Eternizadas no projeto de Brasília, as curvas projetadas por Oscar Niemeyer não se limitam apenas às fronteiras nacionais e atravessam os mais diversos países. Cruzando quatro continentes, fizeram do arquiteto morto nesta quarta-feira (05/12), aos 104 anos no Rio de Janeiro, um dos nomes mais célebres do modernismo do século XX.
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Sede da editora Mondadori, em Mlão, Itália
Sua estreia internacional foi em 1939, com o Pavilhão Brasileiro da Feira Mundial de Nova York. Aos 32 anos, a parceria com o amigo Lúcio Costa entusiasmou a crítica e rendeu até mesmo a chave da cidade e calorosos elogios do então prefeito republicano Fiorello La Guardia. No que à época classificava como contraposição do estilo jônico à rigidez do modernismo, já estavam as sementes do que se verificaria no início da década de 1960, com a inauguração da nova capital do Brasil.
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Casino de Funchal, em Portugal
Protagonista das principais frentes de esquerda mundo afora, tornou-se célebre na França a partir da concepção da Sede do Partido Comunista, em Paris. Mais uma vez, fazia impressionar a ausência de ângulos retos e a hegemonia de formas ondulantes. De passagem pela Malásia, em 1980, importou da Catedral de Brasília essas mesmas silhuetas que tão bem o caracterizam, e entregou-as à Mesquita de Penang, em George Town.
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WikiCommons – Sede da ONU, EUA
O sucesso não lhe salvou do exílio. A partir de 1964, a cidade que projetou passou a recusar e a saquear seus projetos. Ao lado de outros dois mil professores da UnB (Universidade de Brasília), se impôs contra o regime militar e deixou a docência. Retorna a Paris em 1966, onde instala um escritório e passa a atender clientes de todo o mundo. Nesse momento de sua carreira, é contratado pelo governo da Argélia para projetar a sede da Universidade de Ciência e Tecnologia Houari-Boumediene, edifício irmão do Palácio do Itamaraty e do Ministério da Justiça.
Para aqueles que acreditam que a arquitetura está restrita a prédios, Niemeyer e sua produção provam o contrário. Também de Paris, atendeu aos pedidos da fabricante Mobilier International e assinou uma linha limitada de poltronas encurvadas, simples e fluídas, assim como o restante de suas obras.
Veja abaixo lista de obras completas e projetos de Niemeyer no exterior:
1938 – Pavilhão Brasileiro na Feira Mundial de Nova York (Nova York – EUA) – desmontada
1947 – Sede da ONU (Nova York – EUA)
1947 – residência de Burton Tremaine (Santa Bárbara – EUA) – projetada
1955 – Museu de Arte Moderna (Caracas – Venezuela) – projetada
1957 – Prédio para a exibição Interbau (Berlim – Alemanha)
1962 – Feira Internacional e Permanente do Líbano (Trípoli – Líbano)
1963 – Universidade de Haifa – pré-projeto (Haifa – Israel)
1966 – Pestana Casino Park (Funchal – Portugal)
1968 – Centro Cívico (Argel – Argélia) – interrompida
1968 – Mesquita de Argel sobre o mar (Argel – Argélia)(projetada)
1968 – Sede da Editora Mondadori (Milão – Itália)
1969 – Universidade Mentouri (1ª etapa) (Constantine – Argélia)
1971 – Sede do Partido Comunista Francês (Paris – França)
1972 – Centro Cultural Le Volcan (Le Havre – França)
1972 – Bolsa do Trabalho (Bobigny – França)
1975 – seda da FATA Engenharia (Turim – Itália) – projetada
1975 – Escola Politécnica de Arquitetura e Urbanismo (Argel – Argélia)
1975 – Sala Poliesportiva “A Cúpula” (Argel – Argélia)
1980 – Mesquita estadual de Penang (George Town – Malásia)
1981 – Ilha de Lazer (Abu Dhabi – Emirados Árabes Unidos)
1989 – Sede do jornal L’Humanité (Seine-Saint-Denis – França)
2001 – Auditório (Ravello – Itália) – projetada
2001 – Acqua City Palace (Moscou – Rússia) (projetada)
2003 – Pavilhão da Galeria Serpentine (Londres – Reino Unido)
2006 – Centro Cultural Principado de Astúrias (Avilés – Espanha)
2007 – Centro Cultural (Valparaíso – Chile) – projetada
2007 – Universidade de Ciência e Informática (Havana – Cuba ) – inacabada
2008 – Puerto La Musica (Rosário – Argentina)
2010 – Auditório (Ravello – Itália) – projetada
(*) fonte das obras: Fundação Oscar Niemeyer
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Famosa mão com as “veias abertas”, no Memorial da América Latina, em São Paulo