Comando Venezuela/Divulgação
Como veio prometendo a oposição, o ato de encerramento da campanha do ex-governador do Estado de Miranda e candidato à Presidência Henrique Capriles lotou as ruas do centro de Caracas neste domingo (30/09). Segundo o comando de campanha da oposição, um milhão de pessoas esteve nos 1,7 quilômetros de extensão da Avenida Bolívar, emblemática na mediação de forças entre candidatos. Apesar de percorrer outros estados durantes essa semana, o candidato não deverá realizar outro ato de tamanha magnitude.
Em seu discurso de pouco mais de 40 minutos, Capriles fez duras críticas ao governo e ao programa de campanha de Hugo Chávez. O candidato opositor enumerou propostas não cumpridas e os objetivos gerais do programa chavista, portando em suas mãos um panfleto com as propostas do presidente. “Preservar a vida no planeta e salvar a espécie humana? E quem nos salva? Somos solidários com as lutas que existem no mundo, mas primeiro vamos fazer o dever de casa”, ironizou.
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Capriles também leu um documento onde enumerava supostas doações do governo Chávez a outros países, o que resultaria, em suas contas, em 259 bilhões de bolívares (cerca de R$ 103 bilhões). Capriles considera que programas do governo como a troca de petróleo por açúcar com Cuba, ou os investimentos da China no país em troca de petróleo, sejam “presentes”.
O discurso mencionou novamente o tema da insegurança. “Ontem (sábado) a violência tirou a vida de três jovens e em 7 de outubro vamos derrotar a violência na Venezuela”, disse. O ex-governador se referia a um confronto que ocorreu no Estado de Barinas, supostamente entre governistas e opositores, e onde morreram três jovens ligados à oposição.
Mais ataques do candidato foram direcionados a problemas de infraestrutura do país. “Estradas destruídas, pontes que caem, explosões em nossa indústria petroleira. Façam um balanço do que está acontecendo neste governo”, afirmou.
Comando Venezuela/Divulgação
O candidato da oposição Henrique Capriles chega em caminhonete à concentração na Avenida Bolívar
Caso eleito, Capriles prometeu devolver o sinal da RCTV (Rádio Caracas de Televisão), estação de TV que exerceu forte oposição ao governo Chávez e que participou ativamente do golpe de Estado contra o presidente em 2002. Em 28 de março de 2007 o governo não renovou o direito da concessão para uso do espectro rádio-elétrico da RCTV, que até então era o mais antigo da aberta no país.
Eleitores
Para Pedro Rojas, de 19 anos, estudantes da UCV (Universidade Central da Venezuela), a juventude “está cansada” de promessas. “Não somos ligados a partidos políticos, estamos aqui voluntariamente porque acreditamos em Capriles”. Outra estudante da UCV, Camila Martinez, de 22 anos, do movimento juvenil “Tu e 2 mais”, diz que a militância nas ruas expressa um desejo de mudança no país. Ela prometeu permanecer fazendo campanha até o dia das eleições. O movimento se declara voluntário e pede doações com cofrinhos nas mãos.
Várias lideranças políticas que antecederam Capriles em discursos exaltavam a grande concentração de pessoas e o fato de o candidato, de 40 anos, trabalhar desde a juventude na política e ter exercido diversos cargos antes de se candidatar à Presidência. “Acabou o medo, os jovens estão na rua para comprovar”, falou Antonio Ledezma, prefeito do Distrito Metropolitano de Caracas.
O coordenador da campanha, Leopoldo López, pediu aos eleitores de Capriles para “madrugarem” nos centros de votação em 7 de outubro. “Peço aos venezuelanos que exerçam seu direito de voto nas primeiras horas da manhã de domingo. Peço que madruguem, que cheguem às 4h da madrugada”, disse.
Após os discursos introdutórios, chegou a hora de Capriles falar. “Ai vem o ‘magro’, o condutor do ônibus do progresso”, eram os gritos do locutor em referência ao porte atlético de Capriles e ao principal mote da campanha, o “progresso”. Para percorrer vários estados da Venezuela, a campanha de Capriles batizou o veículo que leva os assessores do candidato de “ônibus do progresso”.
Já na imensa multidão que se concentrou em frente ao palanque para ouvir as palavras de Capriles, os gritos de ordem soavam mensagens de incentivo, mas também de ataque ao governo. “Se vê, se sente, Capriles presidente!” seguido de “Chávez se vá”.
Capriles fez todo o percurso em cima de uma caminhonete aberta e jogou vários bonés com as cores da bandeira da Venezuela para o público. O candidato já percorreu 21 estados da Venezuela nesta campanha e promete encerrar sua campanha nesta segunda-feira (01/10) no Estado Amazonas e Bolívar e finaliza seus atos de eleição no Estado Lara na quinta-feira (04/10)