Países europeus discutem a possibilidade de revogar o embargo de venda de armamentos que pesa sobre a Síria. Na última sexta-feira (16/11), o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, revelou à imprensa que membros da União Europeia cogitam esta alternativa como forma de pressionar países árabes e mesmo os Estados Unidos a adotar um posicionamento mais firme diante dos mais de 20 meses de guerra civil.
Hague se reuniu em Londres com Mouaz al Khatib, líder da recém fundada Coalizão Nacional Síria para a Oposição e Forças Armadas. Na ocasião, indicou que a iniciativa teria partido do governo do presidente francês François Hollande. No entanto, ressaltou que, inicialmente, o governo do premiê britânico David Cameron não ratificaria essa estratégia.
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Delegações dos Estados Unidos, da França, da Alemanha, do Katar e da Turquia participaram do encontro com o líder do novo grupo de oposição. Constava na pauta da reunião o debate sobre as melhores formas de apoiar a luta contra Bashar al Assad e de obrigar a oposição a respeitar princípios cogentes dos direitos humanos.
Efe
“Nós não podemos ficar parados. Nós não podemos apenas falar que deixaremos as coisas como estão na Síria. Porque a situação está se deteriorando gravemente”, disse Hague à imprensa. “A forma como reagiremos deve ser bem avaliada e bem refletida”, acrescentou.
Um encontro entre chanceleres europeus na próxima segunda-feira (19/11) discutirá a possibilidade de revogação do embargo. Desde maio de 2011, a União Europeia proibiu a exportação de armas e equipamento bélico para a Síria. À época, a diplomacia do bloco alegava que havia o temor de esse tipo de mercadoria contribuir para casos de “repressão interna” do regime contra civis.
Diálogo nacional
Membros do governo de Bashar al Assad e integrantes da oposição armada da Síria estão reunidos neste domingo (18/11) no Irã para o que é considerado pela diplomacia local como o primeiro “diálogo nacional” entre as partes.
Idealizador do encontro, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Ali Akbar Salehi, classificou a ocasião como uma “resposta arrasadora aos planos de ingerência de potências estrangeiras” na Síria. Segundo veículos da imprensa local, foram convidados cerca de 200 representantes do governo, da oposição e de minorias da Síria.
Em meio a seu discurso de abertura, Salehi disse que a reunião é também uma resposta aos “grupos armados irresponsáveis que, por meio das armas e massacres, atacam a antiga civilização da Síria”. O Irã é o principal aliado do regime de Damasco no Oriente Médio.
As pautas do encontro dizem respeito a questões como a manutenção da independência da Síria e de sua integridade territorial. Também serão abordados aspectos da política de coexistência e do império da lei, da segurança, da ordem e da paz no país.
Segundo o governo do Irã, o vice-primeiro-ministro sírio, Qadri Yamil, e o ministro de Reconciliação Nacional, Ali Heidar, estão na reunião representando o presidente sírio, Bashar al Assad.
No início do último mês de agosto, Teerã sediou uma conferência da qual participaram quase 30 países para tratar a situação na Síria. Os presentes (entre eles Rússia, China, Índia e países da Alba) propuseram a criação de um “grupo de contato” para “pôr fim à violência e promover um diálogo integrador entre o governo sírio e a oposição”. A reunião pretendeu ser uma alternativa aos “Amigos da Síria”, comitê convocado pelos Estados Unidos para respaldar a tentativa de derrubar o regime de Al Assad.