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Política e Economia

ONG sul-africana ensina lições de resistência ao apartheid para ativistas palestinos

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BDS incentiva boicote a produtos israelenses

Marina Mattar

2012-12-02T19:19:00.000Z

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O sentimento de solidariedade internacional e a necessidade de retribuição ao apoio recebido durante a luta contra o regime racista de apartheid na África do Sul (1945-1994) são as principais motivações dos ativistas da BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções). A filial sul-africana do grupo é uma das mais organizadas e engajadas no movimento internacional que defende ações econômicas diretas contra o governo israelense em favor das causas palestinas. Presente em peso no FSM (Fórum Social Mundial) Palestina Livre, que ocorreu nesta semana em Porto Alegre, a organização descreveu uma série de lições de resistência aprendidas na época do regime segregacionista.

"Temos a obrigação de retribuir o apoio que outros nos deram há 20 anos durante a luta contra o apartheid", explica Mohamed Desai, coordenador da organização em Johanesburgo, à reportagem de Opera Mundi.

Assim como ocorreu na África do Sul na década de 1990, os ativistas esperam que o boicote internacional a Israel tenha como resultado a mudança de um regime que também consideram ser segregacionista e da ocupação dos territórios palestinos. “Não é apenas uma questão de princípio, é uma resposta concreta à luta dos palestinos”, continua ele.

Fora do Eixo

Manifestação pró-Palestina em marcha da FSMPL, encerrada neste sábado em Porto Alegre

Atendendo ao pedido de muitos presentes no congresso, os ativistas sul-africanos compartilharam as medidas que deram certo no passado e deram dicas para as outras organizações internacionais envolvidas na campanha. “Temos de achar os pontos fracos de Israel e do movimento sionista”, afirma Ronnie Kasrils, que participou da luta contra o apartheid e foi ministro da Defesa no governo de Nelson Mandela.

A campanha deve reconhecer aquilo que o movimento sionista mais valoriza para poder iniciar o boicote, aponta Desai. Na África do Sul do apartheid, por exemplo, os esportes e suas diferentes ligas eram muitos valorizados pelas autoridades e população. Por essa razão, os ativistas começaram a boicotar os jogos de maneiras muito criativas, como levando dezenas de coelhos para o campo, impedindo o acontecimento da partida. “Isso fez com que as pessoas prestassem atenção para o que estava acontecendo”, diz o coordenador.
 

Na interpretação do grupo sul-africano, as autoridades israelenses e os defensores da ocupação se vangloriam de sua excelência acadêmica e promovem diversos incentivos para atividades intelectuais e culturais. “Esse é um ponto importante que a campanha deve explorar. Por isso, nós damos importância ao boicote acadêmico e cultural”, diz Desai.

Uma das celebridades mundiais que aderiu ao movimento recentemente foi o cantor norte-americano Steve Wonder, que se recusou a tocar em Israel. “É deste tipo de iniciativa que precisamos”, acrescenta ele. O coordenador sul-africano ainda lembra que a adesão de artistas atrai ainda mais atenção para a campanha de BDS.

Boicote e luta armada

De acordo com Desai, o boicote na África do Sul era muito mais radical do que o proposto pelos palestinos e mesmo assim, conquistou o apoio até mesmo dos Estados Unidos nos últimos anos de luta. “O ANC (Congresso Nacional Africano, atualmente o partido político no poder) que convocou a campanha e eles possuíam um braço militar assumido”, explica. “Os palestinos nem estão pedindo isso, só querem o nosso apoio ao BDS e não à resistência armada”, ponderou.

Fora do Eixo

Ronnie Kasrils, à direita, durante palestra do FSM Palestina Livre

Apesar das vitórias conquistadas na África do Sul com a adesão de diversos sindicatos e a decisão do governo de rotular os produtos israelenses produzidos em territórios palestinos ocupados, o ativista diz que ainda há muito mais a fazer. Não devemos aprovar medidas paliativas, como a dos rótulos, porque sabemos que Israel pode burlá-los. Nós temos que proibir esses produtos”, afirma.

"Futuro promissor"

"Com a resistência das pessoas e o apoio da comunidade internacional, podemos ganhar", afirma Kasril. O político, que integrou o ANC na época da luta armada, lembrou que a campanha de boicote sul-africana levou 30 anos para alcançar resultados efetivos. "O BDS para a população palestina tem apenas sete anos e se desenvolveu com força e rapidez ao redor do mundo. Mais rápido do que nossa iniciativa", acrescentou.

Por mais que ainda tenha que conquistar muitos avanços, Desai avalia que a campanha internacional de boicote a Israel terá um futuro promissor. O coordenador sul-africano alertou aos movimentos brasileiros para agirem contra os tratados comerciais entre as autoridades e Israel, que devem aumentar com os próximos dois megaeventos esportivos – Copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro (2016).

"Você escolhe fazer negócios com Israel. É uma decisão política, não só econômica", afirma.
 

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Política e Economia

Mandato de Petro e Márquez inicia com altas expectativas do povo colombiano

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Com desejo de melhorias na área social e menos violência, primeiro governo de esquerda do país recebe legado desafiador

Redação

Brasil de Fato Brasil de Fato

São Paulo (Brasil)
2022-08-09T19:50:00.000Z

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Gustavo Petro e Francia Márquez começaram nesta segunda (08/08) seu mandato como líderes do novo governo colombiano. É a primeira vez que o país tem uma gestão com origens alternativas e populares. Durante a cerimônia de posse, na mítica Praça de Bolívar, localizada no centro de Bogotá, houve diversas manifestações culturais, que se replicaram por todo o país.

Em cerimônias de posse em todo o país, centenas de pessoas indígenas, afro-colombianas, jovens de bairros populares e famílias inteiras deixaram suas casas para abarrotar as principais praças e parques.

Na capital Bogotá, podia ser notada a expectativa que cerca o novo governo eleito. "Só tenho alegria e felicidade. estamos reunidos com os nossos colegas porque hoje é um dia de festa, dia de dizer 'sim' à paz", disse Robin Ortega.

Já a moradora da capital, Maria Cristina Muñoz, diz que, "para nós, colombianos, isto significa esperança. Nós sofremos, nossos jovens foram mortos. Estamos felizes por essa nova mudança."

De fato, o novo governo representa a esperança de milhões de colombianos, principalmente as classes marginalizadas, os chamados "ninguéns", as diversidades étnicas e sexuais, os excluídos.

Seja na melhora da área da saúde, como diz Hilda Urrea: "venho de Engativá, na localidade 10, venho para a posse do dr. Gustavo Petro, porque graças a ele temos a esperança de abrir o hospital San Juan de Dios e de fazer justiça." Seja na construção de um país menos desigual: "acho que significa devolver ao país a ideia de construir uma nação inclusiva, que represente a diversidade que a Colômbia tem e, sobretudo, a esperança de que o fortalecimento das instituições possa continuar ocorrendo de forma democrática", diz Ana Milena Molina.   

Petro, como representante do primeiro governo de esquerda a chegar ao poder na Colômbia nos mais de 200 anos de vida republicana, buscou abordar as expectativas do povo que lhe saudava.  

Reprodução/Francia Márquez Mina/Twitter
Gustavo Petro e Francia Márquez começaram nesta segunda-feira (08/08) seu mandato como líderes do novo governo colombiano

“Neste primeiro discurso como presidente da Colômbia, diante do Poder Legislativo e diante do meu povo, quero compartilhar meu decálogo de governo e meus compromissos. Trabalharei para alcançar a paz verdadeira e definitiva. Como ninguém, como nunca antes. Vamos cumprir o acordo de paz e seguir as recomendações do relatório da comissão da verdade. O ‘governo da vida’ é o ‘governo da paz’. A paz é o sentido da minha vida, é a esperança da Colômbia. Não podemos falhar com a sociedade colombiana. Os mortos merecem isso. Os vivos precisam disso. A vida deve ser a base da paz. Uma vida justa e segura. Uma vida para viver gostoso, para viver feliz, para que a felicidade e o progresso sejam a nossa identidade”, disse no domingo (07/08) o novo presidente.

Na posse, estavam a primeira-dama, Verónica Alcócer, e os filhos de Petro. Diante de delegações internacionais, dos presidentes do Chile, Argentina, Equador e Bolívia, e do rei da Espanha, o novo presidente prometeu que não permitirá que a desigualdade e a pobreza que dominam a Colômbia continuem sendo naturalizadas.

A cerimônia de posse foi marcada por simbolismos, como a exibição da espada de Simón Bolívar, representando a unidade dos povos da América Latina e a promessa de um governo popular que trabalhará pela unidade do país.

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