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Política e Economia

Eleição do Papa: um raio-x do conclave que definirá o substituto de Bento XVI

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Ao todo, 50 países estão representados por 117 eclesiásticos com direito a voto

Redação

2013-02-14T19:30:00.000Z

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A prematura necessidade de encontrar um novo papa, após o inesperado anúncio de renúncia do pontifício Bento XVI na última segunda-feira (11/02), orientou, durante a semana, todas as atenções para os possíveis candidatos e o conselho de cardeais que escolherá a próxima autoridade máxima do Vaticano. Denominada “conclave”, a eleição do cardeal que ocupará o posto máximo do Clero deve ter início entre os dias 15 e 20 de março, segundo o Vaticano.

Ana Carolina Marques/Opera Mundi



Somente podem participar do conclave os cardeais com idade menor a 80 anos. Devido ao critério, dos 210 elevados ao posto clérigo em todo o mundo, 92 (incluindo Bento XVI, que tem 85 anos) já estão automaticamente excluídos. Ao todo, 117 eclesiásticos têm direito a voto no conclave, já que o ucraniano Lubomyr  Husar completará 80 anos antes de 28 de fevereiro, dia em que Bento XVI deixará de ser pontífice.

A média de idade dos 117 cardeais elegerão o novo papa é de 71,9 anos. Ao todo, 50 países estão representados pelo grupo eclesiásticos, também candidatos ao pontificado. Destes, apenas 19 são latino-americanos. O dado mostra uma desproporção quanto à representatividade nos altos postos religiosos do Vaticano, já que a América Latina concentra quase metade dos católicos do mundo.

Entre os latino-americanos, por sua vez, aparecem eclesiásticos de Honduras, Argentina, República Dominicana, Cuba, Chile, Venezuela, Equador, México, Colômbia, Peru e Brasil. Os 19 votos, no entanto, podem ser insuficientes para garantir representação da região na chefia de Estado da Cidade do Vaticano, já que 61 dos eleitores são europeus. Destes, 46% são da Itália, tradicional terra natal do papado, mas que não se vê representada na cume da hierarquia católica há 35 anos.

A Itália tem, de longe, o maior número de candidatos ao posto deixado por Bento XVI. Seus 28 cardeais com menos de 80 anos deixam os Estados Unidos para segundo lugar quanto a maior representação no conselho, com 11 cardeais. O ranking é seguido pela Alemanha, com seis eclesiásticos votantes e Brasil, Índia e Espanha, com cinco cada. A Polônia, país do papa João Paulo II (1978-2005), antecessor de Bento XVI, conta com quatro cardeais eleitores-candidatos.

Os brasileiros que figuram no conselho são Cláudio Hummes, ex-arcebispo de São Paulo e prefeito emérito da Congregação para o Clero, o mineiro Geraldo Majella Agnelo, arcebispo emérito de Salvador, o arcebispo de São Paulo Odilo Pedro Scherer, o atual presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Raymundo Damasceno Assis, e João Braz de Aviz, ex-arcebispo de Brasília.

Dos cinco brasileiros, apenas Scherer e Braz de Aviz possuem menos de 70 anos e se enquadram na “idade ideal” para o papado, descrita por Hummes em entrevista publicada na última quarta-feira no jornal Folha de S. Paulo. “Espero que [o papa eleito] seja um homem mais novo”, afirmou, quando questionado sobre suas chances para o posto. “Tivemos um papa muito jovem, João Paulo II, que foi eleito com 58 anos, e depois um papa muito idoso, o Bento 16, eleito com 78 anos. Espero agora que encontremos a média”, completou.

A preocupação com idade do futuro papa também foi evidenciada na mensagem de renúncia do próprio Bento XVI. Em seu discurso, o eclesiástico alemão afirmou que a Igreja e os novos problemas que a instituição deve enfrentar demandam um alto representante com maior vigor físico. A mensagem indica a necessidade de um jovem para o encargo, o que no caso da igreja católica indica uma idade na faixa da indicada por Hummes, já que não existem cardeais com menos de 50 e poucos anos.

Nascido no Rio Grande do Sul e descendente de alemães, Scherer é considerado, aos 63 anos, como o latino-americano com mais possibilidades de ocupar o posto deixado por Bento XVI. Braz de Aviz, por sua vez, ocupa, aos 65 anos, a maior hierarquia brasileira no Vaticano, como prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.

Entre os 117 votantes e candidatos a papa, 47 têm idade entre 60 e 70 anos. Destes, 49% são europeus (21,2% italianos), 19% latino-americanos, 15% dos Eua e do Canadá, 10,6% africanos e 6,4% asiáticos. Somente quatro dos 117 religiosos, com idades entre 76 e 79 anos, são cardeais há mais de 20 anos. O número ascende para 50 quando considerados os cardeais nomeados há mais de 10 anos. Neste caso, a idade dos eleitores varia de 60 a 79 anos. Cerca de 35% dos votantes foram elevados ao posto de cardeal a partir de 2010.

A eleição do papa, uma das votações mais herméticas do mundo, é tradicionalmente realizada na Capela Sistina. Sentados em mesas dispostas lado a lado, os cardeais preenchem - de forma individual e secreta - o espaço em branco das cédulas de votação com o nome de um candidato e as depositam em uma urna. Os votos são contabilizados e lidos em voz alta por três cardeais selecionados do grupo. Caso a quantidade de votos não coincida com o número de presentes, as cédulas são queimadas e o processo reiniciado.

No caso de que nenhum candidato obtenha dois terços dos votos, as cédulas são queimadas e uma fumaça negra é expelida pela chaminé do Vaticano. Neste caso, o mundo católico sabe que ainda não terá o nome do futuro papa. Quando um dos cardeais é eleito, o resultado é uma fumaça branca ganhando o céu.

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20 Minutos

Breno Altman: esquerda deve deixar o 7 de setembro nas mãos dos bolsonaristas?

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Jornalista alerta para risco de fortalecimento da extrema direita às vésperas das eleições, se puder ocupar as ruas e controlar o Bicentenário da Independência; veja vídeo na íntegra

Pedro Alexandre Sanches

São Paulo (Brasil)
2022-08-09T20:24:00.000Z

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A esquerda se arrisca a alimentar o confronto desejado por Jair Bolsonaro se for às ruas no dia 7 de setembro. No contraponto, deixar o caminho livre para os manifestantes bolsonaristas pode trazer consequências eleitorais perigosas e imprevisíveis. 

Assim o jornalista Breno Altman avalia, no programa 20 MINUTOS ANÁLISE desta terça-feira (09/08), o dilema das forças progressistas diante da frenética mobilização bolsonarista para ocupar as principais cidades do Brasil nas celebrações do bicentenário da Independência. 

“O recuo e a intimidação não costumam ser boas saídas. A intimidação desorganiza, referenda o medo que o fascismo quer provocar e pode levar a um avanço político vitaminado do fascismo, que passa a ser assim capaz controlar as ruas e pode afetar as urnas”, afirmou o fundador de Opera Mundi.

São riscos embutidos nas várias alternativas de que o campo democrático dispõe para fazer frente a um momento decisivo para a extrema direita brasileira. A possibilidade de Bolsonaro colocar dezenas ou centenas de milhares nas ruas, sem um contraponto de esquerda, deve afetar de modos distintos os militantes bolsonaristas e os antifascistas. Por outro lado, é imprevisível o efeito desmoralizante que a hipótese de mobilizar menos gente que o bolsonarismo teria sobre a esquerda.

Uma alternativa para evitar o confronto seria a convocação de uma forte mobilização progressista para o dia 10 de setembro (sábado), por exemplo, e não para o dia 7 (quarta-feira). Isso embutiria o duplo risco de um desgaste por ter deixado as ruas livres para o bolsonarismo e da chance de o dia 10 ter menor participação popular, até por conta do recuo no dia 7. 

“O campo democrático popular teria realmente forças para uma mobilização superior à do bolsonarismo? Seria razoável chegar a uma conclusão derrotista sem colocar todo empenho para impedir que a extrema direita domine o Bicentenário? Esse derrotismo não poderia ser um problema eleitoral ou pós-eleitoral?”, questiona Altman.

Outra alternativa passaria pelo Grito dos Excluídos, ato tradicionalmente articulado no dia 7 de setembro pelos movimentos populares. "Não seria o caso dos partidos de esquerda, sindicatos e movimentos populares fazerem uma convocação ampliada desse evento, jogando todas as suas energias?”, cogita. 

Altman menciona uma solução de meio termo, nem de confronto aberto, nem totalmente apaziguadora: “Não seria o caso de ser organizado no próprio dia 7 de setembro um ato em Ouro Preto (MG), com a presença de Lula, para homenagear os Inconfidentes e Tiradentes e lançar um manifesto histórico por uma nova Independência, disputando espaço na mídia e nas redes contra o bolsonarismo?”. 

Nessa hipótese, o dia 10 de setembro se caracterizaria como uma grande concentração eleitoral dentro do calendário de campanha, sem ter deixado um vácuo que venha a ser inteiramente ocupado pela extrema direita no dia 7 de setembro.

Wikimedia Commons
O recuo e a intimidação não costumam ser boas saídas para a esquerda, defende Breno Altman sobre ato do 7 de setembro

Em busca de referências históricas, Altman contrasta o momento que se aproxima com dois fatos passados, a começar pela ascensão fascista na Itália do pós-Primeira Guerra Mundial. Num primeiro momento, os grupos liderados por Benito Mussolini eram marginais, mas se exibiam dispostos a romper os limites da democracia liberal, ao contrário dos socialistas, cujo discurso revolucionário estava contido dentro desses limites. 

A burguesia italiana entendeu que a violência poderia lhe ser útil e passou a financiá-la para intimidar rebeliões de trabalhadores impulsionadas pela Revolução Russa de 1917. Mussolini e seus partidários se lançaram nesse cenário numa escalada violenta cada vez mais acelerada, enquanto os socialistas, eleitoralmente majoritários na Itália, não eram capazes ou não tinham vontade política para enfrentar a violência fascista.

“O que se viu em seguida foi uma intimidação sem fim, com os socialistas sendo abatidos pelos fascistas e fugindo, entregando suas próprias organizações para os seguidores de Mussolini, enquanto os liberais cruzavam os braços, satisfeitos com a possibilidade de o fascismo derrotar qualquer período revolucionário”, documenta o jornalista.

O segundo fato se deu em 7 de outubro de 1934, em São Paulo, quando partidos de esquerda viveram dilema semelhante, embora fora do período eleitoral. Os integralistas de Plínio Salgado, fascistas da época, convocaram uma grande manifestação na praça da Sé, apoiados por parte da Igreja Católica e das Forças Armadas. Seu slogan, similar ao do bolsonarismo atual, era “Deus, pátria e família”.

A maioria da esquerda daquele momento optou pelo confronto, formando uma frente única entre comunistas, trotskistas, anarquistas  e outros grupos para impedir a manifestação dos fascistas, num episódio que ficou conhecido como batalha da praça da Sé ou revoada dos galinhas verdes (em referência à cor dos uniformes integralistas). A militância antifascista colocou para correr os seguidores de Plínio Salgado, e o integralismo, intimidado, nunca mais tentou uma mobilização daquele porte.

De volta a 2022, o jornalista fala sobre a aposta da esquerda (e da sociedade brasileira de modo geral) na solução pela via institucional e eleitoral. “O problema é que o bolsonarismo está rompendo e possivelmente tenha forças para romper essa cultura. Vão testar isso no dia 7. Não nos iludamos, eles possuem condições de uma forte mobilização”, pondera. “A esquerda deve jogar parada, esperando apenas pelas urnas? Não ter uma cultura de disputar as ruas com o bolsonarismo, limitando a disputa às urnas, não pode acabar virando um tiro no pé?”, indaga.

“Tenho para mim que recuar da mobilização do dia 7 é uma má saída”, responde Altman à pergunta de um espectador que compara a desmobilização social durante os anos petistas com a desmobilização para o 7 de setembro de 2022. "Muitas vezes a saída mais inteligente é o confronto, e não a omissão”, afirma, voltando ao exemplo da revoada dos galinhas verdes em 1934. 

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