As usinas nucleares do Irã estão prontas para receber a visita de representantes das nações que se opõem ao desenvolvimento do programa energético do governo de Mahmoud Ahmadinejad. É o que alegou nesta segunda-feira (27/08) o vice-ministro das Relações Exteriores do país, Mohammad Mahdi Akhoundzadeh, em entrevista ao site estatal yjc.ir.
“O Irã está preparado”, confirmou Akhoundzadeh, ao convidar especialistas da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) para viajar ao país e conhecer as bases militares acusadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas de desenvolver armas atômicas.
Esse acesso livre de diplomatas e outras autoridades a instalações militares surge como uma tentativa do Irã de demonstrar a transparência do governo de Mahmoud Ahmadinejad aos 120 países que compõem o chamado Movimento dos Não Alinhados e aos demais membros da ONU.
Há meses inspetores nucleares das Nações Unidas pressionam o Irã para obter maior acesso à planta de Parchin, no sudeste de Teerã. É de lá que surge a maior parte das suspeitas de que o governo de Mahmoud Ahmadinejad estaria investindo no desenvolvimento de artefatos atômicos.
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O encontro entre esse bloco de nações de oposição ao imperialismo será sediado em Teerã até a próxima sexta-feira (31/08) e surge como uma forma atestar a credibilidade do programa energético nuclear do Irã. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que a possível visita às instalações nucleares iranianas não está em seus planos, mas pediu acesso livre para os agentes da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
“Não há planos para que o secretário-geral realize uma visita desse tipo no Irã pela cúpula do Movimento dos Não Alinhados “, afirmou o porta-voz de Ban, Martin Nesirky, que ressaltou que os analistas da AIEA podem comparecer aos recintos nucleares “se as autoridades iranianas estiverem preparadas para fornecer esse acesso”.
A ONU “agradeceria” à AIEA por esse gesto, disse Nesirky ao ser questionado sobre o convite feito por Teerã às lideranças presentes na cúpula “para resistir à propaganda contra a República Islâmica do Irã e às absurdas acusações de que o Irã pretende fabricar armas nucleares”.
“Esse é o objetivo da visita”, anunciou no último domingo (26/08) o deputado iraniano Mansur Hagigatpur, da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento iraniano, que defendeu as atividades “pacíficas” realizadas nessas instalações.
Ban deve chegar a Teerã na próxima quarta (29/08) para participar da cúpula do MPNA e se reunir com as principais autoridades iranianas, uma visita que gerou um amplo debate entre israelenses e norte-americanos e que também representou uma “vitória diplomática” ao regime iraniano.
Por conta da suspeita de que seu programa nuclear visa ao desenvolvimento de armas atômicas, o Irã vive sob sanções financeiras e econômicas promulgadas tanto pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas quanto pela União Europeia e pelos Estados Unidos. O posicionamento do governo de Mahmoud Ahmadinejad sempre foi o de garantir o caráter civil, científico e, portanto, pacífico de suas usinas nucleares.
Os Estados Unidos já não acreditam mais na eficiência das sanções diplomáticas e econômicas aplicadas pelas principais potências ocidentais e cogitam o emprego de força militar. Teerã insiste em assegurar que seu programa atômico respeita o Tratado de Não-Proliferação nuclear.