A atuação dos Estados Unidos nas operações de ajuda humanitária após o terremoto no Haiti tem sido foco de críticas de alguns países e analistas, que apontam a presença de tropas como uma manobra geopolítica na região.
O número total de militares norte-americanos no país pode chegar a 10 mil, superando o total da missão de paz das Nações Unidas liderada pelo Brasil, que tem mais de 6 mil, sendo 1.266 brasileiros.
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Ontem, (18) o secretário de Estado de Cooperação francês, Alain Joyandet, pediu que a ONU (Organização das Nações Unidas) definisse o papel dos EUA no Haiti, porque “não se trata de ocupar o país, mas de ajudá-lo a recuperar a vida”. No entanto, só foi definido até agora o pedido de envio de 3,5 mil soldados e policiais pelo secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon.
Na opinião de especialistas, o desejo dos EUA de aliviar o sofrimento do povo haitiano é inegável, assim como os interesses geopolíticos por trás da operação.
“Além da ajuda humanitária, os EUA têm a preocupação de preservar sua influência e hegemonia no continente”, afirmou o professor de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Félix Sánchez, ao Opera Mundi.
Para Reginaldo Nasser, também professor da PUC-SP, é crescente nos últimos anos a relação entre ajuda humanitária e interesse nacional. Em entrevista a O Estado de S. Paulo, ele cita o furacão Mitch, que atingiu a América Central, em 1998. Para Honduras receber auxílio norte-americano, o país foi “pressionado a privatizar portos, aeroportos e sistemas de comunicação”.
Os Estados Unidos, diz ele, têm um sentimento missionário, o velho discurso de estender a mão aos povos independentemente de fronteiras. [Isso ocorre] por duas razões: além da ideológica, os EUA são a única potência com meios para agir de imediato”, disse.
Felix Sánchez acredita que o terremoto no Haiti está “abrindo lugar para que a hegemonia norte-americana se explicite”. Em sua opinião, o país de Barack Obama acaba coordenando a ajuda humanitária por ser a maior potência econômica.
Luis Fernando Ayerbe, livre-docente em História pela Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) concorda com os interesses políticos, mas acredita também no princípio de ajuda humanitária. “Os EUA querem evitar a formação de um país sem Estado, fonte de criminalização, como ocorre em muitos lugares da África”, afirmou ao Opera Mundi.
Segundo o professor, há a tentativa de evitar qualquer epidemia e situação catastrófica decorrentes do terremoto.
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