Atualizada às 18h57
Agência Efe (04/10/12)
O candidato à presidência venezuelana e principal opositor de Chávez nas eleições, Henrique Capriles discursa em seu último comício eleitoral
Após votar no Colegio Santo Tomás de Villanueva, em Caracas, o principal candidato de oposição à Presidência da Venezuela, Henrique Capriles, afirmou que “o povo não sairá derrotado” das eleições deste domingo (07/10).
“Aqui haverá um ganhador, um presidente eleito, mas não haverá povo derrotado. Amanhã seremos um só país, uma só Venezuela. Amanhã teremos muitos problemas para resolver. Acho que está muito claro: que o povo fale, que festeje o que tem que ser festejado, sempre com muito respeito com os que pensam diferente”, afirmou Capriles.
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Diferentemente do que respondeu durante a semana, quando foi evasivo ao ser questionado se aceitaria o resultado da eleição, Capriles garantiu que “o que o povo disser será acatado.” “Tenho plena confiança nos voluntários.”
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De acordo com a imprensa local, o opositor disse esperar que “todos os venezuelanos estejam abraçados já nesta noite, como irmãos que somos”. “A massiva participação do povo mostra que os venezuelanos querem resolver nossas diferenças por meio do voto, da democracia”, argumentou ele.
O candidato também pediu que os eleitores tivessem paciência e não deixassem de votar devido às filas. “Queremos que os resultados sejam conhecidos o mais rapidamente possível.”
Região pró-Capriles
No bairro de Altamira o domingo estava mais tranquilo que de costume. A rua San Juan Bosco, caminho para os praticantes de esportes que vão ao monte Ávila, desta vez estava vazia. A estação do metrô de Altamira, movimentada também aos domingos e de onde saem boa parte dos andarilhos que seguem para o Ávila, também vazia. As catracas estavam abertas, fazendo com que a passagem do metrô, que já é uma das mais baratas do mundo, ficasse de graça.
Vizinho da estação de Altamira, está o arborizado bairro de La Floresta e talvez um dos motivos de tanta tranquilidade nas ruas. O colégio Cristo Rey, um dos centros de votação, estava lotado. Ali, segundo pesquisas de opinião, cerca de 70% dos eleitores votam no candidato da oposição Henrique Capriles.
Guillermo Ferrero é morador de La Floresta, membro da associação de vizinhos e do Conselho Comunal do bairro. Estava ajudando idosos e pessoas com alguma dificuldade a passar à frente na longa fila que se formava para cada uma das seis mesas de votação. Ele reclama que, antes de chegar às mesas, o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) colocou funcionários com computadores para localizar os eleitores. Para ele, em vez de ajudar, esse procedimento estava fazendo a fila crescer mais. “São seis mesas, mas colocaram apenas três computadores”, disse. De qualquer maneira, continuou do lado de fora do colégio ajudando as pessoas.
A engenheira química Yurimia Ramirez estava na pior das filas, da mesa 01. Chegou às 8h50 e até o momento que o Opera Mundi saiu do local, às 11h50, continuava em pé. Ela lembra que sua mesa também deu problema nas eleições parlamentares de 2010. “Essa minha mesa é problemática. Mas fico aqui o tempo que for possível”, disse com bom humor. “As pessoas estão relaxadas, o que demora é a primeira face da ferradura”, explicou, reclamando exatamente dos computadores que fazem a identificação prévia dos eleitores.
Jonatas Campos/Opera Mundi
Eleitores venezuelanos demonstraram paciência para permanecer nas filas antes de votar
Para Mercedes Griat, outra engenheira química e professora, as advertências de votar com calma e esperar que apareça a foto do candidato chegaram por e-mail. “Os amigos compartilhando essa informação, porque alguns votos foram anulados”, disse. Mercedes garante que, se seu candidato ganhar, vai para a rua comemorar.
No colégio Más Luz, já em Altamira, a fila também estava fazendo uma volta no quarteirão. A jovem estudante de direito da UCV (Universidade Central da Venezuela) Paola Arellan vestia a camisa da seleção de futebol nacional. “Esse é o símbolo de minha nação, por isso coloquei ela hoje”, disse. Seu pai, Pedro Arellan, é advogado e professor da UCV. “Estou aqui como cidadão ajudando a organizar a fila e advertindo para que esperem aparecer a foto do candidato antes de finalizar o voto”, explicou.
Pedro lembra que há tempos não via uma fila como a de hoje. “A classe média está mobilizada. Vai haver um voto de castigo”, disse, referindo-se à insatisfação dessa classe com o governo Chávez. “O governo tem que ler esse sentimento de descontentamento. Em 2010 o PSUV (Partido Socialista Unificado da Venezuela, ao qual Chávez é filiado) teve menos votos que a oposição”, analisou.