“Capitalistas não gostam da intervenção do Estado, mas não reclamam quando recebem ajuda”. O sul-coreano Ha-Joon Chang é um economista polêmico e vai na contramão de muitas ideias difundidas por seus colegas. Com doutorado em Economia e Política na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, onde trabalha atualmente, Chang esteve no Brasil e conversou com o Opera Mundi sobre microcrédito e intervenção estatal, entre outros assuntos.
Em 2004, Chang escreveu o livro Chutando as Escadas – a Estratégia do Desenvolvimento em Perspectiva… Nele, defende a ideia de que alguns países, hoje desenvolvidos, tiveram em seu passado a intervenção do Estado na economia. A ironia está no fato de que, atualmente, essas nações condenam esse tipo de política.
”Praticamente todos os países ricos, incluindo Estados Unidos e o Reino Unido, que supostamente praticam o livre-comércio, utilizaram-se de tarifas e subsídios para desenvolverem suas indústrias”, afirmou após palestra em evento realizado esta semana na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.
Microcrédito
Chang também criticou o microcrédito, que para ele pode ser uma “ilusão” e uma solução a curto prazo. Ele diz que a “política do consumo vinda dos Estados Unidos não traz um crescimento sustentável” e que outras medidas deverão ser tomadas para evitar outras bolhas financeiras.
Em 2006, o indiano Muhammad Yunus ganhou o Prêmio Nobel da Paz “pelos seus esforços para criar desenvolvimento econômico e social” em seu país. Ele é fundador do Grameen Bank, que faz empréstimos de baixos valores e com maior prazo de pagamento à população da Índia.
A evolução do crédito pode ser percebida no Brasil. Segundo demonstrativo anual da Caixa Econômica Federal, em 2005 o total de crédito disponibilizado foi de 37,2 bilhões, contra 80 bilhões em 2008. Os empréstimo para pessoas físicas, no mesmo intervalo de tempo, subiram de 8,9 bilhões para 13,7 bilhões.
Bolha
Ao falar de bolhas financeiras, o economista destacou a China e o perigo da especulação no país. Um artigo publicado em novembro de 2009 no jornal Financial Times, com o título “Medo da bolha imobiliária na China”, trazia o depoimento de Zhang Xin, chefe-executiva da Soho China, uma das maiores empresas imobiliárias no país. Segundo Zhang, “é possível ver cada vez mais edifícios vazios por todo o país”.
Para Ha-Joon Chang, muitas das teorias disseminadas no mundo são apoiadas por povos sem educação financeira e histórica suficiente para criticar.
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