independentes, que consideram a Cineccità venezuelana mais um instrumento da propaganda chavista. Somente roteiros identificados com a esquerda estariam recebendo investimentos. Jonathan Jakubowicz, diretor que ganhou reconhecimento internacional com o filme Sequestro Express, de 2005, denuncia que a Cidade do Cinema só apoia filmes “que retratam a revolução como solução para todos os problemas da nação, ou aqueles que contam histórias dos líderes da independência, sempre com uma versão que favorece valores apropriados pela revolução bolivariana”.

“Quem dera fosse verdade que a Cidade do Cinema fosse voltada apenas para filmes inspirados pela revolução", contesta Sequera. "Mas não é assim. Muitos opositores do governo trabalham lá. Adversários abertos do regime, que têm liberdade total para criar.” Para o roteirista, a crítica que deveria ser feita está na forma de produção de alguns filmes, ainda bastante influenciados pelo modelo norte-americano. “Em 2005, o processo de industrialização do cinema começa a mudar as estruturas da produção audiovisual venezuelana. Porém, filmes como Miranda regresa e La Clase trazem um formato gringo, de superproduções. Acredito que deveria haver mais criatividade”, diz.

O primeiro filme citado por Sequera contava a biografia de Francisco de Miranda, um dos precursores da independência venezuelana. Com 140 minutos de duração e orçamento de 2,32 milhões de dólares, envolveu mais de mil figurantes. Miranda Regresa foi rodado na Venezuela, em Cuba e na República Tcheca. e conta com uma pequena participação do ator e ativista norte-americano Danny Glover, admirador público de Chávez. Já La Clase narra a história de um jovem violinista de origem humilde dividido entre a carreira musical e a história da Venezuela.

Divulgação/Villa del Cine

Cena do filme Miranda Regresa, que conta a história de Francisco de Miranda, um dos precursores da independência venezuelana

Junto com a Cidade do Cinema, foi criado o curso da Escola Nacional de Cinema, na UCV (Universidade Central da Venezuela), e o curso de Licenciatura em Arte Audiovisuais na Unearte (Universidade Experimental das Artes). A Unearte, criada em 2008, é totalmente voltada para as artes, com cursos de teatro, dança, artes plásticas, música e, desde 2011, cinema.

A Cidade do Cinema, também em 2011, abriu o Centro de Formação Profissional. “Ha áreas em que temos um só especialista. Isso poderia funcionar quando fazíamos um ou dois longas por ano, mas não quando estamos fazendo 10, 12 ou 14 como agora", explica Pedro Calzadila, ministro da Cultura, na época da inauguração.

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Hoje na História

Hoje na História: 1937 - morre o megaempresário norte-americano John Rockefeller

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Ele encarnou o símbolo do homem de negócios implacável, astuto e sem alma caracterizado no século XIX

Max Altman

2022-05-23T16:45:00.000Z

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John Davison Rockefeller, homem de negócios rígido, astuto mas sem alma, embora fervoroso batista, o mais marcante e o mais rico dos grandes empresários norte-americanos do final do século XIX, morre em 23 de maio de 1937 em Ormond Beach, Flórida.

A descoberta de uma jazida de petróleo, pela primeira vez, em 27 de agosto de 1859, surge num momento em que as necessidades de claridade não eram mais satisfeitas pelos lampiões tradicionais ou as lâmpadas a óleo.

Aquele óleo negro saído das pedras de Pensilvânia iria revolucionar a vida cotidiana. Esquecidos das lamparinas sujas, custosas e esfumacentas eis que sugue a lamparina a querosene incandescente, uma claridade adequada, de boa luminosidade e relativamente econômica.

A partir da descoberta, ele se dedica à refinar o petróleo bruto, e muito rapidamente, iria dominar a economia do setor. A dominação do setor significava passar pela extração do óleo por meio de poços e ter a capacidade de refinar o produto. E praticamente o único em condições de fazê-lo era John Davison Rockefeller, também fundador da Standard Oil.

Ele iria dominar também as estradas de ferro que transportavam os produtos petroleiros dos locais de extração ao locais de refino, além dos grandes centros consumidores. Passou a ameaçar todos aqueles que se dispunham a com ele concorrer para a construção da arma fatal a solucionar o problema do transporte do petróleo: o oleoduto. E também a fabricar e distribuir no mundo todo os famosos botijões de querosene Jacaré. Os botijões eram distribuídos quase de graça obrigando os usuários a consumir o querosene fabricado pela Standard Oil.

Rockefeller iria visitar uns após outros de seus concorrentes refinadores e propõe a todos eles comprar suas refinarias em troca de um certo volume de ações sem direito a voto de sua própria empresa: a Standard Oil de Ohio.

Usa de métodos muito pouco convencionais, ameaçando os concorrentes em arruiná-los baixando drasticamente o preço do refino. Na verdade, Rockefeller queria era se beneficiar da baixa dos preços de transporte, cujo meio também monopolizava. Pouco demorou para que a Standard Oil viesse a deter 80% do mercado de refino. O produto resultante do refino era a querosene cuja iluminação por intermédios dos lampiões, clareava as noites estendendo pela primeira vez a jornada em muitas horas mais. Mais tarde foi o combustível preferido e adequado que movimentou a nascente indústria do automóvel.

Wikicommons
Rockefeller foi criador da empresa precursora no ramo de petróleo e combustíveis Standard Oil

Era a época do nascimento dos trustes, empresas cheias de tentáculos cujo capital era repartido entre uma minoria de acionistas com direito a voto nas assembleias gerais e os ‘‘trustees’’, acionistas em direito a voto. O abuso da posição dominante dos trustes  como a Standard Oil suscitou a aprovação em 1890 da Lei Shermann ou lei antitruste.

Vinte anos mais tarde, após deter 80% da capacidade de refino em todo o país, por  consequência desta lei e de seus próprios excessos, a Standard Oil foi obrigada a se dividir em 33 sociedades teoricamente independentes. Pouco a pouco, valendo-se das falhas regulamentares, iria se reconstituir em torno da Standard Oil of New Jersey, que seria mais conhecida pelo nome de Esso, depois Exxon e Exxon Mobil para tornar-se a líder de um cartel dominante do setor petrolífero mundial: ‘‘As Sete Irmãs’’, apodo de um cartel oculto que dominou de maneira esmagadora o setor petrolífero mundial durante a primeira metade do século XX.

São compostas dos principais filhos da Standard Oil fundada por John Rockefeller e pulverizada conforme a lei Shermann: Standard Oil of New Jersey (Esso, hoje Exxon-Mobil), Standard Oil of New York (Socony ou Mobil, hoje Exxon-Mobil), Standard Oil of California (Chevron), Texaco (Chevron), Gulf Oil (Chevron), assim como de duas companhias europeias: Anglo-Persian (hoje British Petroleum, ou BP) e Shell.

Também nesta data:

1703 - Surge no Irã a fé baháí
1498 - Após desafiar o papa, Savonarola é morto
1873 - É criada a Real Polícia Montada do Canadá
1992 - O juiz Giovanni Falcone é assassinado pela máfia
1934 - Polícia mata o famoso casal de foras-da-lei Bonnie e Clyde

(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.

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