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Política e Economia

Escola das Américas traduz política externa dos EUA, diz fundador do SOA Watch

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A organização gerou "muitos violadores de direitos humanos em seus próprios países, denuncia Roy Bourgeois

Giorgio Trucchi

2012-09-30T11:20:00.000Z

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Em 16 de novembro de 1989, militares ligados às brigadas especiais contrainsurgentes do Exército salvadorenho cercaram e invadiram as instalações da UCA (Universidade Centro-americana) de San Salvador, massacrando seis padres jesuítas e duas mulheres.

Segundo as investigações realizadas depois da assinatura dos Acordos de Paz em El Salvador (1992), os principais responsável por esse massacre, assim como pelo assassinato do Monsenhor Oscar Amulfo Romero (1980) e das quatro freiras norte-americanas da ordem Maryknoll (1980) e por um sem-número de outros trágicos acontecimentos em toda América Latina, se formaram na famosa Escola das Américas (School of the Americas – SOA, na sigla em inglês).

Giorgio Trucchi/Opera Mundi
A partir de 1990, como reação a esse grave acontecimento, dezenas de milhares de cidadãos norte-americanos se juntaram e fundaram o Observatório da Escola das Américas (SOA Watch), tendo como principal objetivo o fechamento definitivo desta escola de “assassinos, torturadores e golpistas”, disse a Opera Mundi o padre e fundador dessa organização, Roy Bourgeois (À ESQUERDA). Cerca de 180 membros do movimento foram presos por se solidarizarem com os prejudicados pela Escola das Américas. O padre Bourgeois passou mais de quatro anos na cadeia por exigir o fim desta instituição.

Fundada em 1946 no Panamá para treinar soltados latino-americanos em técnicas de guerra e contrainsurgência e trasferida para Fort Benning, Georgia, em 1984, a SOA, hoje rebatizada de WHINSEC (Instituto de Cooperação e Segurança do Hemisfério Ocidental, em inglês Western Hemisphere Institute for Security Cooperation), treinou mais de 64 mil soldados, “muitos dos quais se tornaram destacados violadores de direitos humanos em seus próprios países”, destaca o padre.

Segundo Bourgeois, essa escola representa a máxima expressão da política externa norte-americana, e continua tendo um papel muito importante na estratégia de reposicionamento dos Estados Unidos na América Latina e na remilitarização da América Central num contexto de combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado.

Opera Mundi: Como o senhor descreveria a Escola das Américas?
Roy Bourgeois: Como uma escola de assassinos, torturadores e golpistas, que lamentavelmente é muito bem conhecida em toda América Latina. Ali foram treinados mais de 60 mil soldados, a metade deles colombianos. Por mais de 20 anos, acompanhamos a trajetória desses graduados e encontramos centenas de conexões com as mais graves atrocidades cometidas na América Latina durante as ditaduras militares das décadas passadas. Além disso, é um claro símbolo da política externa do meu país [Estados Unidos].

OM: De que maneira representa a política externa dos Estados Unidos?
RB: Os Estados Unidos estão acostumados a se expandir em um continente que consideram seu e fazem isso estendendo suas forças e sua influência para controlar qualquer tipo de processo progressista ou de esquerda na América Latina. Neste sentido, a Escola das Américas sempre foi parte dessa estratégia. Não é por acaso que as tentativas de golpe de Estado feitas nos últimos anos na Venezuela (2002), em Honduras (2009) e no Equador (2010) tenham sido lideradas por pessoas formadas na SOA.

Leia outras matérias do especial: 

Organizações - remilitarização da América Central provocou mais mortes e violência

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OM: Há ligações com interesses econômicos, além de políticos e estratégicos, na região?
RB: Claro que há. O Pentágono diz que ali ensinam a democracia e a defesa dos direitos humanos, o que é absurdo e tristemente ridículo. O papel da SOA continua sendo a defesa dos interesses econômicos dos Estados Unidos e de suas multinacionais na América Latina, em fusão com as oligarquias locais.

Por sorte, os povos estão acordando, estão se organizando e se unindo, e estão dizendo ao império que ele já não pode vir a estes países como faziam os “conquistadores” para explorar seus recursos e seus povos. Já há seis países – Venezuela, Bolívia, Argentina, Equador, Uruguai e Nicarágua – que disseram que não vão mais enviar soldados para a Fort Benning. A decisão que o presidente nicaraguense, Daniel Ortega, acaba de tomar, vai ser um exemplo para o resto da região centro-americana.

OM: Como esta situação que o senhor está descrevendo se relaciona com a luta contra o tráfico impulsionada pelos Estados Unidos na América Central?
RB: O processo de remilitarização que está acontecendo na região e a violência que ele acarretou nos preocupa. É parte da mesma dinâmica de controle e de reposicionamento estratégico dos Estados Unidos porque nunca vão parar até deter qualquer processo latino-americano de independência.

Vimos isso recentemente com o golpe de Estado em Honduras e com as tentativas falidas cometidas contra governos pertencentes à Alba (Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América).

OM: Como continuarão nesta luta para o fim da SOA?
RB: A cada ano são gastos mais de 30 milhões de dólares de nossos impostos para financiar a SOA enquanto cortam o orçamento da educação. As pessoas continuam se juntando na luta e já estamos vendo resultados importantes. Há dezenas de congressistas que assinaram uma petição para o fechamento definitivo. Esperamos que, à medida que mais países latino-americanos se juntarem à iniciativa, mais congressistas se sentirão estimulados a dar esse passo.

OM: O senhor, assim como muitas outras pessoas, já foi preso por levar esta luta adiante...
RB: E vamos continuar fazendo, trabalhando para conscientizar as pessoas e os governos. Conseguir o fechamento deste “monstro” seria algo extraordinário. Desde já convidamos a todas as pessoas que queiram participar de um ato em frente às instalações da Fort Benning em 16 e 17 de novembro.

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Política e Economia

Organizações da Sociedade Civil tiveram direitos violados no governo Bolsonaro, diz associação

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Pesquisa feita com 135 organizações sociais de todas as regiões do país foi apresentada no Fórum Político de Alto Nível da ONU

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2022-07-05T21:50:00.000Z

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A Associação Brasileira de ONGs afirmou, por meio de uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (05/07) no Fórum Político de Alto Nível da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, que as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) foram submetidas a violações sistemáticas de direitos pelo Estado brasileiro no período entre 2019 e 2021.

O estudo, intitulado Criminalização Burocrática, foi feito a partir do levantamento do perfil de 135 organizações sociais de todas as regiões do Brasil, combinando abordagens qualitativa e quantitativa, incluindo ainda grupos focais e entrevistas entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022. Para conferir o relatório completo, clique aqui. 

“Desde o início do governo de Jair Bolsonaro, o que se observa é um aumento de desconfiança sobre o campo da sociedade civil organizada. Há uma escalada nas tentativas de criminalização das OSCs, com projetos de lei e outras medidas legais destinadas ao controle e restrição do espaço de atuação dessas organizações”, apontam os pesquisadores da pesquisa. 

Segundo a Abong, as organizações têm sido alvo de uma “série de ataques” por meio de medidas em âmbito administrativo que “visam dificultar a captação de recursos, impor pagamentos indevidos e, de forma geral, inviabilizar o trabalho das entidades”. 

Flickr
Segundo a Abong, as organizações têm sido alvo de uma “série de ataques” por meio de medidas em âmbito administrativo

“As informações também apontam que as OSCs têm sofrido, com o governo federal como agente, crimes de calúnia, difamação ou injúria, todos previstos no Código Penal”, diz a associação.

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