Agência Efe
Festa em Bilbao, onde partidários da coalizão Bildu comemoram o bom desempenho na eleição regional basca
Os separatistas do PNV (Partido Nacionalista Basco) e da coalizão de esquerda Euskal Herria Bildu foram os vencedores da eleição regional realizada no País Basco Espanhol neste domingo (21/10). Com todos os votos já apurados, as duas legendas, de posições econômicas e sociais diferentes mas com o objetivo separatista em comum, obtiveram 48 das 75 cadeiras do Parlamento local. Já na Galícia, que também teve eleições no mesmo dia, o conservador PP (Partido Popular), do chefe de governo espanhol Mariano Rajoy, foi o vencedor com folga em sua comunidade, conquistando 41 vagas das 75 possíveis.
A vitória de dois partidos nacionalistas entre os bascos é mais uma má notícia para o governo espanhol, que já era pressionado pelo movimento separatista na Catalunha. As duas regiões têm uma reivindicação secular pela independência à Espanha, cujo governo central está fragilizado pela crise econômica, a explosão da dívida soberana e o desemprego.
Com a vitória de PNV e Bildu, o governo Rajoy terá de lidar com reivindicações de independência de duas comunidades autônomas.
O PNV, de direita, obteve 27 cadeiras do Parlamento regional, seguido de perto pela Bildu, com 21. Antes, o PNV tinha 30 congressistas que, somados a outros grupos separatistas menores na legislação anterior, eram minoria. O PSE (Partido Socialista Basco), representante nacional do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), do ainda premiê regional Patxi López, caiu para terceiro, com 16 (ante os 25 representantes de outrora), e seus antigos aliados no governo, do PP (arquiinimigos no plano nacional), ficaram com 10, ante os 13 anteriores. Antes, eles formavam 38 representantes, quantidade mínima para governar. O governo foi desfeito quando López se recusou a implementar uma série de medidas de austeridade exigida pelo PP, que preferiu desfazer a aliança. Nesta eleição, porém, foi o recém-formado Bildu fez toda a diferença.
A disputa foi histórica também pelo fato de ser a primeira eleição na região após a decisão do grupo separatista e marxista ETA (Pátria Basca e Liberdade) ter anunciado o fim do uso da violência e do terrorismo em suas reivindicações pela independência.
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O Bildu reúne as ambições políticas do antigo braço político do ETA, o Batasuna (Unidade, em basco), colocado em ilegalidade pelo governo espanhol. No entanto, o Bildu condena publicamente o uso da violência com fins políticos.
O líder do PNV, Iñigo Urkullu, que deverá ser convocado a formar um novo governo, disse em seu discurso de vitória nesta noite, em tom conciliatório, que vai procurar conversar “com todos os partidos”, se comprometendo a buscar acordos em três temas os quais considera chave para a sociedade basca: “a crise econômica, a paz e a convivência”.
Galícia
Na Galícia, terra natal de Rajoy, o PP teria obtido de 42 das 75 cadeiras possíveis, aumentando ainda mais seu domínio parlamentar. Os socialistas do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) caíram de 25 para 118 assentos, seguidos pela AGE (Alternativa Galega de Esquerda), com nove,e o BNG (Bloco Nacionalista Galego), ambos separatistas – há também um movimento separatista nesta região, porém de muito menor peso do que na Catalunha e no País Basco.
As eleições regionais deste domingo, são classificadas por analistas como uma prova de fogo para a política de austeridade fiscal do governo espanhol. Nos últimos meses, milhares de espanhóis têm tomado as ruas das principais cidades do país para protestar contra o corte de gastos públicos, incluindo o congelamento de salários e o fim de benefícios sociais.
A Espanha tem atravessado sérias dificuldades econômicas desde a crise financeira global de 2008, devido ao estouro da bolha imobiliária, impondo pesadas perdas a seus bancos.
Estimativas apontam que a recessão no país deve se aprofundar ainda mais, enquanto que os 17 governos regionais lutam contra dívidas crescentes.
A Catalunha teve sua eleição regional para novembro, e o premiê Artur Mas, também separatista, tem como uma de suas propostas políticas a realização de um referendo sobre a independência em 2014. O governo de Rajoy, no entanto, é totalmente contrário, afirmando que qualquer votação sobre o tema só teria validade com autorização governamental, o que não deverá ocorrer.
(*) com agências de notícias internacionais e com infiormações do jornal El Mundo