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Política e Economia

Após terremoto, Porto Príncipe vira cidade-cemitério

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Após terremoto, Porto Príncipe vira cidade-cemitério

Federico Mastrogiovanni

2010-01-16T23:01:00.000Z

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Porto Príncipe é um acúmulo de tijolos e de corpos. Corpos vivos e mortos. Corpos feridos, agonizantes e outros que ficaram sob os escombros dos prédios, derrubados como castelos de cartas. Hoje (16) a terra voltou a tremer. Houve vários abalos de manhã entre as 7h e as 11h (hora local), sendo o último de 4,5 graus na escala Richter. Muitos edifícios continuam desmoronando e a única parte segura da cidade é a rua.

O cheiro de morte permeia o ar e adere a qualquer coisa. Nas ruas da cidade, de repente, aparecem dezenas de acampamentos improvisados, delimitados por pedras e tijolos. As pessoas que perderam a casa e não sabem para onde ir se abrigam no meio das vias, também com medo de outros tremores ou da queda de pedaços e rebocos.

Passando pela rua Dalmas, uma das artérias da capital haitiana, encontram-se grupos trabalhando entre o que sobra da prisão, derrubada completamente. Aqui estão enterrados tanto presos quanto policiais, mas vários detentos que se salvaram conseguiram escapar. Isto gerou uma caçada por parte da polícia da Minustah, a missão da ONU que desde 2004 tenta estabilizar o país depois da derrubada do presidente Jean-Bertrand Aristide.

A busca sob os escombros está concentrada em algunas zonas da cidade, como o Hotel Montana, no centro. Na maior parte de Porto Príncipe, sobretudo nas bidonvilles (favelas), ninguém está procurando sobreviventes. As buscas nem sequer começaram, porque não há meios disponíveis.

Valas comuns são abertas para acolher as talvez centenas de milhares de mortos sem rosto nem nome, simplesmente apagados por um terremoto que não atingiu as casas dos ricos, construidas com critério e materiais resistentes.

“Este desastre não teria acontecido se estas casas tivessem sido construídas segundo as elementares regras anti-sísmicas”, alega a ativista Fiammetta Cappellini, chefe da missão no Haiti da ONG italiana Avsi. “Depois de três dias, ainda estamos contando os mortos e os desaparecidos, mas não se pode calcular com precisão quantos são”.

No centro da cidade, na rua Nasone, os mortos estão amontonados nas calçadas, cobertos, no melhor dos casos, com lençóis velhos. Outros são carregados nos braços pelos parentes, ou em carretas. Os mais afortunados têm caixão.

Coordenação

Porto Príncipe agora é um formigueiro humano feito por gente que vaga nas ruas sem rumo, buscando sobreviventes, transportando feridos, ou simplesmente em estado de choque, sitiando os poucos hospitais que dão atendimento e os acampamentos montados pelos voluntários das organizações não-governamentais e as instituições das Nações Unidas.

“O problema aqui é que todos os voluntários e as forças internacionais não têm uma boa coordenação”, diz ao Opera Mundi o voluntário francês Philippe, enquanto espera uma reunião no centro logístico da ONU no aeroporto. “A função de coordenação teria que ser desempenhada pela Ocha, a agência da ONU que cuida de gerenciar todas as forças em campo em casos de emergência humanitária, mas até agora não parecem capazes de coordenar o trabalho de maneira eficaz. Além disso, as comunicações são precárias. Até dois dias atrás, nem os integrantes da Minustah podiam se comunicar eficientemente entre eles”.

As ajudas estão chegando, mas ainda não começou a distribuíção sistemática para a população.

Em frente ao centro logístico dos Médicos Sem Fronteiras da Bélgica, no bairro de Pétionville, juntam-se feridos que pedem ajuda. “Aqui cuidamos dos casos menos graves, conta a enfermeira haitiana Nadine. “De qualquer forma, temos pouco espaço”. E, de fato, os corpos estão amontoados nos espaços comuns, nos estacionamentos, estirados em macas, papelão e lençóis. Os ossos são arrumados com papelão, como se pode.

Falta de tudo

Além das vitimas e da distribuição cada vez mais urgente, com o passar dos días, há a falta de comida, água e gasolina. As poucas bombas de gasolina disponíveis estão guardadas pelos capacetes azuis no caos de tráfego e de gente, para evitar desordens e saques.

No bairro da Cité Soleil, um dos mais pobres da cidade, há filas para reabastecer água. Mas não é água potável. É água de esgoto de uma cidade que não tem um sistema de saneamento, cujas ruas são a sarjeta mesmo que limpa quando chove.

À noite, só há escuridão sobre Porto Príncipe, onde, com sorte, há eletricidade por quatro ou seis horas por día, normalmente.

Um pregador caminha pelas ruas do centro, seguido por uma fila de acompanhantes. “O fim do mundo está próximo. Preparem-se para receber o fim do mundo. Não se sabe quando chegará, mas será muito em breve”.


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Coronavírus

Primeiro carregamento de oxigênio sai nesta sexta da Venezuela e deve chegar a Manaus até domingo

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Serão enviados dois caminhões com cilindros de oxigênio acompanhados por escolta militar até a fronteira entre os dois países

Fania Rodrigues

Caracas (Venezuela)
2021-01-15T23:07:00.000Z

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O chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, informou com exclusividade a Opera Mundi na noite desta sexta (15/01) que o primeiro carregamento de oxigênio para o Amazonas já foi autorizado e será despachado ainda hoje para o Brasil.

A carga vai sair da cidade de Puerto Ordaz, Estado de Bolívar e viajará 1.500 km, por aproximadamente dois dias, até a capital amazonense. Essa primeira leva será transportada por via terrestre em dois caminhões e deverá chegar à cidade até domingo.

As formalidades do acordo de cooperação foram negociadas entre os governadores do Amazonas, Wilson Lima (PSC-AM), e o governador do estado venezuelano de Bolívar, Justo Nogueira.

Segundo Arreaza, a logística desse primeiro envio será fornecida pelo governo venezuelano. Mas, depois o governo amazonense deverá assumir a tarefa enviando mais caminhões do Brasil para buscar oxigênio na Venezuela.

O governo da Venezuela vai ofereceu ainda uma escolta militar para as cargas, que será acompanhada até a fronteira a cidade de Santa Helena de Uairén, na fronteira, e depois por militares brasileiros.

O ministro venezuelano informou ainda que o governo de Nicolás Maduro “vai fornecer oxigênio enquanto durar a situação de emergência do estado Amazonas”, o que impede, segundo ele, de precisar a quantidade fornecida da substância, tampouco o tempo da duração do convênio.

Dhyeizo Lemos/Fotos Públicas
Carregamento de oxigênio da Venezuela sai nesta sexta do país e deve chegar a Manaus até domingo

A produção de oxigênio na cidade de Puerto Ordaz faz parte de um plano de nacional para atender a pandemia do covid-19 na Venezuela. Essa planta industrial estava desativada e foi retomada no ano passado com esse objetivo. “O oxigênio que produzimos nessa fábrica é suficiente para atender essa região da Venezuela e ainda contribuir para aliviar a emergência do Brasil”, disse.

De acordo com Arreaza, a ação de solidariedade da Venezuela com o estado Amazonas está acima das diferenças ideológicas que possam existir entre os dois países. “Oferecemos ajuda ao governador do Amazonas porque os bolivarianos somos solidários, essa é uma ação humanitária que tem que estar acima das diferenças políticas. O que nos une é o objetivo de salvar vidas. Espero que o governo brasileiro entenda que é importante ter boa relação com os seus vizinhos”.

A Venezuela possui uma das menores taxas de contágios e mortes por covid-19 da América Latina, portando a assistência ao Brasil não afeta sua situação interna. O país investiu em ações preventivas e criou centros de diagnósticos rápidos, desafogando hospitais e clínicas.

Além disso, decidiu isolar todos os pacientes que testam positivo para o covid-19, evitando assim a propagação da doença. Atualmente, os hospitais e centros de atendimento de saúde operam com uma ocupação de leitos que varia entre 50 a 60% de sua capacidade.

Além disso, o país já assinou contrato com a Rússia para o fornecimento da vacina Sputnik V e deve começar a vacinação em fevereiro, segundo informações oficiais. Na primeira etapa serão vacinadas 10 milhões de pessoas, um terço da população de 30 milhões de habitantes.

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