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Acidente aéreo que levou à morte do presidente polônes Lech Kaczyński ainda é alvo de polêmicas
O segundo maior jornal da Polônia, Rzeczpospolita, publicou nesta terça-feira (30/10) uma reportagem de capa afirmando que foram encontrados restos de explosivos nos destroços do avião Tu 154M, que caiu perto da cidade de Smolensk, na Rússia, em abril de 2010. No avião, viajavam altos membros do governo polonês, incluindo o então presidente, Lech Kaczyński. As 95 pessoas a bordo morreram.
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Sem citar as fontes, o jornal informou que a perícia encontrou TNT e nitroglicerina nas asas, na cabine e em 30 assentos do avião. Segundo o veículo, a informação vem de fontes confiáveis. “Não podemos dar a fonte por uma questão de segurança”.
Em uma coletiva de imprensa convocada em caráter de emergência, o chefe da Procuradoria Militar da Polônia, Ireneusz Szelag, negou o que ele chamou de “especulações do jornal”, mas confirmou a presença de restos de explosivos. “Os investigadores encontraram vestígios de TNT e nitroglicerina, mas as evidências coletadas sobre o acidente até agora não indicam que a tragédia possa ter sido o resultado da ação de terceiros, ou seja, um assassinato.” Szelag acusou o artigo do jornal Rzeczpospolita de “sensacionalista” e de ser “um texto falso ou, no mínimo, impreciso”.
Logo após a coletiva de imprensa do chefe da Procuradoria Militar, o jornal Rzeczpospolita publicou em seu site uma nota informativa dizendo que o veículo não afirmou que o acidente em Smolensk tenha sido um assassinato, mas que “se perguntam porque o governo não anunciou publicamente a descoberta de novo material nos destroços, o que é algo de interesse nacional”. O jornal argumentou ainda que, para confirmar qualquer hipótese, novos testes precisam ser feitos nos próximos meses.
Especialistas russos apontaram durante a investigação do caso que a aeronave decidiu aterrissar mesmo com o forte nevoeiro. No entanto, para o principal partido de oposição da Polônia, Lei e Justiça, o acidente foi na verdade planejado para assassinar o presidente polonês. O líder da oposição, Jaroslaw Kaczynski, irmão gêmeo do presidente falecido no acidente, exigiu a renúncia do primeiro-ministro Donald Tusk. “Não é possível que a Polônia esteja sendo governada há 30 meses por pessoas que ocultaram o que agora se confirmou como um crime hediondo”.
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Alguns analistas que não acreditam na versão do assassinato argumentam que os resíduos de explosivos encontrados podem ter vindo de bombas da época da Segunda Guerra Mundial, que não foram utilizadas, mas permaneciam no local da queda do avião.
O porta-voz do BOR (sigla em polonês para o Gabinete de Proteção do Governo), Dariusz Aleksandrowicz, informou que o avião presidencial foi cuidadosamente examinado antes de decolar e que cães varejadores também não encontraram nenhuma substância perigosa ou proibida.
Um funcionário polonês da União Europeia, que preferiu não se identificar, disse que a história parece uma tragicomédia. “Restos de explosivos da Segunda Guerra Mundial? Em tantas partes do avião? Como é possível? Tem muita gente na Polônia que acha que isso não foi um acidente. As caixas-pretas continuam na Rússia”.
Testemunha-chave cometeu suicídio
Uma das testemunhas-chave na investigação do acidente do avião presidencial polonês cometeu suicídio no último sábado (27/10). Remigiusz Mus foi encontrado morto no porão de sua casa em Varsóvia, capital da Polônia.
Mus era engenheiro de voo e estava em um avião Yak-40 que aterrissou no mesmo local uma hora antes do acidente, levando um grupo de jornalistas. Em seus depoimentos, o piloto disse que escutou quando os controladores aéreos deram autorização para que o avião com a comitiva do governo aterrissasse, apesar do mau tempo, contradizendo a versão oficial das autoridades russas.
O piloto do Yak-40, Artur Wosztyl, também é considerado uma testemunha essencial no caso e passará a contar com um serviço especial de proteção.