Em 3 de janeiro de 1868, o longo regime feudal do xogunato é abolido no Japão e o poder é devolvido ao governo do imperador, depois de três séculos, abrindo caminho para a implantação, no plano político, de um império constitucional nos moldes ocidentais, e, no econômico, de uma acelerada industrialização – a chamada Revolução Meiji.
Até o século XVII, embora tivesse nominalmente um imperador, o arquipélago do Japão estava sob o jugo de diversos senhores feudais que guerreavam entre si. Um deles, Tokugawa Ieyasu, de Mikawa, conseguiu derrotar os demais sob a força das armas e recebeu o título de xogum (“comandante”) em 1603. A ascensão de Tokugawa recentralizou o Estado e organizou a monarquia com base no apoio da aristocracia, equivalendo no Japão ao período do absolutismo europeu. O imperador, no entanto, ficava sob a sombra do xogum, verdadeiro governante, que administrava o país a partir do Castelo de Edo.
Em 1867, a ascensão do imperador Mutsuhito ao trono do crisântemo cria uma situação favorável para que setores progressistas da aristocracia japonesa promovam a devolução do poder ao monarca. Uma aliança entre os dois principais artífices da reforma, Saigo Takamori e Kido Takayoshi, é intermediada por Sakamoto Ryoma, um antigo reformista dentro do xogunato.
Sob pressão destes senhores feudais, o então xogum, Tokugawa Yoshinobu (14º herdeiro de Ieyasu) coloca seu cargo à disposição do imperador, mas não deixa o poder pacificamente. Forma um exército para combater o imperador, defendido pelas forças conjuntas de Takamori e Takayoshi. A breve “Guerra do Ano do Dragão”, como ficou conhecida, termina com a derrota dos Tokugawa e a restauração do poder imperial.
Um governo se constitui para administrar o país em nome do imperador (a exemplo das monarquias europeias). A rígida sociedade de classes dos samurais, que sustentara o xogunato, é abolida. O sistema feudal de divisão das terras éextinto e substituído por uma administração centralizada (as prefeituras, que existem até hoje). Os daimyo (senhores feudais) são obrigados a jurar lealdade ao imperador. Cria-se o Exército Imperial Japonês, até então inexistente, e rapidamente equipado e modernizado, nos moldes prussianos. Finalmente, em 1889 é promulgada a Constituição Meiji, a primeira do país, que duraria até a derrota na Segunda Guerra Mundial.
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