A jovem militante espanhola Laura Arau decidiu ter uma participação mais efetiva no ativismo político quando, em 2008, se revoltou com as imagens de destruição na Faixa de Gaza causadas pela operação israelense “Chumbo Fundido”. Três anos depois, ela se encontra em Porto Alegre, onde participa do FSMPL (Fórum Social Mundial da Palestina Livre) com mais bagagem sobre novas formas de ação para repassar aos colegas de todo o mundo.
Poucos meses separaram as cenas de televisão do massacre no território palestino da presença de Laura em um dos episódios mais recentes da repressão israelense contra ativistas internacionais. Depois de procurar organizações que lutam pela libertação nacional palestina, a jovem espanhola tentou entrar em Gaza pela fronteira egípcia com um grupo de pessoas de diversos países.
Marina Mattar/Opera Mundi
As autoridades egípcias não permitiram sua entrada e foi quando recebeu a proposta de uma ativista turca “da próxima vez, vamos entrar pelo oceano. Quer se juntar a nós?”. Foi assim que Laura embarcou na flotilha da liberdade, também conhecida como “Marmara”, que saiu da Turquia e tentou entrar em Gaza, mas foi duramente reprimida pela marinha israelense no dia 30 de maio de 2009. Nove pessoas morreram e dezenas ficaram feridas.
“Quando chegamos na Espanha, tínhamos muito apoio. Muitas pessoas queriam fazer algo e decidirmos fazer um barco que saísse da Espanha”, conta ela. Foi assim que surgiu a “Rumbo a Gaza”, uma das campanhas mais bem sucedidas contra o bloqueio israelense no território palestino. “Nós queríamos informar as pessoas da Espanha sobre o que estava acontecendo lá. Porque nos parece tão distante…”, acrescenta.
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A partir da iniciativa “um lápis, um caderno e um euro para as crianças de Gaza”, os ativistas conseguiram trazer a vida cotidiana dos palestinos para as salas de aulas em diversas cidades espanholas e para todas as idades. O grupo recolhia material escolar das crianças espanholas que deixavam também um recado para seus colegas palestinos nos itens enviados.
O governo espanhol chegou a acusar o movimento de estar educando a juventude para a “jihad”, mas o extenso projeto pedagógico aprovado pelo órgão competente lhes garantiu continuidade. “Fiquei muito contente quando uma garota, bem pequena, me perguntou: mas a polícia não é boa e deveria nos proteger?”, lembra Laura.
Os espanhóis também conquistaram o apoio de muitos artistas famosos no país, como o músico Manu Chao. Em um vídeo de produção própria, essas celebridades nacionais apareciam contando histórias de palestinos e dos ativistas na flotilha da liberdade. O filme chegou às telas dos principais canais do país e atraiu, ainda mais, atenção para a causa palestina.
A ativista participou de diversas mesas com organizações de todo o mundo durante o Fórum Social Mundial Palestina Livre para transmitir o seu conhecimento. “Eu conheço muitas ferramentas interessantes e criativas de luta e acredito que consegui trazer para meus companheiros do evento”, afirma ela.